Diversão e Arte

Em Veneza, cineasta judeu conta uma história do ponto de vista palestino

Agência France-Presse
postado em 02/09/2010 14:02
Veneza -O cineasta americano Julian Schnabel, um judeu nova-iorquino, filmou com olhar palestino "Miral", o filme que será apresentado no Festival de Veneza nesta quinta-feira. Baseado no romance autobiográfico homônimo da jornalista palestina Rula Jebreal, o filme acompanha mais de quatro décadas desde a criação do Estado de Israel até a assinatura dos acordos de Oslo, em 1993, momento de grandes esperanças para o conflito. Como Jebreal, Miral cresceu em um orfanato em Jerusalém Oriental. O abrigo é mantido por uma palestina rica, que, em um dia do ano de 1948, encontrou um grupo de crianças árabes que haviam sobrevivido ao massacre de Deir Yassin, um vilarejo próximo, atacado por militantes judeus ortodoxos. "Sinto uma grande responsabilidade em relação ao tema", afirmou Schnabel, cujo "O escafandro e a borboleta" lhe valeu o prêmio de melhor diretor em Cannes, em 2007, assim como várias indicações ao Oscar. "Este conflito deve acabar o mais rápido possível. Toda vez que uma criança morre em cada um dos lados vemos o quanto desnecessário é", argumentou o diretor. Jebreal afirma ter decidido escrever o livro devido ao "grande amor pelo professor que me coloco no caminho certo". "É a história de uma grande terra e de uma pequena garotinha que sobreviveu simplesmente porque havia alguém para ajudá-la", explicou a autora. Em entrevista à AFP sobre seu filme - um dos 24 em competição pelo Leão de Ouro -, Schnabel, de 58 anos, estimou: "obviamente é uma história palestina, mas é muito importante que um judeu americano conte uma história palestina". O cineasta escalou a atriz indiana Freida Pinto, que fez o papel de Latika em "Quem quer ser um milionário", para viver Miral. Já Hind Husseini, o elegante diretor do orfanato, é interpretado pelo israelense Hiam Abass. Também nesta quinta, o diretor Robert Rodriguez apresenta em Veneza o provocativo "Machete", filme de ação que mistura sangue, comédia e questões migratórias. O longa conta a história de Machete (Danny Trejo), um matador de aluguel com o dom de retalhar suas vítimas, que ataca agentes corruptos dos dois lados da fronteira entre Estados Unidos e México. Trejo divide a cena com Robert de Niro, Steven Seagal, Don Johnson e Lindsay Lohan. "Atualmente, a imigração tornou-se de fato um assunto enorme aqui nos EUA, então eu quis fazer algo que realmente olhasse para a corrupção que existe no sistema além do que vemos nos noticiários", explicou Rodriguez. O festival de cinema mais antigo do mundo abriu suas portas na quarta-feira e exibirá seus filmes deste ano até o dia 11 de setembro. Na sexta-feira, o grande destaque será a volta da premiada diretora Sofia Coppola com a comédia dramática "Somewhere". Na quarta, a abertura ficou por conta de "Black Swan", de Darren Aronofsky, primeiro filme americano a pisar o tapete vermelho veneziano em anos, estrelado por Natalie Portman.

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