Além de virtuose precoce do piano, o menino Frédéric era uma criança introspectiva, marcada pela morte de uma irmã. Já adulto, adorava encher o apartamento de violetas, as flores preferidas, e andava sempre alinhado, com os melhores cortes da moda. No vasto universo da música clássica, Frédéric ganhou notoriedade pelo sobrenome Chopin. Tornou-se dos compositores eruditos mais celebrados de todos os tempos, de quem se conhece uma infinidade de composições, mas pouco se fala de sua história pessoal. Para aproximar o público infantil desse mito do piano, a produtora cultural Naná Maris montou o espetáculo Chopin para crianças, que será exibido no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e no Teatro Newton Rossi, em Ceilândia, de hoje a 7 de outubro (são quase 20 sessões, a maioria destinada a escolas).
;Chopin é referência para os pianistas, pela dificuldade e pela expressividade;, destaca Naná Maris, que pretende estimular o hábito de frequentar salas de concerto, ainda raro no país. Antes dele, a meninada se deslumbrou com as histórias de Beethoven, Mozart e Grieg. Cada um deles recebeu a homenagem em uma data simbólica e Chopin ganhou versão teatral porque neste ano seu bicentenário é comemorado em todo mundo. Quem topou o desafio de reproduzir as notas do compositor no palco, ao vivo, foi a pianista Francisca Aquino, que será acompanhada pelo violoncelista Guerra Vicente. Cyrila Targhetta e Leandro Lacava narram as passagens biográficas e o ator ainda canta e dá vida ao personagem.
No palco, a história se desenvolve numa amálgama de três expressões diferentes: música, feita ao vivo, dança e atuação narrativa. Ao longo de 50 minutos, o elenco, composto por seis pessoas, revela o lado mágico do compositor em uma atmosfera lúdica, usando figurinos alegres e lançando mão da linguagem de clown, que costuma agradar as plateias mirins. ;Criamos brincadeiras em cima das músicas, coreografando momentos da vida dele. Em uma situação em que vai se consultar com médicos, Chopin se vira e revira em uma maca, no ritmo da trilha sonora;, cita a diretora artística e coreógrafa Giselle Rodrigues, também diretora da companhia de dança baSiraH. A vaidade de Chopin, que jamais dispensava seu par de luvas, também é retratada em divertidas trocas de roupa.
CHOPIN PARA CRIANÇAS
Apresentações abertas ao público sábado e domingo, às 16h e às 18h, no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil. Entrada franca. Classificação indicativa livre. Informações: 3310-7087. Sessões destinadas a escolas públicas, de hoje a sexta, no Teatro do CCBB, e de 5 a 7 de outubro, no Teatro Newton Rossi (Sesc Ceilândia).
Coração guardado
O compositor, filho de um professor francês e uma pianista polonesa, nasceu em uma aldeia polonesa, em 1810. Desde pequeno, demonstrou talento e interesse pelo piano, instrumento que aprendeu a tocar sozinho. Ainda criança, foi considerado um ;segundo Mozart; pela sociedade polonesa. Depois de uma carreira próspera, deixou o país durante a invasão russa. Ao se estabelecer na França, passou a circular entre nobres e aristocratas e foi referência para muitos de seus contemporâneos. Em meio à elite, conheceu a mulher, a escritora George Sand. Chopin morreu aos 39 anos, de tuberculose. Com medo de ser enterrado vivo, pediu que o coração fosse guardado em uma caixa, até hoje lacrada dentro de uma igreja, na Polônia. O corpo foi enterrado em Paris.