Diversão e Arte

Brasilienses lotam a Sala Villa-Lobos para ver o grupo Stomp

postado em 13/09/2010 08:24
Um público de idades variadas acompanhou, na noite de sexta-feira, a estreia na capital do grupo britânico de percussão Stomp. A Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro tinha seus cerca de 1.300 lugares tomados por espectadores de todas as faixas etárias - desde um bebê de cerca de 1 ano até casais com mais de 60 anos. Difícil, no entanto, foi encontrar quem não aceitasse o chamado do baiano Marivaldo dos Santos, brasileiro que integra a trupe há 13 anos e ficou responsável pela interação com a plateia, volta e meia convocada a acompanhar o ritmo do grupo. No fim, ao revelar sua origem, ele foi ovacionado por uma empolgada audiência. Câmaras de ar de pneus também entraram na dança dos britânicos: uma hora e meia de batucada para a empolgada plateia do Teatro NacionalNo palco, a batucada come solta durante uma hora e meia. Apesar das diferentes influências e estilos, impossível não lembrar de Hermeto Pascoal e da homenagem de Guinga em Chá de panela (com o refrão "E tudo era coisa musical/Funil mandando oi, fogão gritando au"). A semelhança entre o alagoano e o Stomp está na capacidade de tirar ritmo dos mais inusitados objetos: desde o próprio corpo dos artistas até câmaras de ar de pneus, passando pelo piso do palco e todos os itens do cenário. Nada está ali por acaso, tudo vira instrumento de percussão. As batidas são associadas a um intenso trabalho corporal, com coreografias que fazem a apresentação vigorosa e empolgante para o público. O show tem, também, um quê de teatro, pois cada um dos oito integrantes desempenha um papel - de perdedor ou de palhaço, por exemplo. Isso ajuda ainda mais o grupo a criar empatia com a plateia. O espetáculo começou às 21h40, com um número em que vassouras batidas sobre o palco originam um sincopado baticum. Volta e meia elas se quebram, mas são rapidamente substituídas pela equipe do backstage. Caixas de fósforo, sapateado, escovas, pás, latas de lixo de metal e de plástico, jornais e sacos plásticos são outros objetos transformados em instrumentos de percussão pela trupe. Um dos números mais aplaudidos foi o das pias: quatro integrantes entram no palco com cubas cheias de água penduradas no pescoço por cordas, além de alguns apetrechos de alumínio. Dali vão tirando os mais variados sons. Xícaras e pequenos utensílios de alumínio soam como agogôs, latas maiores lembram tambores e as pequenas, tamborins. A coreografia em que arremessam latas uns nos outros, num "escravos de Jó" de tirar o fôlego, ao mesmo tempo em que batucam, também prendeu a atenção dos espectadores. Fato é que, às vezes, o barulho se torna excessivo e alguns números, longos demais - inclusive o de encerramento, com os famosos latões. É um contraste com a sutileza da exibição dos isqueiros, feito com o teatro às escuras, coreografia focada nas chamas e o som vindo apenas do abrir e fechar das tampas dos acendedores de metal. Nada abalou a alegria e a atenção do público, que aplaudia cada cena e, no fim, bateu palmas de pé. A curiosidade em torno do trabalho do grupo britânico, que esteve em Brasília pela primeira vez em 19 anos de existência, foi o principal combustível da plateia, que, com a apresentação encerrada, comentava animadamente o que assistiu. A atriz e bailarina Lívia Bennet, de 30 anos, foi conferir o que só conhecia por meio de vídeos baixados da internet. "Eles fazem o tipo de trabalho com música e corpo de que gosto, então vim atrás de referências, de beber dessa fonte", contou.

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