Diversão e Arte

Rei do soul, Solomon Burke morre em Amsterdã

postado em 10/10/2010 10:58
Ao sair do London;s Jazz Café, no último dia 29 de setembro, logo após um show de duas horas, o cantor e compositor Solomon Burke declarou a um repórter do Daily Telegraph, um dos maiores jornais da capital inglesa: ;Enquanto eu tiver fôlego para fazê-lo, eu vou cantar, com a ajuda de Deus.; Burke, uma das vozes mais expressivas da soul music, teve fôlego até ontem. O cantor norte-americano morreu, aos 70 anos, dentro do avião que o levava de Los Angeles a Amsterdã para participar de um show programado para amanhã de domingo. Ele se apresentaria em uma igreja convertida em sala de concerto ao lado da banda De Dijk, na capital holandesa.

Burke integrava a seleta galeria de ;reis do soul;. Nascido na Filadélfia, descobriu a música nos corais de gospel da igreja e, nos anos 1960, chegou a ser conhecido como um dos maiores cantores do soul, mas nunca atingiu a fama de Marvin Gaye e James Brown. Mesmo assim, seu nome circulou por todas as esferas importantes da música negra e chegou até mesmo ao rock;n;roll.

Burke passou a integrar a lista de artistas da gravadora Atlantic Records em 1962, aos 22 anos, ao gravar o disco Solomon Burke;s greated hits. O estilo country levou a Ku Klux Klan, entidade racista muito atuante nos Estados Unidos da década de 1960, a pensar que o cantor era branco. Dois anos depois, ele escreveria o hit Everybody needs somebody to love, gravado por vários nomes da música do século 20, de Rolling Stones a Blues Brothers. Também faz parte dos hits do cantor a música Cry to me, que embalou Patryck Swayze e Jennifer Grey em Dirty dancing, em 1987. Embora tenha ficado um pouco esquecido após os sucessos dos anos 1960, Burke continuou produzindo e chegou aos século 21 com 34 discos gravados. Ele também foi mestre de cerimônias de um programa de rádio, no qual pregava ao lado de Martin Luther King Jr e, em 2000, tocou para o Papa João Paulo II, no Vaticano.

Em 2001, o interesse pelo cantor foi retomado quando seu nome passou a fazer parte do Rock and Roll Hall of Fame. No ano seguinte, ele ganharia o prêmio de melhor disco contemporâneo de blues no Grammy Awards com Don;t give up on me. Entre as faixas, o álbum trazia músicas de Tom Waits, Bob Dylan, Van Morrisson, Elvis Costelo e Brian Wilson especialmente compostas para Burke.

Em Amsterdã, o artista planejava se apresentar sem um set list. Esperava que o público escolhesse as canções. ;É como voltar no tempo instantaneamente. Podemos estar no meio de uma música do meu último álbum, Like a fire, e eles pedirem Stupidity, de 1957, e assim voltamos 50 anos;, escreveu no próprio site. Pai de 21 filhos, avô de 90 netos e bisavô de 19, Burke já não se apresentava em pé e, ultimamente, costumava subir ao palco em uma cadeira de rodas decorada como espécie de trono.

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