Nahima Maciel
postado em 16/08/2010 08:46
No imaginário de Paula Sampaio, a Amazônia é uma coleção de sotaques, feições, ambientes diferentes e formas particulares de se relacionar com a natureza. Nascida em Belo Horizonte há 45 anos, a fotógrafa chegou ao Pará em 1970 e por lá ficou. Da paisagem humana e natural do Norte, ela extrai ensaios nos quais o resgate visual da identidade e da memória é o ponto de partida. Na lista de projetos está uma série de tabloides impressos que recuperam a memória oral de comunidades do centro histórico de Belém, fotos sobre o impacto da construção da represa de Tucuruí na vida das comunidades da região, um ensaio sobre a cultura dos remanescentes de quilombos no Pará.
No entanto, é na Transamazônica que Paula encontrou Antonios e Cândidas, o projeto mais longevo de sua trajetória. A fotógrafa começou a registrar as comunidades instaladas na beira da estrada em 1990. Desde então, acompanha as mudanças na vida da população, especialmente em pontos não asfaltados. No ano passado, uma bolsa da Funarte permitiu a Paula visitar Cabedelo (PB), onde nasce a estrada, e Lábrea (AM), onde acaba.
O material está disponível no site em uma versão multimídia, com áudio que narra a história da região e das pessoas que construíram e viveram a Transamazônica. "É um trabalho que foi se construindo a partir de muitos encontros, e isso tem uma densidade emocional que se desdobra, serve de inspiração para todos os outros trabalhos que faço", conta Paula. "Meu exercício é de reunir essas falas e imagens, organizar e deixar que eles, juntos, contem sua própria história. É claro que esse percurso é feito de muitas escolhas minhas, de um olhar sobre essa realidade, mas a minha esperança é que esse conjunto de imagens/memórias que passei tantos anos recolhendo expresse o sentimento e as questões que são importantes pra eles."
Paula sampaio
Veja imagens e ouça áudio dos moradores da região em www.roadsofdreams.org