Diversão e Arte

Blonde Redhead viaja à Suécia e se reinventa no sedutor Penny Sparkle

postado em 08/10/2010 07:25
[FOTO1]As revistas de turismo e os livros de autoajuda recomendam: uma viagem exótica pode transformar qualquer rotina modorrenta numa aventura inesquecível. No caso do trio nova-iorquino Blonde Redhead, o clichê surtiu efeito. Para temperar uma relação longa ; são 17 anos de convivência ;, a banda decidiu investir em passagens aéreas e espairecer. Em Estocolmo, na Suécia, eles encontraram mais do que cenários friorentos: descobriram uma nova identidade musical.

Ao contrário do que preveem os experts no assunto, no entanto, a mudança de ares não aliviou o estresse. Aconteceu o contrário disso. A temporada quase corroeu a amizade entre a vocalista japonesa Kazu Makino e os irmãos gêmeos Simone e Amedeo Pace. ;Nós não conseguíamos terminar nada. Era tudo muito caótico;, revela a cantora ao site Spinner. Mas, apesar das turbulências, o clima de tensão produziu Penny Sparkle, um dos melhores discos da banda ; aquele que promete finalmente garantir algum prestígio a um trio que sempre trabalhou no subsolo da cena de Nova York.

A história do Blonde Redhead começou em 1993, quando o guitarrista Simone e o baterista Amadeo (nascidos em Milão, Itália) convidaram Kazu para formar uma banda noise, na linha de Sonic Youth. Mas o underground não fez justiça aos talentos dos amigos. Eles acabaram se acostumando a viver no limbo do rock independente: não impuseram um estilo forte nem conquistaram muitos fãs. A crise só começou a se resolver em 2007, com o disco 23. Mixado por Alan Moulder (que trabalhou com o Nine Inch Nails e o U2), o álbum apresentou uma banda mais sedutora e concisa, sem tempo a perder.

A mutação de Penny Sparkle completa esse ciclo e vai além: o Blonde Redhead soa tão diferente que parece até uma banda nova. Na Suécia, o trio contou com a colaboração da dupla de produtores Van Rivers and The Subliminal Kid (que ajudou a criar os climas misteriosos do Fever Ray e do Glasser). Inspirada por cenários friorentos, remodelou o próprio som com efeitos eletrônicos e neblina de sintetizadores. Uma tempestade de gelo.

Canções como Here sometimes e My plants are dead evocam a atmosfera melancólica de discos de trip-hop (do Massive Attack e do Portishead) e shoegazing (My Bloody Valentine, principalmente). O uso de sintetizadores para criar melodias sufocantes foi elogiado pelo semanário inglês New Musical Express, que aprovou o ;renascimento; do grupo. No site oficial, Kazu define o som do álbum como ;chuvoso e onírico;. Um sonho triste. ;Nunca fizemos um disco dessa forma. Se eu pudesse, faria novamente;, afirmou a vocalista.

O voo do Blonde Redhead inaugurou tardiamente uma fase de prosperidade para o trio. Ele está entre as apostas da gravadora 4AD, casa de queridinhos como The National, Deerhunter e Ariel Pink. ;Um disco deslumbrante;, definiu a revista Time Out. Mais do que uma revelação, Penny Sparkle inicia uma fase criativa que promete álbuns tão bons ou melhores quanto. Uma ruptura que ainda provoca estranhamento para a própria banda. ;Cada canção do disco ainda soa muito intensa para mim. Cada melodia foi um desafio. Ainda não consigo relaxar;, contou Kazu. A viagem, aparentemente, não chegou ao fim.

BLONDE REDHEAD
Conheça o trio de Nova York no site www.myspace.com/ blonderedhead. A banda está lançando o disco Penny Sparkle pela 4AD Records. Importado. ***

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