Regina Bandeira
postado em 27/08/2010 07:00
Um circuito de videoinstalação ocorrendo simultaneamente no Brasil e na Nova Zelândia pretende questionar o resultado do planejamento urbano das duas capitais tão distantes ; Brasília e Wellington. Os vídeos serão instalados no teto, no chão, em caixas e outros locais pouco convencionais. A intenção das idealizadoras do projeto, a coreógrafa e cineasta neozelandesa Alynx Duncan, 32 anos, e a diretora de teatro Lígia Verdi, 44, é forçar os visitantes da videoexposição a questionarem o futuro que desejam para suas cidades, e o futuro que essas cidades estão sendo forçadas a ter.;Queremos carros na rua ou transportes coletivos confortáveis? Uma cidade bagunçada, mas humana, ou limpa, mas fria?;, questiona Alynx Duncan, que se mostrou decepcionada com a capital brasileira. ;Não vejo pessoas na rua. Elas entram nos seus carros e se vão. Não escuto sua voz. Brasília é uma cidade bonita, mas excludente;, diz a artista, que pretende comparar a capital brasileira com Wellington, avaliada como um local desorganizado, inclusive topograficamente, mas inclusivo e acolhedor. A instalação também deverá contar com fotografias e uma câmera ; on-line ; permitindo a interação de moradores das duas localidades.
Um documentário ;com pitadas de realismo mágico; também será acrescentado no projeto. Para isso, já foram entrevistados arquitetos, místicos, antropólogos, e mitólogos, cujos depoimentos serão usados em algum momento, no filme. A artista fez filmagens no Plano Piloto, em cidades-satélites e no Vale do Amanhecer.
No fim do mês, Alynx volta ao seu país para fazer a mesma coisa em Wellington. ;Definitivamente, não é um trabalho barato. Até pelas distâncias;, diz Lígia, que está apresentando o projeto a várias instituições privadas e públicas a fim de conseguir patrocínio. ;Temos intenção de levar para outros países;, adianta.
Também fazem parte do projeto quatro artistas convidados ; um cineasta inglês, um cenógrafo neozelandês; além de dois artistas brasileiros: um professor de arte e um percussionista.
Alyx Duncan estava na universidade de artes cênicas quando conheceu Lígia Verdi, que dirigia a área cultural da embaixada brasileira em Wellington. A dupla formou uma rara parceria artística. Três anos depois, Lígia, funcionária do Itamaraty, voltou ao Brasil, mas não quis deixar a Nova Zelândia para trás. Para encurtar a história: as duas pesquisaram um assunto que poderia render um trabalho conjunto. Assim nasceu o projeto da videoinstalação entre as duas capitais.