Diversão e Arte

Recitais e encontros provocam discussões sobre processos de criação

postado em 16/10/2010 08:30
Crônica e poesia em discussão. Hoje, a partir das 19h, na 29; edição Feira do Livro de Brasília, Jones Schneider intermedia encontro entre a cronista do Correio Conceição Freitas e a poetisa Gracia Cantanhede. O evento, programado para ocorrer no palco da Secretaria de Cultura do GDF, é realizado pelo projeto Terça crônica, que procura debater a obra e o processo de criação de cronistas da cidade e de outras regiões.

Schneider, com o músico Alex (D), parceiro no projeto: %u201CA feira é um espaço inusitado. Um espaço aberto%u201DSchneider espera a participação ativa do público nas apresentações. ;Converso com o cronista sobre qual a relação dele com a literatura, o que o leva a escrever, e os principais temas. A feira é um espaço inusitado, porque a gente não sabe o que pode acontecer. É um espaço aberto. Talvez as pessoas se sintam mais íntimas a ponto de querer participar;, conta.

Enquanto Conceição Freitas escreve majoritariamente sobre a capital e é por ela inspirada, Gracia, que também é cronista, mistura memórias da infância vivida no sul de Minas Gerais, em Campos Gerais, com suas impressões sobre a cidade que a acolheu na vida adulta. ;Brasília é uma vivência de mulher adulta, que trouxe coisas de outros lugares. Aqui me realizei como mulher, mãe e profissional. Eu sou fácil para gostar das coisas, todo lugar acho interessante. Imagine aqui, onde realizei tanta coisa!”, explica Gracia. A poesia escrita pela mineira é menos tributária do estilo clássico e mais próxima da ambientação de uma crônica, resultado da observação e do registro do cotidiano.

Conceição, no espaço Crônica da Cidade, do Correio, reflete sobre tudo que vê e lhe chama a atenção: personagens, histórias e mudanças. Aquilo que a espanta, tanto no centro como nas regiões administrativas, também costuma ser traduzido por meio das crônicas. ;O que tento fazer é mostrar o que estou vendo. É meu modo de decifrar a cidade. A crônica tem esse olhar impressionista e intimista;, revela.

Recital
Na espaço Arca das Letras, a partir das 19h, os poetas Menezes & Morais, José Edson dos Santos e Nonato Freitas homenageiam, recitam e discursam sobre a obra dos escritores Sousândrade, Torquato Neto e Patativa do Assaré. O maranhense Sousândrade é autor do livro Harpas selvagens, estudou na Universidade de Sorbonne, em Paris, e teve obra literária esquecida durante décadas. Torquato Neto, piauiense, compôs letras de música para Gilberto Gil, Caetano Veloso na década de 1960, período efervescente da contracultura nacional.

Freitas, que foi amigo do cearense Patativa do Assaré, morto em 2002, conta que o escritor ficou no anonimato por muito tempo, apesar de ser dono de uma obra importante. ;Homem da roça, de família extremamente pobre. Tinha um talento muito grande, era autodidata, um homem que tinha todo o perfil do caipira, muito humilde. Estudou pouco, durante seis meses, só para aprender rudimentos da matemática e da nossa língua. Acho importante nele o espírito aguçadíssimo para criticar as situações sociais, contando a fuga do nordestino em direção ao sul do país, no poema A triste partida;, explica. No recital, os participantes farão palestras sobre os poetas e organizarão rodas de leitura.

Lançamento
Um catarinense de origem cearense, que escreve sobre qualquer coisa, o tempo inteiro. Este é Rui Nogueira, 70 anos, médico, escritor de ficção e de tudo que lhe interessar: política, sociedade, ecologia, água, economia e patriotismo. Autor de 21 livros, ele lançou, no último sábado, durante a feira, mais quatro títulos: destaque para dois romances, Bença, meu padrim, ambientado no nordeste dos anos 1920, e O fluido etéreo do amor. Ontem, ele deu a palestra A importância do conhecimento e da leitura para o desenvolvimento humano. Para ele, o conhecimento é coisa mais valiosa que um ser humano pode adquirir e uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento do país. ;Duas coisas que um país tem que ter: saber fazer e conhecimento;, ele comenta.

PROJETO TERÇA CRÕNICA
No palco da Secretaria de Cultura, encontro entre a cronista Conceição Freitas e a poetisa Gracia Cantanhede, a partir das 19h. Na Arca das Letras, em mesmo horário, os poetas Menezes & Morais, José Edson dos Santos e Nonato Freitas homenageiam a obra dos escritores Sousândrade, Torquato Neto e Patativa do Assaré. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

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