Diversão e Arte

Orquestra Filarmônica de Brasília comemora 25 anos com gravação de DVD

postado em 13/10/2010 08:00

Orquestra Filarmônica de Brasília prepara-se para subir hoje no palco da Villa-Lobos: um repertório variado e de primeira
No ano em que completa 25 anos, a Orquestra Filarmônica de Brasília decidiu comemorar as bodas de prata celebrando um casamento incomum: à sonoridade sinfônica, juntaram-se violão e cavaquinho para reproduzir os timbres do chorinho. A fusão de estilos pode parecer estranha, mas casa bem com a proposta da orquestra. ;Uma das nossas bandeiras é fazer a fusão da música erudita com a popular. Fizemos uma pesquisa e não encontramos registros dessa mistura entre sinfonia e chorinho;, explica a presidente da Filarmônica, Fabianne Gotelipe. O fruto dessa união será transformado no DVD Choro sinfônico, registrado em apresentação hoje, às 21h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, com direito a participações especialíssimas.


Os músicos que integram a filarmônica ganharão a companhia de Álvaro Henrique, no violão, e Evandro Barcellos, no cavaquinho. Convidados também se revezarão no palco, durante a noite e, na hora do bis, farão um número juntos no palco. O bandolinista Hamilton de Hollanda, um dos ídolos do atual universo do choro, executará duas músicas de sua autoria no programa: Pros anjos e Aquarela na quixaba, além de tocar clássicos do gênero. Célia Porto fará homenagem a um chorão da cidade, Robson Rodrigues, cantando Só se for agora. Dolores Tomé prestará tributo ao pai, João Tomé, ao fazer uma versão de sua composição Marangoni.


Noites cariocas, clássico do cancioneiro brasileiro eternizado por Jacob do Bandolim, ganhará nova roupagem na voz de Rogério Midlej. Enquanto o time de artistas se reveza no palco, ao lado dos 50 integrantes fixos da orquestra, a artista plástica Luiza Günther também estará no tablado, criando a capa do DVD, por enquanto mantida a sete chaves. O bailarino de dança contemporânea Ari Coelho tem outra surpresa para a noite de clássico e choro: depois de assistir aos ensaios, escolherá momentos para uma performance corporal.

Duas de Ernesto

A regência e os arranjos ficaram sob a batuta do maestro Joaquim França. ;Ele já trabalhou muito conosco, conhece bem a orquestra e a música brasileira é a área dele;, afirma Fabianne. Durante a adaptação, ele contou com o apoio das musicistas e professoras Michelle Fiuza e Kátia Almeida. ;Fizemos um apanhado de compositores importantes da música brasileira. Era um sonho antigo nosso, o de quebrar o tradicional, incluindo dança e folclore na sinfonia;, revela o violinista e produtor da orquestra, Doner Cavalcante.


Outra surpresa são duas composições inéditas de Ernesto Nazareth, incluídas no programa. A família permitiu que duas composições, Polonaise e Pirilampago, encontradas recentemente, fizessem parte do repertório. Segundo o produtor Doner Cavalcante, as partituras foram encontradas há cerca de cinco anos, nos arquivos de um parente de Nazareth. Como há familiares do maestro e precursor do choro morando no Guará, a orquestra os procurou para ter acesso a esse material inédito. ;Algumas peças compostas para o piano são dificílimas de tocar. Exigem que o pianista tenha três mãos;, brinca. Mas o resultado parece ter caído no gosto do time de instrumentistas. ;A mistura de sons tem agradado os músicos e o timbre que alcançamos é peculiar;, relata a presidente de orquestra.


O projeto que mescla o clássico e o choro foi batizado de Popularizando a Sinfonia, mas permitir o acesso não foi a única motivação para a escolha do gênero. ;Brasília hoje é um dos grandes polos de chorinho, muitos músicos bons se destacam pelo país. O Clube do Choro é uma grande escola. Tem menino novo tocando muito;, comemora Fabianne, que também é violinista da Filarmônica. Ainda não há data para o lançamento do DVD. A expectativa é que ele esteja no mercado no ano que vem.

Para saber mais

Pesquisa e repertório

A Orquestra Filarmônica de Brasília foi criada em 1985, para estimular a preservação da cultura brasileira. O foco do trabalho é a pesquisa de repertório sinfônico, erudito e popular, a divulgação de obras inéditas e o desenvolvimento de projetos sociais. Desde a criação, a orquestra, hoje composta por 50 instrumentistas, já se apresentou em concertos populares, voltados para o público jovem e em diversas cidades do Distrito Federal. Em 1995, a Filarmônica participou das comemorações dos 35 anos de Brasília. Francis Hime, Elomar, Xangai, Rosa Passos, Sá e Guarabyra, Guilherme Arantes e Dominguinhos são alguns dos nomes que dividiram o palco com a orquestra em diversas ocasiões.

Repertório

  • Lamento (Pixinguinha/Vinícius de Moraes)
  • Ingênuo (Pixinguinha/ Benedito Lacerda)
  • Marangoni (João Tomé)
  • Naquele tempo (Pixinguinha/ Benedito Lacerda/ Reginaldo Bessa)
  • Só se for agora (Robson Rodrigues) ; Célia Porto
  • Polonaise (Ernesto Nazareth)
  • Pirilampago (Ernesto Nazareth)
  • Noites cariocas (Jacob do Bandolim/ Hermínio Bello de Carvalho)
  • Doce de coco (Jacob do Bandolim/ Hermínio Bello de Carvalho) (hamilton)
  • Pros anjos (Hamilton de Hollanda)
  • Aquarela na quixaba (Hamilton de Hollanda)
  • Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo) (hamilton)
  • Tico tico no fubá (Zequinha de Abreu)


CHORO SINFÔNICO
A Orquestra Filarmônica de Brasília grava o DVD hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos:
R$ 40 e R$ 20 (meia). Classificação indicativa livre.

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