postado em 16/09/2010 08:00
As atrações do projeto Encantadoras desta semana são duas cantoras e compositoras brasilienses que atualmente moram em São Paulo e vêm ganhando o mundo com seus discos de estreia. Luciana Oliveira, que hoje faz show de graça na beira da piscina do Royal Tulip Brasília Alvorada Hotel, lançou o CD O verde do mar em 2008 e já o levou a países como Portugal, França, Argentina, Uruguai e Japão. Ligiana, que no último ano vem apresentando seu De amor e mar em palcos distantes ; de São Paulo a Senegal, de Garanhuns a Bulgária ; traz o show do disco pela primeira vez à cidade, amanhã, no Teatro Oi Brasília. ;Estou na maior expectativa de cantar pros meus, pro meu cerrado, pra minha cidade. Fico feliz, me sinto acolhida e agradecida;, diz Ligiana.As duas têm o samba como base dos trabalhos. Não à toa, uma fará participação especial no show da outra. Hoje, em seu ;luau; à beira da piscina, Luciana receberá Ligiana e o violonista João Ferreira. Amanhã, Ligiana retribuirá o convite, chamando Luciana para dividir uma canção com ela, e o gaitista Pablo Fagundes para tocar Onda. ;A terceira participação é surpresíssima;, brinca.
ENCANTADORAS
Projeto que apresenta novas vozes femininas, no Complexo Golden Tulip Brasília Alvorada (SHTN Trecho 1, Cj. 1B, vizinho ao Palácio da Alvorada). Hoje, às 21h, na beira da piscina do hotel Royal Tulip, show de Luciana Oliveira, com entrada franca. Amanhã, às 21h, no Teatro Oi Brasília, show de Ligiana, com ingressos a R$ 40 e R$ 20 (meia para estudantes, pessoas com mais de 60 anos e hóspedes do Royal Tulip). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3424-7169 e .
; É d;Oxum!
Sérgio Maggio
São vitais para Luciana Oliveira o cheiro, o barulho da correnteza e a força da água. Como uma Oxum (orixá dos rios e das cachoeiras), ela ocupa a beira do Paranoá para interpretar temas de disco solo, que flertam com samba, afoxé, funk e soul. Será uma noite especial para a intérprete brasiliense radicada em São Paulo. Cheia de saudades da terra, ela canta para espantar o banzo, mas está feliz em conquistar, com propriedade, o lugar que lhe cabe na Pauliceia disputada centímetro a centímetro.
; Às vezes, está calor em São Paulo e sinto uma vontade imensa de fazer uma trilha e depois mergulhar nas piscinas da Água Mineral. Sinto saudades da minha família e dos amigos e tenho um cuidado de não perder a minha ligação com a cidade, afinal acho importante preservar as origens. Por isso, sempre que posso venho a Brasília renovar as energias, conta.
Luciana Oliveira está excitada com a ideia de o show ser de graça, na piscina e com o lago à vista. Ela estará acompanhada de banda formada pelo violonista e guitarrista alagoano Rafa Moraes, pelos paulistanos Jairon Black (baixo) e Nenê (bateria) e pelo pernambucano Maurício Alves (percussão).
; Essa mistura de povos se reflete na minha própria formação, pontua.
Há um ano e meio em São Paulo, onde conquista gradativamente espaço e público, Luciana Oliveira já tocou em alguns lugares bem conceituados, como a Casa das Caldeiras e a Sala Crisantempo. No repertório do disco, canções originais e sucessos que dialogam com seu repertório fincado em raízes negras. É bom aproveitar porque a cantora já está aconchegada em Sampa.
; Estou com a minha vida estruturada em São Paulo e gosto da praticidade da cidade, de não depender de carro, por exemplo. Por incrível que pareça, faço muito mais coisas a pé agora. São Paulo me deu uma nova dimensão de como pensar minha carreira e é a cada dia um mundo que se revela aos meus olhos, sintetiza.
; É de Iemanjá
Teresa Albuquerque
Ligiana é uma brasiliense de 32 anos, filha de Iemanjá, que tem pés de cigana e voa pra onde vento leva. Formada em canto lírico pela Universidade de Brasília, estudou música barroca no Conservatório Real de Haia, na Holanda, e musicologia em Cremona, na Itália. Interessada em world music, especialmente em música africana, mudou-se para Paris, onde terminou o doutorado sobre as velhas damas de leite cômicas na ópera veneziana do século 17 e acabou se rendendo à paixão pelo samba.
Foi na França que ela começou a compor e a trabalhar (com os produtores Alfredo Bello e Fernando Cavaco) na feitura de seu primeiro disco, o independente De amor e mar, gravado em Paris, Brasília e São Paulo e lançado em 2009.
Produção caprichada, com ótimo repertório, o álbum tem o samba como chão e traz entre as 11 faixas canções dela (Onda e Queda por um samba, esta escrita com o pai, Celso Araújo), de Cartola (Consideração) e Batatinha (Conselheiro), um choro de Abel Ferreira (Chorando baixinho) e algumas referências da vida inteira, como Tom Zé (Se), Novos Baianos (Só se não for brasileiro nessa hora) e Sérgio Sampaio (Eu quero é botar meu bloco na rua).
As músicas do CD de estreia servem de base para o show que a cantora faz amanhã, às 21h, no Teatro Oi Brasília, acompanhada por Alfredo Bello (contrabaixo), Emiliano Castro (violão 7 cordas), Marcel Martins (cavaco) e Douglas Alonso (percussão). Também entram no roteiro ; pela sonoridade e pelo desejo de aproximar a música brasileira da música do mundo ; um tango argentino, uma canção de Mali e outra do Haiti, além de uma nova composição dela.
Sim, Ligiana anda compondo bastante, de olho no segundo CD, que também deve trazer regravações de compositores clássicos brasileiros. ;O disco deve ter um ar de Espanha com algo de África;, adianta. ;Estou ansiosa para atacar esta nova fase.;