Diversão e Arte

Arthur Moreira Lima continua se apresentado em um caminhão pelo país

Mas hoje, o seu palco será na Centro Cultural da Associação Médica de Brasília

Nahima Maciel
postado em 04/09/2010 07:00
A música clássica não intimida Arthur Moreira Lima. Ele pode até subir ao palco de casaca e gravata borboleta, mas faz questão de quebrar a imagem do pianista sisudo e sorumbático. A atitude começa no programa. Tem Chopin, Bach, Mozart e Villa-Lobos. Assim, genérico mesmo. Aos 70 anos, o pianista carioca se recusa a especificar o título das peças do repertório simplesmente porque elas podem mudar. E a mudança depende da plateia. ;Tenho por hábito citar o compositor, mas as peças vou na hora, mudo a ordem, às vezes suprimo uma e coloco outra que não está no programa. Depende da reação da plateia. Vou tocar clássicos populares e populares clássicos, ou seja, clássicos que se tonaram populares;, avisa.

O concerto programado para hoje será também a inauguração do Centro Cultural da Associação Médica de Brasília (AMBr) e de um teatro de 450 lugares. Arthur Moreira Lima vai tocar em um Fritz Dobert de1/4 de cauda, instrumento fabricado no Brasil e comprado pelos administradores do Centro Cultural de um associado.



Ainda este ano, o pianista toca em Varsóvia, Nova York, Dublin e Paris. Excepcionalmente, vai vestir a casaca para ocasiões formais e contar os dias para retomar o projeto Um piano pela estrada, quando estará novamente sentado ao piano em um caminhão-palco instalado em algum recôndito do Brasil. ;Gosto mesmo é do caminhão, passo o ano inteiro em função disso;, brinca.

A bordo do caminhão, em concertos realizados em locais públicos e de graça, Moreira Lima se sente mais próximo do público. Uma plateia que, segundo ele, há décadas é afastada da música clássica pelos próprios músicos e teóricos do meio. Pelo projeto, já realizou 332 concertos e pretende chegar à marca dos 400 até o final do ano. ;Todos que militam na música clássica são tremendamente preconceituosos. Existe um preconceito da música clássica, que é direitista, elitista, feita por uma elite para outra elite. É um direitismo você achar que não faz sentido democratizar, popularizar.;

Arthur Moreira Lima começou a carreira aos 9 anos. Tocou um concerto de Mozart com a Orquestra Sinfônica Brasileira para depois percorrer e surpreender o mundo em concursos como o Chopin, de Varsóvia, e Tchaikovsky, de Moscou, competições mais importantes do universo do piano. Morou 20 anos na Europa, oito na ex-União Soviética e tocou com todas as orquestras mais importantes do planeta, mas foi em Florianópolis que decidiu aquietar.

À beira-mar, o pianista fica longe das aporrinhações. ;Estou numa idade em que não quero me aporrinhar. Posso fazer uma coisa trabalhosa, cansativa, mas chateação não. (O caminhão) é uma atitude humanista diante da arte, da música. E é uma atitude brasileira diante da necessidade do país. As pessoas são extremamente musicais e ficam tão agradecidas!” Torcedor incondicional do Fluminense e jogador de futebol de botão, o pianista já gravou mais de 60 discos, sendo 41 exclusivamente dedicados a Chopin. No estúdio, ele guarda 500 horas de fonogramas e boa parte deste material ainda pode vir a ser editado. Ao lado, Moreira Lima fala sobre a carreira e a música erudita no Brasil.

Pianíssimo!
Concerto de Arthur Moreira Lima

Hoje, às 21h, no Centro Cultural da AMBr (Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 3, Conjunto 6). Ingressos: R$ 160 e
R$ 80 (meia). Na compra antecipada o ingresso sai por R$ 80.

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