postado em 20/09/2010 12:34
Mais exuberante do que nunca, a Diana Krall entrou no palco discretamente e foi logo para o piano, onde começou a tocar I love being here with you antes mesmo de cumprimentar o público. Ninguém se chateou por tal comportamento. O sorriso que ela lançou ao entrar em cena foi suficiente. Com sala lotada, em uma bilheteria nada barata (os ingressos custavam R$ 300, a meia-entrada), o show da turnê Quiet nights encantou a plateia brasiliense do início ao fim, com canções do disco homônimo e a reunião de gênios da música como João Gilberto, Frank Sinatra e Nat King Cole.
Diana usava um vestido com fundo azul e estampa preta que ressaltou os fios dourados de seu cabelo que emolduravam o rosto. Após a primeira canção, todos os fotógrafos presentes tiveram que se retirar e ela finalmente cumprimentou o público com tímidas palavras, como quem ainda estivesse sentindo o ambiente para se soltar. E não foi preciso muito esforço, bastou embalar So nice (Samba de verão), que recebeu de volta muitos aplausos.
Diferentemente do esperado, Diana não cantou The boy from Ipanema, versão masculina de Garota de Ipanema, mas não esqueceu de Tom Jobim e trouxe ao público Quiet nights quiet stars (Corcovado). De João Gilberto, a cantora canadense apresentou Este seu olhar, em um português arrastado, que foi um dos pontos altos do show. "É difícil cantar em outra língua e ainda tocar piano", adiantou, antes dos primeiros acordes. "Ela cantou em português com um sotaque interessante. Foi bem divertido", comentou o economista e fã Luiz Antônio Lobo.
E não poderia haver palco melhor para traduzir a atmosfera intimista de Quiet nights. No Teatro Oi Brasília, que comporta cerca de 500 pessoas, o público fica próximo do artista e faz parte do espetáculo. De tão íntimo, Diana sentiu-se à vontade, inclusive, para falar da família, quando citou que os gêmeos ficaram com o marido, o músico britânico Elvis Costello, antes de iniciar a canção I%u2019ve grown accustomed to your face e dizer que essa era uma de suas favoritas.
Carinho
Diana Krall não deixou de mencionar, durante o show, o prazer de voltar a Brasília depois de cinco anos, e como se sente em casa no Brasil. Com a interpretação de Just you, just me, conhecida pela voz de Nat King Cole, ela se divertiu no palco e demonstrou o carinho que sente pela música do músico norte-americano.
Introspectiva, a cantora falou do pai (um conceituado pianista) e contou que o visitou recentemente, o que pareceu ser um ponto delicado da sua vida, já que logo cortou o assunto e iniciou um solo de On the sunny side of the street. Em seguida, ela anunciou: "A próxima música é de Tom Jobim", quando cantou a belíssima Quiet nights quiet stars, versão de Corcovado, em que se podia notar o público cantar baixinho o clássico da bossa nova.
A bela voz de Diana Krall por vezes era alta e forte, mas em muitos momentos parecia um sussurro, como se ela quisesse dividir um segredo com a plateia. Ao se despedir, disse carinhosamente que agradecia a presença de todos, mas nem neste momento deixou a timidez de lado. O público quis mais e implorou pelo bis. E ela voltou com Clap hands, de Tom Waits, em um grand finale digno de uma artista à altura de Diana. Inesquecível. Hoje à noite Diana encerra a turnê brasileira com show no Rio de Janeiro.
O repertório
» I love being here with you
» So nice (Samba de verão)
» How deep is the ocean (How high is the sky)
» I've grown accustomed to your face
» Let's face the music and dance
» Just you, just me
» On the sunny side of the street
» Quiet nights (Corcovado)
» Exactly like you
» Walk on by
» Este seu olhar
» Cheek to cheek
» Clap hands