postado em 03/09/2010 10:31
Este ano, o festival Porão do Rock organizou três seletivas locais para escolher seis bandas brasilienses inéditas no evento. Enema Noise e The Squintz foram as selecionadas na primeira delas, realizada no último dia 22, em palco montado no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (a mesma área onde será construída a arena do festival, marcado para o dia 11). No sábado passado, em Planaltina, mais duas bandas garantiram vaga no Porão: Darshan e Zilla. Lost in Hate e Estamira foram as mais bem qualificadas segundo júri e voto popular, no domingo, em Taguatinga.Como o Darshan já foi tema deste espaço, o Garagem desta edição aborda as bandas Zilla, Lost in Hate e Estamira. Em comum, os três grupos têm o apreço pelo som pesado.
;Nós misturamos death, melodic death, prog e technical death metal;, lista Marcos ;Mark; Nagash, guitarrista e vocalista do Zilla. ;Essa abrangência de estilos atrai muita gente, mas, ao mesmo tempo, confunde. De qualquer jeito, não nos ligamos em rótulos;, continua.
Formada em 2002, no Vale do Amanhecer, a Zilla tinha como proposta inicial o hardcore. O guitarrista conta que após hiato de um ano, o quinteto (formado pelo vocalista Lucas, Marcos e Bodão nas guitarras, Wagner no baixo e Victor na bateria) voltou a se encontrar. Dedicados a desenvolver suas habilidades como músicos e compositores, o grupo passou o ano de 2009 preparando o repertório do primeiro disco, Pragmatic evolution, produzido por Caio Duarte, vocalista da banda Dynahead e lançado no começo do ano.
Marcos faz parte do D;Armas, grupo de arte e cultura de Planaltina, que vem ajudando a produzir eventos na cidade. ;A ideia é unir as cenas de Planaltina, Sobradinho, Brasilinha (Planaltina de Goiás), Formosa e Paranoá. Fizemos o Planaltina Rock Fest e juntamos mais de mil pessoas. Estamos trabalhando para que a cena aumente e para que os grande festivais possam ser realizados também por aqui;, explica.
Pela união dos públicos
A proposta do sexteto Lost In Hate (perdidos no ódio, em inglês) está alinhada ao movimento straight edge (sem drogas, álcool, carne ou sexo promíscuo). Mas o baixista Fábio Alexandre garante que a banda, na ativa há três anos, não tem interesse em se manter presa em um nicho: ;Hoje, nós conseguimos atingir um público que não achávamos que conseguiríamos, desde a galera do hardcore, a do metal e até os emos. Já tocamos até em show de rock cristão.;
Para se diferenciar de outras bandas do gênero, o grupo de Taguatinga aposta também numa diversificação da temática das letras, cantando sobre amizade, superação, maus-tratos aos animais e diversas questões sociais. ;É importante passar a mensagem, mas nunca impor nada. O respeito vem em primeiro lugar;, afirma Fábio.
Ainda pensando em ampliar seu alcance e diversificar seu público, a banda de metalcore ; formada por, além de Fábio, Rodrigo Gama e Carlos Henrique de Souza nos vocais, Wellington da Mota e Raphael Kenji nas guitarras, e Guilherme Oliveira na bateria ; planeja para breve o evento Lost In Hate Invoca, no qual se apresentariam bandas de estilos diversos. ;Acho que a galera tem que se unir para formar público;, diz o baixista. O disco de estreia do Lost In Hate começa a ser gravado em outubro.
Metal feminino
A personagem-título do documentário Estamira (2005) serviu de inspiração para batizar, em 2007, a banda brasiliense de mesmo nome ; formada pelas guitarristas Clarissa Carvalho e Sara Abreu, a baterista Kallyfa Lopes, a baixista Camila Soato e a vocalista Ludmila Gaudad. ;Ela é uma mulher com pensamentos políticos muito fortes e incompreendida pela sociedade exatamente por ser muito lúcida;, comenta Ludmila (ex-Poena, banda com a qual tocou no Porão em 2005).
A vocalista conta que ter uma banda integrada só por mulheres pode tanto atrair a atenção de algumas pessoas quanto o desdém de outras. ;O meio do metal é muito machista. Ficam nos olhando para ver se a gente toca direito. Tem muita gente que vira as costas e vai embora, mas volta assim que ouve a primeira música do show, pois percebe que o trabalho é de qualidade;. Também adeptas do metalcore, elas têm apenas duas músicas gravadas, mas creditam sua vaga na seletiva do Porão ao extenso currículo de shows que conseguiram. ;Já tocamos em todos os festivais de som pesado do DF. Falta só o Marreco;s Fest;, contabiliza a Ludmila.
Violência doméstica, questões sociais e amor ; ;por incrível que pareça;, brinca a vocalista ; estão entre os temas abordados pela Estamira. Um disco está nos planos da banda, mas só no ano que vem.
Ouça as bandas:
www.myspace.com/aestamira
www.myspace.com/xlostinhatex
www.myspace.com/zillametal