Nahima Maciel
postado em 08/10/2010 07:26
A viola vai muito bem por aí. Pode não ser o instrumento mais tocado do Brasil, mas desperta interesse que só faz crescer. O violeiro Roberto Corrêa tem certeza disso. Quando organizou o Voa viola, Festival Nacional de Viola, a pedido da Caixa, para comemorar os 150 anos da instituição, contava também aproveitar para mapear a prática do instrumento Brasil afora. Agora que o júri ; formado pelo próprio Corrêa, o também violeiro Paulo Freire e os produtores Miranda e Pelão ; anunciou os 24 selecionados para participar do festival, o violeiro tem a certeza do crescente interesse despertado pelo instrumento.O Voa viola recebeu 379 inscrições de artistas de todo o país e o júri passou três dias trancado em uma sala para apontar aqueles que teriam direito ao show e ao prêmio anunciados no edital. ;Pelo mapa que fizemos, o Centro-Sul foi a região mais presente na seleção, não só nos resultados, mas entre os inscritos também e, entre eles, a viola caipira é a mais utilizada;, garante Corrêa. ;Uma coisa que eu falava sem ter comprovação real é que a viola é uma das coisas mais importantes que acontecem no Brasil hoje. A viola carrega muitas outras coisas que são da cultura de um povo e isso acaba aparecendo nos trabalhos. Pudemos observar a variedade de trabalhos que estão sendo feitos.;
A versão caipira do instrumento é a mais comum, mas o júri identificou também uma grande variedade de usos da viola. Há quem faça combinações com instrumentos como cravo e piano, outros que inovam nos arranjos e até solista de orquestra. ;Tivemos muitos grupos tradicionais;, repara Corrêa.
Variedade
Fazem parte da tradição violeiros como Badia Medeiros (Goiás) e os grupos Catireiros do Araguaia (Mato Grosso), Samba Chula de São Braz (Bahia), Família Pereira (Paraná), e Folias, Foliões e Seus Instrumentos Musicais (Minas Gerais), que conta com João Raposo, 78 anos, o violeiro mais velho entre os selecionados. A surpresa ficou por conta do mineiro José Mauro, de 14 anos, o mais jovem da turma, que começou com o cavaquinho aos 4 anos e se encantou pela viola. Além da faixa etária bastante abrangente, Corrêa constatou que os principais tipos de viola estão contemplados em todo o país. ;Tem viola de cocho, de buriti, de fandango, de machete.;
Já a contemporaneidade está representada no trabalho de artistas como os integrantes do Duo Viola e Cravo, Arnaldo Freitas e a dupla Galvão e Galvãozinho. ;A única coisa de que senti falta é a cantoria dos repentistas, mas a gente vai bolar uma forma de, no próximo, eles entrarem;, avisa Corrêa, que pretende dar sequência ao projeto e realizar outras edições.
Agora, o Voa viola entra em uma segunda etapa, na qual os selecionados serão submetidos à votação popular no portal do projeto, o www.voaviola.com.br. Os 12 mais votados participam de quatro shows em cidades brasileiras, com direito a um violeiro convidado e interação com artistas que não estão especialmente ligados ao mundo da viola, como Mônica Salmaso, Lenine, Renato Teixeira e Antônio Nóbrega.