Em boa parte das novelas, as grandes revelações ficam para o fim. Mesmo assim, o telespectador não deixa de acompanhar assiduamente todo os capítulos e fica atento aos detalhes que podem elucidar questões cruciais da trama como quem matou fulano, com que a mocinha vai terminar ou se o vilão vai ser punido.
E é inspirado nesse mote dos folhetins televisivos, uma paixão nacional, que os diretores Ricardo César e Valdeci Moreira decidiram levar para os palcos, a partir de hoje, a peça O mistério de Helmut Berger, livre adaptação do texto original O deus nos acuda, de Bráulio Pedroso. ;Estávamos buscando uma comédia e o texto do Bráulio é bem simples e direto, assim como as novelas. E é um tema que o público gosta e se identifica bastante;, comenta Valdeci.
O espetáculo conta a história de uma governanta chamada Fraulein Berta, que criou Guilhermina Bragança e Bragança ao lado do Dr. Olavo Vaz do Guimarães Bilac, advogado da família. Fraulein tenta roubar toda a herança da jovem Guilhermina e, para colocar seu plano em ação, elabora uma trama infernal. ;Tem todo um aspecto novelesco mesmo e ainda guarda um grande segredo. Qual é o real mistério por trás de Helmut Berger? Quem é esse personagem? Ele está em cena, mas ninguém sabe quem é. E aí só no fim é que teremos essa grande revelação;, conta Ricardo César.
Durante a encenação, o público tem a oportunidade de assistir a hilariantes intervalos comerciais, como se estivessem em frente à tevê. Isso sem falar no figurino, assinado pelos diretores, que também faz alusão ao universo televisivo. ;O figurino é todo em preto e branco e inspirado nas fotonovelas e naquela tevê antiga;, observa o diretor Ricardo César.
Gama social
Um dos atores que integra o elenco de O mistério de Helmut Berger, Luiz Lukas, descobriu o teatro por meio do projeto social Espaço Semente, criado há três anos pelo diretor Valdeci Moreira. A iniciativa funciona no subsolo da loja de informática de Valdeci, no Gama, e além de oficinas gratuitas de teatro e música, oferece saraus e uma biblioteca. ;Senti a necessidade de fazer alguma coisa no Gama, pois não temos muita opção nesse sentido por aqui. A gente não tem um espaço cultural, só o Sesc e mesmo assim não são todos que têm acesso. Além da população do Gama, temos beneficiado gente de cidades vizinhas. Já que o governo não faz a parte dele, a gente faz;, comenta o diretor.
Atualmente, o grupo de teatro criado por Valdeci conta com 38 atores, gente de todas as idades, inclusive, um iniciante de 72 anos. O projeto está na terceira turma e está encenando, no Gama e na zona rural da cidade, o espetáculo Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. ;Faço questão de encenar autores brasileiros. É importante para todo mundo conhecer a nossa cultura, principalmente quem não tem muita oportunidade;, frisa.
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Criador versátil
O dramaturgo paulista Bráulio Pedroso (1931 ; 1990) é autor de grandes sucessos da televisão, como as novelas O cafona, O rebu, Feijão maravilha e o clássico Beto Rockfeller, comédia que foi um grande sucesso de audiência e que consagrou o ator Luís Gustavo. Também escreveu para o teatro como a peça O Deus nos acuda, encenada pela primeira vez em março de 1975, no Teatro Princesa Isabel no Rio de Janeiro, com direção de Jô Soares que também interpretou o personagem Manfredo, o Mau.
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Hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h, no Espaço Cultural Brasília Shopping (SCN Q. 5 Ed. Brasília Shopping ; 1; piso). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia). Informações: 2109-2122 e 2109-2136. Não recomendado para menores de 14 anos. Até 7 de novembro.