Regina Bandeira Especial para o Correio
Os alunos do curso de artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB) promovem a partir de hoje o tradicional festival Cometa Cenas com apresentações, ensaios abertos e exercícios teatrais de alunos de todos os semestres. Serão 83 encenações até 5 de setembro, com estilos bem diversificados e todos gratuitos. As montagens ocorrem no Complexo das Artes, prédio onde são ministradas as aulas de teatro da universidade. Já na abertura da 25; edição da mostra, o humor do grupo Falando Nisso, que durante uma hora reflete sobre a vida de uma maneira irônica e bem escrachada. A stand up comedy abre a programação, às 18h, e a classificação do espetáculo é 18 anos. Uma hora depois, ainda abordando com leveza a vida, a plateia pode ver o espetáculo clown Eu amo comédia romântica, que tem censura livre, e dura apenas 40 minutos. O clima pesa no drama social Trajetória X, com a vida de jovens explorados sexualmente na Rodoviária do Plano Piloto. O roteiro da peça foi baseado em uma pesquisa do departamento de serviço social da universidade. Trajetória X tem apresentação hoje e amanhã, às 21h, no teatro Helena Barcellos do Complexo das Artes. Classificação indicativa 14 anos. Uma das mais aguardadas montagens do festival é A porca faz anos, do grupo de alunos formandos e considerado carro-chefe do Cometa Cenas. Brincando de teatro de revista, A porca é fruto de uma criação coletiva e uma metáfora do aniversário de 50 anos de Brasília. Por meio dos quadros musicais, o grupo aproveita os arquétipos da política nacional para falar sobre a disputa política em uma cidade fictícia que nasce com vocação de artista, mas chafurda na lama da corrupção durante a disputa para a presidência da República. Na próxima quarta-feira, 12 grupos se apresentam, oferecendo um leque de opções mais experimentais ao público. Dentre eles, o monólogo Refúgio, que aborda a capacidade de indignação do ser humano e também sua impotência. A montagem se dá no subsolo do teatro Helena Barcellos em um palco improvisado. A atriz Isabela Monterissi faz uma mulher perturbada por tanta TV, que não reconhece mais a diferença entre ficção e realidade. Quem conseguir assistir a Refúgio deve estar preparado para sentar-se no chão e cheirar objetos em cena. ;É uma peça que se propõe a mexer com o sentimento; fazer refletir;, diz o diretor do espetáculo Diego Borges, que só permite a entrada de 10 pessoas por sessão. ;É uma montagem intimista;, avisa o ator e diretor de 22 anos.