postado em 03/10/2010 06:15
Como fazer amigos, influenciar pessoas, vender milhões de discos e, de quebra, colocar o mundo inteiro para dançar? Em meio à crise da indústria musical, o Black Eyed Peas parece ter encontrado uma resposta prática ; e sem as lições mágicas dos livros de autoajuda ; para uma questão que tanto atormenta os ídolos pop. A estratégia, eles ensinam, é trabalhar pesado: escrever os hits, produzir turnês mundiais, manter-se em evidência e nunca, em hipótese alguma, perder o contato com os fãs. Parece uma fórmula fácil. Mas a trajetória do quarteto desmente essa impressão: nos últimos 10 anos, nenhuma outra banda de black music visitou com tanta regularidade o topo das paradas de sucesso. Mais do que um fenômeno, o Black Eyed Peas é um caso à parte.
;Ainda me impressiona notar que são poucos os grupos de hip-hop que conseguiram chegar aonde chegarmos;, admite Taboo, em entrevista por telefone ao Correio. O músico e dançarino californiano, de ascendência mexicana, se arrisca a explicar as razões do sucesso (leia entrevista). ;Estamos sempre atentos às mudanças da música, à evolução do mercado;, observa. É uma dica. Desde 2003, quando Elephunk chegou às lojas, eles venderam 35 milhões de álbuns no mundo todo. É no palco, no entanto, que essa máquina de diversão ganha potência máxima: em 22 de outubro, quando a turnê The E.N.D. desembarcar na cidade, o público brasiliense encontrará uma banda ainda mais tecnológica (e afiada) do que aquela que visitou a capital há quatro anos.
O megashow, que faz escalas em nove cidades brasileiras, foi descrito pelo New York Times como uma performance com ares de ficção científica. ;A ideia era presentear os fãs com um espetáculo visual. No show anterior, a banda e os músicos se movimentavam num grande palco. Agora, usamos projeções em vídeo para criar toda uma atmosfera nova;, resume Taboo (ou, na certidão de nascimento, Jaime Luis Gómez). A grandiosidade faz sentido: lançado em junho de 2009, o disco The E.N.D. (The energy never dies) já vendeu 10 milhões de cópias e passou mais de 50 semanas na lista dos 200 discos mais vendidos nos Estados Unidos. Emplacou cinco músicas nos 10 primeiros lugares da Billboard (entre elas, I gotta feeling, grude das pistas) e ganhou o Grammy de melhor disco pop. Eles bem avisaram: a energia parece inesgotável.
Volta ao mundo
A nova turnê revela o alcance da banda, cada vez maior. Até agora, foram 108 apresentações em quatro continentes. A jornada começou no Japão, em setembro de 2009, e chega à América Latina mais de um ano depois. O Brasil é um porto especial. O líder desse batalhão, Will.I.am, chegou a declarar, via Twitter, torcida pela Seleção Brasileira na Copa da África, onde a banda se apresentou na cerimônia de abertura. ;O Will.I.am tem um carinho enorme pelo Brasil, é o lugar preferido dele no planeta. E nós todos nos inspiramos pela cultura do Brasil. É um país muito rico culturalmente, com uma energia que nos anima muito;, elogia Taboo. A parceria com Sergio Mendes, com quem o Black Eyed Peas gravou uma versão de Mas que nada, aproximou ainda mais o grupo (formado ainda por Fergie e Apl.de.ap) do clima tropical.
Em julho, Will.I.am contou em entrevistas que vai registrar os shows latinos em 3D, com direção de James Cameron (Avatar). ;Temos o melhor diretor, pois somos a maior banda do planeta;, afirmou. Taboo, entretanto, não confirma a informação. Nos Estados Unidos, o grupo fez o teste: transmitiu um concerto em 3D, ao vivo, nos cinemas. ;As novas tecnologias estão mudando a forma como entramos em contato com os artistas. Mas ainda falta um pouco. A nossa meta é permitir que o público possa, sem sair de casa, se aproximar um pouco mais da sensação de ir a um show;, afirma Taboo. Os elementos high-tech atualizam uma química antiga: abastecida por novidades (em novembro, eles lançam disco novo, The beginning), a pista de dança do Black Eyed Peas não esfria. Talvez esteja aí o segredo de um reinado que não acaba nunca.
BLACK EYED PEAS
A banda faz show em 22 de outubro, sexta-feira, no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Ingressos à venda pelo site . Ingressos a R$ 130 (pista), R$ 200 (pista premium), R$ 260 (camarote open bar) e R$ 500 (pista golden open bar). Valores de meia-entrada. Não recomendado para menores de 16 anos.