Diversão e Arte

Circuito Inffinito apresenta filmes brasileiros para o público e agentes

Em busca de negócios interessados na produção nacional

Regina Bandeira
postado em 17/08/2010 07:00
Os festivais internacionais de cinema são famosos pelo glamour, mas por trás das telas existe uma atividade que os cinéfilos pouco percebem: negócios. As mostras funcionam como vitrines de produtos e profissionais e, na batalha por esses mercados, o Brasil se esforça para conseguir lugar ao sol. Exemplo disso é o festival Inffinito, criado há 14 anos, em Miami, por brasileiras que achavam que estava na hora de os gringos pararem de confundir a capital do país com Buenos Aires. ;Quando começamos, nossa plateia era composta só de brasileiros saudosos. Hoje, o produto ;Brasil; tem outro status; o futebol, a moda e o presidente da República ajudaram, mas nosso festival também fortaleceu a identidade brasileira lá fora;, afirma Adriana Dutra, fundadora do circuito Inffinito, que já está em nove cidades, entre elas: Nova York, Londres, Madri, Barcelona, Roma e Vancouver.

Cena do filme Olhos azuis, de José Joffily: parcerias de divulgação no mercado externoNa avaliação de cineastas que já participaram do circuito, ele realmente ajuda a formar plateias e favorece o intercâmbio de profissionais brasileiros com o mercado estrangeiro, mas a maioria é cética em relação à expectativa de grandes negócios. Apesar da boa qualidade, ainda é difícil sair da prateleira. ;É importante para criar plateia, mas não dá pra dizer que o cinema brasileiro é uma commodity cobiçada no mundo;, pondera o diretor Sérgio Rezende (Salve Geral, Lamarca). Em 2009, por exemplo, o Festival de Miami gerou 72 transações, entre coproduções, exibições e distribuições, totalizando pouco mais de US$ 1 milhão em parcerias com empresas americanas e mexicanas. Um valor pequeno comparado ao business americano, mas um avanço quando se pensa na invisibilidade que havia anteriormente.

De acordo com dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o número de coproduções internacionais cresceu muito nos últimos anos. Em 2003, faziam-se em média cinco parcerias por ano; hoje, este número saltou para mais de 30. Durante a semana dos festivais, normalmente dois dias são reservados para apresentação de filmes inéditos ou recém-lançados a distribuidores, exibidores, produtores, agentes e todo o circo cinematográfico mundial inscrito com antecedência ;na feira;. Em seguida, começam as rodadas de negociação. O chamado MarketPlace integra a programação oficial dos melhores e maiores festivais do mundo, como Cannes e Berlim. Com muito menos luz e sucesso, também o Inffinito.

Parcerias
Este ano, o circuito de mostra brasileira conseguiu abrir um novo espaço para apresentar o Brasil como parceiro de produções cinematográficas ; Londres. Fernando Meirelles (diretor do premiadíssimo Cidade de Deus e Blindness) a produtora Mariza Leão (Meu nome não é Johny), além dos sócios da LC Barreto, empresa que mais produziu filmes no país, estarão no próximo Bafta, o oscar britânico, representando o Brasil e tentando convencê-los de que nosso país pode ser um bom parceiro. Um integrante da Ancine também estará presente para contar o modus operandi do cinema no país.

Conseguir novos mercados é a missão. ;A exibição no mercado estrangeiro das home videos, da TV paga e da TV aberta é uma forma de combater a exclusão comandada pela nossa TV, que é completamente fechada para o cinema brasileiro;, critica José Joffily, diretor de Olhos azuis, filme que até por sua temática (a relação conflituada de um americano com latinos) tem grandes chances de levar o Lente de Cristal (estatueta do circuito) esta semana em Miami. ;É uma oportunidade ótima para conhecermos agentes;, destaca.

O Festival de Miami, que está ocorrendo desde 13 de agosto (vai até dia 21), apresenta 40 filmes em formato longa, média e curta metragens que têm tudo para cair no gosto dos estrangeiros, como O Bem amado, de Guel Arraes; Salve geral, de Sérgio Rezende; e Olhos azuis, de José Joffily, melhor filme no Festival de Paulínia em 2009.

ROTEIRO DO INFFINITO
O festival começa em Canudos, em março, na Bahia, vai em junho para Nova York e sobe para Vancouver (Canadá), de lá vai para Miami. Depois segue para Londres (setembro), Buenos Aires e Montevidéu (outubro), Roma (novembro), Madri (dezembro), finalizando em Barcelona (dezembro).

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