Diversão e Arte

Banda Scorpions traz show da turnê anunciada como a última da carreira

postado em 22/09/2010 08:00 / atualizado em 21/09/2020 11:53

Não é preciso ser fã da banda Scorpions para conhecer alguma música deles. Quem viveu os anos 1980, auge do grupo alemão, sabe bem disso. Seja no rock Like a hurricane ou na balada Still loving you, o quinteto deixou sua marca na trilha sonora daquela década e ainda atrai multidões para seus shows. Principalmente na atual turnê, divulgada como a última do grupo. Iniciada no começo do ano e programada para ser encerrada apenas em 2013, a Get your sting and blackout world tour, que chega hoje a Brasília, já passou por João Pessoa, São Paulo (com duas apresentações) e Curitiba. Na sexta, é a vez de São Luís. O primeiro show brasiliense dos alemães, no Ginásio Nilson Nelson, está previsto para as 21h. Ouça a mensagem do guitarrista Rudolf Schenker, da banda alemã Scorpions, para o público de Brasília (em inglês). O roteiro da noite será focado nos discos Blackout (1982) e Love at first sting (1984), os mais populares da banda. Músicas anteriores e posteriores a esses trabalhos também entrarão no set list, assim como faixas do álbum mais recente, Sting in the tail (2010). A primeira vinda da banda ao Brasil foi em 1985, para a primeira edição do Rock in Rio. Em entrevista por telefone, Rudolf Schenker, guitarrista e fundador dos Scorpions, contou ao Correio que guarda boas memórias da ocasião. ;Passamos sete dias loucos no país;, lembra o músico, de 62 anos. ;Durante o show, eu estava tão empolgado, pulando, que acabei acertando minha cabeça com a guitarra. Fiquei coberto de sangue! Tive que ir ao médico depois. Acredito que o Rock in Rio foi um dos meus auges.; Escolher os melhores momentos de uma trajetória iniciada em 1969 não é tarefa das mais simples, ainda mais para uma banda cuja popularidade alcançou os quatro continentes e a vendagem de discos chega às centenas de milhares. ;Somos uma banda da Alemanha que ultrapassou a barreira de países, religiões e gerações;, comenta Rudolf Schenker. ;Tocamos na União Soviética quando ninguém mais pensava em fazer isso. Fomos convidados ao Kremlin por Gorbashev;, continua o guitarrista. Em 2009, o quinteto, formado pelo vocalista Klaus Meine, os guitarristas Matthias Jabs e Rudolf Schenker, o baixista Pawel Maciwoda e o baterista James Kottak, anunciou sua aposentadoria. Schenker explica que terminar a banda depois desta turnê seria uma maneira de fazer isso em forma, com um disco que vem recebendo elogios de fãs e da crítica: ;Além disso, em 2013, eu estarei com 65 anos. Até fazermos um disco e cair na estrada de novo, eu já estaria com 66 ou 67 anos. Já não conseguiríamos pular no palco, dar o melhor de nós ao vivo. É melhor terminar a carreira bem do que definhar na frente do público;. Palavra de fã Estudante de direito, Renan Mendes Monteiro, 20 anos, cresceu ao som de Scorpions. ;Ouço desde sempre, pois meu pai escutava muito quando eu era criança;, ele conta. Hoje, Renan e o pai, o empresário Leonardo Monteiro, 43 anos, vão ao show com amigos. ;É uma oportunidade única de vê-los ao vivo. O repertório, com todos os sucessos, torna o show ainda mais imperdível;, diz Leonardo. O servidor público Paulo Henrique Candeira, 44 anos, é outro fã que já garantiu seu ingresso para o show de hoje. ;Vi a banda em 1985, no Rio, e em 2008, em Goiânia. Eles continuam com a mesma energia;, afirma. O radialista Lelo Nirvana, 41 anos, viu esses e mais outros dois shows dos alemães no Brasil. Para ele, o repertório da atual turnê, com ênfase no disco Blackout, de 1982, é um dos destaques da apresentação: ;Foi justamente o primeiro disco que ouvi deles. Pirei com o Blackout! E a partir dele comecei a comprar os outros LPs da banda. Sou fanzão do Scorpions;. ;O diferencial deles é o vocal do Klaus Meine e a pegada das músicas, entre o heavy metal e o rock;n;roll, mas com uma cara mais europeia, diferente do que faziam Led Zeppelin e Deep Purple;, compara o servidor público Diogo Pedro Nery da Silva Cruz, 47. Além da expectativa para o show, esses fãs compartilham a dúvida se esta será realmente a última vinda