Diversão e Arte

Primeiro livro da saga medieval A guerra dos tronos ganha edição brasileira

E vem impulsionada por adaptação para a TV

postado em 17/10/2010 08:00

E vem impulsionada por adaptação para a TVFalar em literatura fantástica e não citar o inglês J. R. R. Tolkien é quase um absurdo. A trilogia O senhor dos anéis, publicada na metade dos anos 1950, fez milhões de fãs ao cair nas mãos do diretor Peter Jackson e ganhar as salas de cinema, e ainda alimenta um gigantesco universo imaginário e poético. A influência pode ser percebida nos filmes, nos jogos de videogame e de RPG, e até no mundo dos livros.

Talvez, daqui a algumas décadas, Tolkien e sua Terra Média (expandida em outros livros, alguns inacabados) recebam companhia do norte-americano George R. R. Martin. O universo deste escritor, 62 anos, nascido em Bayonne, Nova Jersey, não envolve criação de novas línguas (como o élfico de Tolkien), anéis diabólicos ou a disputa pelo poder entre orcs, elfos, humanos e anões. Mas é igualmente ambicioso. A guerra dos tronos, primeiro volume da saga de sete livros As crônicas de gelo e fogo ; os últimos três ainda não estão prontos ;, enfim chega ao Brasil, pela editora LeYa, pronto para arrebanhar uma nova legião de leitores.

Em Westeros, o mundo ficcional criado por Martin, o longo verão está perto do fim. E o inverno promete ser severo. Num continente primariamente habitado por humanos e anões, poder significa prestígio, domínio e sobrevivência. A guerra dos tronos, publicado em 1996 nos Estados Unidos, está mais para uma ficção do período medieval do que para a Terra Média. E a narrativa também não vai fazer os leitores se lembrarem dos longos e densos parágrafos de Tolkien. Apesar disso, ele não nega o legado deixado pelo inglês. ;Acho que Tolkien é uma influência em todos os escritores de fantasia. Certamente foi em mim, li O senhor dos anéis na adolescência. Mas somos pessoas diferentes, vivemos em mundos diferentes, e necessariamente há uma grande diferença na fantasia que criamos;, revelou.
Martin é econômico, e mesmo assim convincente ao organizar os acontecimentos em capítulos curtos, por meio do ponto de vista de um personagem. A história é contada em três eixos. ;Acredito no ponto de vista de um personagem. Acho que essa é a maneira como percebemos a vida no mundo real: nós não sabemos o que outras pessoas estão pensando, nós só sabemos o que vemos com os nossos olhos e percebemos com os outros sentidos. Eu tento entrar na pele dos personagens e escrever a história da maneira como os eles percebem as coisas;, explica ao Correio.

George R. R. Martin: Nos Sete Reinos, Eddard Stark é chamado pelo rei Robert Baratheon para ocupar o cargo de Mão do Rei (algo como primeiro-ministro), depois da misteriosa morte do antecessor Jon Arryn. O assassinato foi obra da família Lannister, e a primeira-dama Cersei é a principal suspeita. Na Muralha, que demarca a fronteira dos Sete Reinos, a Patrulha da Noite reforça suas defesas contra ameaças sobrenaturais vindas da Floresta Assombrada: os Outros.

A descrição desses sujeitos desconhecidos vai fazer os leitores se lembrarem dos cavaleiros negros da trilogia dos anéis, os Nazg;l. No leste, os irmãos Viserys e Daenerys Targaryen, membros da família derrotada por Baratheon na luta pelo Trono de Ferro, querem vingança e a reconquista de Westeros, a região onde se passa a trama. Entre cavaleiros e donzelas, o personagem favorito de Martin é Tyrion Lannister, um anão que responde pelas passagens mais divertidas do livro.

Na telinha
As crônicas de gelo e fogo ainda não terminaram, mas os títulos já têm compromisso com adaptações para a televisão, pela HBO, canal a cabo conhecido pelo catálogo de seriados (A sete palmos, Família Soprano e Sex and the city). George Martin, que, em 1986, trabalhou nos roteiros do primeiro remake da série Além da imaginação (The twilight zone), vai acompanhar de perto as filmagens, como roteirista e produtor.

A transposição para a telinha deve cobrir um livro por temporada (como acontece com True blood). O primeiro, A guerra dos tronos, tem estreia prevista para março ou abril do ano que vem e conta com um nome bastante conhecido no elenco: Sean Bean (o Boromir de O senhor dos anéis) dá vida a Eddard Stark. ;Pelo que vi até agora, a série vai ser bem fiel aos livros. Alguns cortes terão de ser feitos. Mas acho que a maioria dos fãs ficará feliz. Claro, há sempre aqueles que não vão gostar. Ainda existem fãs de Tolkien que não gostam dos filmes de Peter Jackson, porque ele cortou Tom Bombadil da trama. Mas é uma minoria;, acredita o escritor.

A tradução
O selo português LeYa, atuante no mercado editorial brasileiro desde 2009, causou polêmica entre fãs da série épica ao lançar A guerra dos tronos no país. Quando o portal de entretenimento Omelete divulgou o primeiro capítulo do livro na internet, em agosto, descobriu-se que o texto não foi traduzido direto do inglês, mas adaptado da tradução portuguesa, feita por Jorge Candeias. O tradutor escreveu, em post publicado em seu blog (www.lampadamagica. blogspot.com), que ficou sabendo da adaptação por meio do Twitter. ;Reagi com completa estupefação;, desabafou. Em nota, a editora disse ao Correio que está satisfeita com o trabalho de Candeias e que pretende concluir a série nos próximos dois anos.

George R. R. Martin: A guerra dos tronos

De George R. R. Martin.
Editora LeYa, 592 páginas.
Preço médio: R$ 49,90.

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