Diversão e Arte

Fotógrafo Luiz Alves apresenta imagens clicadas nos terreiros do DF

Nahima Maciel
postado em 19/08/2010 07:00
Para Luiz Alves, a fotografia pode ser uma arma de combate à intolerância racial. Tal certeza se instalou na mente do fotógrafo há 18 anos, quando começou a fotografar o cotidiano dos terreiros de candomblé no Distrito Federal. É um trabalho extenso, já que a Federação de Umbanda e Candomblé contabiliza, em Brasília, mais de quatro mil terreiros urbanos e rurais.

O cotidiano dos terreiros de Brasília, festas, rituais e rostos orientaram o trabalho de Luiz Alves durante os últimos 18 anos

Alves acompanhou a rotina nos terreiros, mas não se limitou aos trabalhas diários. Festas ; alguma, inclusive, realizadas fora da casas ; também entraram para a documentação do fotógrafo com o objetivo de narrar ao público como vivem os membros das comunidades que praticam as religiões herdadas dos ancestrais africanos. ;Ao fotografar a comunidade tradicional de religiões de matriz africana e brasileira e exteriorizar para a sociedade como vivem seus membros, acredito estar dando a oportunidade de as pessoas tomarem conhecimento de uma sociedade que muitas vezes é criticada apenas porque se tornou tradição criticar ou espezinhar as religiões de matrizes africana e brasileira. Muitos que criticam o fazem por total falta de conhecimento;, acredita.

O trabalho ganhou o nome de ;mo dudú, que em iorubá significa sabedoria negra, e virou exposição em cartaz no Sesc/Ceilândia desde o início do mês. A mostra é a única inédita do Mês da Fotografia, evento que comemora os 171 anos da invenção da foto. Hoje, Alves projeta e comenta as imagens da exposição antes de apresentação do grupo afro Asé dudú. Nascido em Resende (RJ) há 51 anos, o fotógrafo se aproximou das religiões de matriz afro-brasileiras em 1990. Militante do movimento negro nos anos 1980 em Volta Redonda, onde trabalhava como caldeireiro na Companhia Siderúrgica Nacional, Alves cultivava a curiosidade em descobrir mais sobre a cultura de seus avós maternos.

Em Brasília, descobriu o grupo Asé dudú, do qual é hoje vice-presidente, e os terreiros. O projeto ;mo dudú tem como bandeira, além da luta contra a intolerância, a preservação da cultura negra. ;A minha fotografia pode até não mudar o mundo, mas quem sabe consegue ajudar a tirar uma pedrinha que seja do muro do preconceito. Aí estarei me sentindo realizado, enquanto profissional e principalmente como ser humano.;

SUBMERSO
O Sesc-Ceilândia também recebe, amanhã, uma apresentação comentada do projeto Brasília submersa, de Beto Barata. O fotógrafo partiu das histórias sobre a quantidade de objetos e ruínas que repousam no leito do Lago Paranoá para fazer ensaio submerso e contar histórias do local. ;O projeto não tem só fotos subaquáticas, engloba tudo. Tem tanto foto tradicional quanto subaquática;, avisa Barata, que realizou mais de 100 mergulhos para fotografar. Questões ambientais como o acúmulo de lixo no leito do lago, flora e fauna da região são temas para o fotógrafo, que também direciona a lente para a vida nas margens do Paranoá. O ensaio será publicado em livro e parte das imagens apresentadas durante a projeção de sexta no Sesc integra exposição a ser inaugurada em outubro no Museu da República.

;MO DUDÚ
Projeção comentada de fotografias de Luiz Alves. Hoje, às 19h, no Sesc-Ceilândia (QNN 27, Lote B)

Veja a programação completa do Sesc-Ceilândia

19/08
; Abertura Oficial com apresentação do grupo Asé Dudú e Encontro com autor, com o fotógrafo Luiz Alves, às 19h.

20/08
- Encontro com Autor e Projeção Comentada: Projeto Brasília Submersa, de Beto Barata, às 15h.

- Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Fotojornalismo de Brasília, com fotógrafos do Correio Braziliense, às 20h.

26/09
; Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Coletivos Lente Cultural e Candango Fotoclub, às 20h.

27/09
- Projeção Fotográfica e Encontro com Autores: Fotojornalismo de Brasília, com representante das Sucursais dos jornais O Globo, Estadão e Folha SP; Jornal de Brasília, Jornal da Comunidade e Agências Internacionais, às 20h.

Evento gratuito e aberto a todos. Inscrições para oficinas e workshops na secretaria do SESC Ceilândia ; (61) 3379-9595

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