da banda ao Brasil. ;Não acho que eles vão parar de tocar. O rock rejuvenesce!”, justifica Paulo Henrique. ;Acho que eles voltam, pelo menos, para o Rock in Rio 2011;, acrescenta. Diogo vai mais longe: ;Brasília ainda verá eles de novo;. SCORPIONS Hoje, às 21h, no Ginásio Nilson Nelson. Show da Get your sting and blackout world tour, da banda alemã Scorpions. Ingressos premium: R$ 420 e R$ 210 (meia); pista/cadeira: R$ 240 e R$ 120 (meia); plateia superior: R$ 140 e R$ 70 (meia). Pontos de venda: lojas Mormaii e no site . Informações: . Não recomendado para menores de 16 anos. ; Entrevista com Rudolf Schenker: Como está a turnê? Está inacreditável. As resenhas na Europa, EUA, Canadá e México foram ótimas. Os fãs de longa data estão indo aos shows e avisando os amigos para irem também. Não estamos acostumados a receber essas resenhas tão boas, dizendo ;o Scorpions está fazendo rock como a Porsche está fazendo carros;. Na nossa idade, fazendo rock? Estamos flutuando no ar! Você se lembra da primeira vinda da abnda ao Brasil, para o Rock in Rio, em 1985? Claro! Foram sete dias loucos. Eu tive que ir ao médico, pois estava tão empolgado, pulando, que eu acabei me acertando com a guitarra. Um programa de TV alemão estava lá e me filmou com sangue na cabeça toda. Foram tempos loucos. Acredito que o Rock in Rio foi um dos meus auges. Dois anos atrás eu passei meu 60; aniversário no Rio. Amigos da banda vieram, a banda toda estava lá, amigos do Brasil. Foi fantástico, a vista de Copacabana era incrível. Dançarinas de samba, músicos... foi inacreditável. Por que terminar a banda? Sting in the tail é um álbum fantástico. Seria ótimo dizer que não é o fim da carreira. Mas estamos ficando velhos. Talvez não consigamos mais pular. Não sabemos. Queremos dar as pessoas o melhor. Estar no palco e não poder dar o seu melhor é terrível. Então pensamos em ficar três anos em turnê, dar aos fãs músicas do Blackout, de Love at first sting; Terminar a nossa carreira por cima, ao invés de definhar na frente do público. Como é ficar 40 anos numa banda? ;Bang bang, rock with the gang;. Nós viemos da Alemanha e fizemos tudo errado no começo para descobrir que no final fizemos tudo certo. Se você seguir os seus instintos e tiver paciência você chega a conclusão que fez tudo certo. Como era a relação de vocês com o cenário do krautrock (o rock mais experimental alemão, muito praticado nos anos 1970)? O krautrock era muito popular na Alemanha quando começamos, mas nós não éramos krautrock. Eu disse: ;vamos tocar em outros países;. Fomos para outros países e lá não soávamos estranhos. Nós éramos completamente diferentes do que se esperava de uma banda alemã. Nós não fazíamos krautrock, cantávamos em inglês; a imprensa alemã não sabia como lidar conosco. Mas conseguimos ótimas resenhas na Inglaterra, no Japão; E a imprensa alemã: ;Esses são os Scorpions, da Alemanha?!” Yeah! Daí começaram a escrever sobre nós. Porque quando o krautrock já estava acabando, nós voltamos aclamados, tendo passado pelo Japão e Estados Unidos com sucesso. Quais são as suas músicas favoritas da banda? Rock like a hurricane é uma das melhores. Ele reflete bem os anos 1980. Still loving you também. Wind of change foi a trilha da revolução mais pacifica de todas. Quem são as suas influências musicais? Rolling Stones, Pretty Things, Yardbirds, The Kinks. Depois, o Led Zeppelin. O Jimmy Page é um dos melhores guitarristas e produtores do rock. Que banda você diria que foram influenciadas pelo Scorpions? Meu irmão que já morava nos Estados Unidos nos anos 1970 me disse que a gente tinha que ir tocar lá, que uma banda chamada Van Halen já está tocando Catch a train. Eddie Van Halen foi influenciado por nós. Yngwie Malmsteen também. Billy Joe Armstrong, do Grren Day, disse que foi influenciado por nós. O vocalista do System of a Down, me disse a mesma coisa. Blly Corgan, dos Smashing Pumpkins também. Influenciamos muitas bandas e estamos felizes por isso. Como vocês gostariam de serem lembrados? Uma banda que saiu da Alemanha, ultrapassou a barreira geracional, religiões, países e continentes.

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