Agência France-Presse
postado em 19/08/2010 16:00
Londres - Edwin Morgan, considerado um dos poetas mais importantes da Escócia, morreu nesta quinta-feira aos 90 anos, informou a Academia Escocesa de Poesia. Ele sofria de pneumonia.
Morgan foi nomeado como o primeiro poeta escocês nacional, ou Scots Makar, em 2004. Ele era conhecido pela variedade de sua escrita, que passava pelo soneto e pela poesia concreta.
Nascido em Glasgow em 1920, ele serviu ao corpo médico do Exército Real e ensinou inglês por mais de 30 anos na Universidade de Glasgow, informou o jornal The Guardian.
O primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, chamou Morgan de "um homem verdadeiramente bom, um poeta excepcional e uma inspiração".
"Amado na Escócia e no mundo todo, seu trabalho tratou de questões globais e eventos históricos", disse o premiê segundo a BBC.
"Sua paixão por observar todos os aspectos da vida escocesa levou a Escócia para o resto do mundo."
A poeta britânica Carol Ann Duffy disse sobre seu amigo: "um gênio bom, generoso e gentiu se foi. Ele era um filho da poesia e abençoado por ela. Ele é simplesmente insubstituível."
Em 1982, Morgan recebeu a ordem do Império Britânico. Em 2000, ganhou da rainha a medalha dourada da poesia.
O poeta irlandês Seamus Heaney, que ganhou em 1995 o Prêmio Nobel de Literatura, disse: "sua coragem como homem e sua constância como poeta só aumentavam com a idade".
"Toda a comunidade de poetas orgulhava-se de sua fertilidade, e foi bom ele ter vivido suficiente para saber a consideração que sua cidade e seu país tinham por ele", diz Heaney, citando Glasgow, a maior cidade da Escócia, sobre a qual Morgan escreveu muitos de de seus poemas. Outro tema caro ao poeta era a ficção científica.
Homossexual, Morgan só assumiu sua orientação sexual em 1990, quando tinha 70 anos, depois de a homossexualidade ter sido descriminalizada na Escócia.
"Um espírito solidário que respirou solidariedade, um experimentalista que não desdenhava a acessibilidade", completou Heaney.
Influenciado pelo poeta russo Maiakóvski, pelo britânico William Blake, pelo italiano Eugenio Montale e pelos beatniks, como Allen Ginsberg, Morgan trabalhou também com traduções, vertendo para o inglês textos de idiomas como russo, húngaro, francês, alemão, italiano, latim, espanhol e português.