Fotos da banda britânica Iron Maiden em cima do palco, incontáveis fotógrafos fizeram. Mas poucos registraram tanto a banda em ação quanto nos bastidores, em momentos de lazer, fazendo turismo pelo mundo, comemorando aniversários, tomando cerveja com os amigos no bar da esquina, cochilando no ônibus entre um show e outro, abraçados com as esposas ou jogando futebol. O fotógrafo Ross Halfin é um deles. Por quase 30 anos, ele acompanhou a banda pelo globo. Os melhores cliques surgidos dessa relação estão no livro Iron Maiden ; Fotografias, que a editora Madras acaba de colocar no mercado. A chegada do título às livrarias coincide com o lançamento de The final frontier, o mais recente álbum da Donzela de Ferro.
O inglês Ross Halfin, 52 anos, começou profissionalmente no ofício no fim dos anos 1970, registrando as emergentes cenas punk e das bandas do chamado New Wave of British Heavy Metal, a ;nova onda do heavy metal britânico;, ou NWOBHM, sigla pelo qual o movimento também ficou conhecido. Freelancer, ele trabalhou com centenas de bandas, de diferentes estilos, ao longo das últimas décadas. O fotógrafo também foi, em 1980, um dos fundadores da revista Kerrang, uma das primeiras a cobrir a nova cena de rock pesado.
No texto de introdução do livro, Halfin conta que foi apresentado pelo empresário Rod Smallwood (empresário do grupo na época) aos integrantes do Iron Maiden e logo ficou amigo deles, em especial do baixista e mentor do grupo, Steve Harris. ;Sem ele, a banda não significaria nada;, comentou o fotógrafo em entrevista ao Correio.
Halfin esteve no Brasil três vezes acompanhando o Iron. ;Lembro-me de ir para o Rio em julho e me surpreender de como fazia frio;, recordou sobre uma das visitas a cidade. Na primeira, em 1985 (Rock in Rio), o fotógrafo, Steve Harris e o guitarrista Dave Murray passaram por alguns pontos turísticos, como o Cristo Redentor, no Corcovado. Tiraram fotos também cercados por crianças cariocas. Tudo devidamente registrado e presente no livro.
É essa intimidade, essa humanização do ídolo, a graça de Iron Maiden ; Fotografias. Mas se o assunto é o Iron ;oficial;, a banda que se tornou um ícone do heavy metal, o livro traz fotos das diferentes formações do grupo, desde o comecinho da carreira, com todos mal saídos da adolescência, vestindo jeans e couro, passando pelo auge em meados dos anos 1980, usando figurinos colantes e coloridos, até 2006, já coroas, quando o título foi publicado lá fora.
Questionado sobre sua foto da banda que mais lhe orgulha, Halfin aponta aquela na qual os integrantes estão vendados na frente de um paredão, esperando pelo fuzilamento. ;Ela foi usada na contracapa do single de 2 minutes do midnight, que é também a capa do meu livro.; No caso da edição nacional, essa foto está na contracapa. A imagem usada para a capa mostra os seis integrantes da banda em cima do palco, de costas para o público, registro que fazem no final de cada show. ;Originalmente, essa foi uma ideia minha e se tornou uma tradição na banda. Nós sempre fazemos isso e, se eu não estou lá, eles pegam qualquer fotógrafo para fazer;, explica na legenda da imagem.
Crítica
Entre o amor e o ódio
Sempre que nomes como Iron Maiden estão para lançar algum material inédito, a expectativa em torno do disco é maior do que o comum. Outro clássico? Será decepcionante? Esses são alguns dos muitos questionamentos. Assim, obviamente, também aconteceu com o tão aguardado The final frontier, o 15; álbum de estúdio da banda inglesa, produzido por Kevin ;Caveman; Shirley. Lançado oficialmente na última segunda-feira, o disco vazou semana passada na internet e matou a curiosidade dos fiéis seguidores com antecedência. A recepção, claro, foi um misto de alegria e tristeza. Muitos amaram. Alguns acharam mediano. Enquanto outros preferem o Maiden dos ;golden years; ; referência aos anos 1980, quando lançaram clássicos como The number of the beast, Powerslave e Seventh son of seventh son.
Impossível para uma banda há mais de três décadas na estrada manter-se totalmente fiel ao estilo que a consagrou. Por isso, é válida a aposta de Bruce Dickinson e companhia em um disco em que a técnica e um clima bastante enigmático se sobressaiam mais que os já batidos riffs tradicionais de heavy metal. Apesar de canções longas (das dez faixas, cinco têm mais de sete minutos de duração), ;lentas; e com um toque de progressivo, The final frontier não fica abaixo de álbuns anteriores ; principalmente os lançados neste início de século. El dorado, The alchemist, Starblind, Mother of mercy, a enigmática When the wild wind blows e a faixa-título fazem com que o disco, com quase 80 minutos de duração, soe como um EP de uma banda punk. (Ronaldo Mendes)