postado em 21/08/2010 07:30
Brasilienses invadem Hollywood. Calma, não são turistas na Meca do cinema norte-americano. Duas produções da cidade integram a mostra competitiva do Los Angeles Latino International Film Festival (Laliff) e foram exibidos ontem à noite na Hollywood Boulevard. Janela, de João Batista Melo, e Senhoras, de Adriana Vasconcelos, ao lado do paulistano Jardim Beleléu são os únicos curtas representando o Brasil no festival. Os longas Lula, o filho do Brasil, Viajo porque preciso, volto porque te amo, Sequestro e É proibido fumar fecham o time brasileiro no festival. Adriana formou-se em cinema na Universidade de Brasília (UnB), em 1992. Fez mestrado em arte na mesma instituição e tem se especializado em filmes que privilegiam a temática feminina, como no curta anterior Só Sofia (feito em 16mm), onde discorria sobre a solidão. ;Existem muito mais diretores homens do que mulheres. Não tenho nada contra o cinema feito por homens. Mas acho bacana que o nosso referencial também apareça;, acredita a cineasta.
Já Senhoras vai fundo na relação entre a mãe (Berta Zemel) e filha (Mallú Moraes). ;É um dia na vida das duas. Um dia só, mas é decisivo;, explica Adriana. É bom lembrar que o cinema feminino praticado pela cineasta não tem nada a ver com luvas de pelica. ;É sobre tragédias domésticas. Não é um filme fácil, não ganhará o prêmio de júri popular;, acredita.
O primeiro curta-metragem de temática adulta dirigido por Melo relaciona-se com a literatura do escritor, que tem cinco livros publicados. Janela é uma história de ficção baseada num conto de Ligia Fagundes Teles. ;Tem a ver com o fantástico da literatura de Ligia, mas acho que radicalizamos um pouco o conto;, acredita o diretor. Essa será a primeira vez que o filme concluído no início do ano será exibido e já será em grande estilo.
;Obviamente, me sinto frustrado de não poder estar lá. Hollywood e LA são dois ícones do cinema. Mexe com o ego. Dá uma sensação de que o nosso trabalho (meu e da edquipe) foi reconhecido;, lamenta o cineasta, que não pôde circular pelo tapete vermelho. Ambos foram produzidos com verba do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). O Laliff é um dos festivais credenciados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.