Diversão e Arte

Internado há 20 dias, Seu Teodoro não foi à Festa da Morte do Boi

Mas o filho fez as honras da casa e comandou a brincadeira, que há 47 anos enche os olhos do público da cidade

postado em 18/10/2010 08:31
A festa era dele, mas o anfitrião não estava presente. Internado há 20 dias por conta de uma pneumonia, Teodoro Freire não pôde confraternizar com os amigos durante a 47ª Festa da Morte do Boi de Seu Teodoro, neste fim de semana, em Sobradinho. Mas o filho fez as honras da casa e comandou a brincadeira, que há 47 anos enche os olhos do público da cidadeA chuva ainda não havia decidido se finalmente cairia em Brasília e o forte calor pegou Seu Teodoro de jeito. Aos 90 anos, o maranhense não resistiu às mudanças do clima e desmaiou. O estado de saúde do homem que trouxe a tradição do bumba-meu-boi do Maranhão para a capital do país hoje é estável. O filho Guarapiranga torcia para uma melhora do pai a tempo da festa, mas, como não foi possível, fez as honras da casa e convidou o público presente para a abertura da programação de sábado. "Estamos todos com o pensamento positivo para a recuperação do meu pai. Essa festa é o resultado do trabalho de anos que ele fez na cidade, então não poderíamos deixar que ela não acontecesse", disse Guarapiranga durante a comemoração. A festa, que engloba música, literatura, dança e cinema, começou com o lançamento do livro/CD infantil História pra boi casar, da escritora e jornalista Alessandra Roscoe. Depois, houve exibição do filme Bumba Seu Teodoro Meu Boi, dirigido por Pedro Lacerda. Na tela, Seu Teodoro explicava a importância de manter as tradições folclóricas vivas: "No Brasil, estamos desprezando o que é nosso para dar valor ao que vem de outras nações", indignava-se o homem que luta para manter a cultura popular viva. O cacuriá, dança típica do Maranhão, embelezou o palco e antecedeu o batizado do tambor de crioula de Seu Teodoro. Diretamente do estado nordestino vieram os grupos Baile de Caixa, Companhia Barica, Boi de Morros e Boi de Santa Fé - esse último fez o público ficar com os olhos fixos diante da luminosidade que as miçangas e os canutilhos bordados davam à indumentária do grupo. "Gosto de cultura popular e achei tudo muito organizado. Vim do Gama só para conhecer de perto a festa", contou a funcionária pública Iris Lucena, de 57 anos, que sempre teve a curiosidade de ver o trabalho de Seu Teodoro e foi pela primeira vez à Festa da Morte do Boi. Na sexta-feira, a abertura ficou com o Boi de Seu Teodoro, que recebeu como convidados a percussão Batucatá, a bateria do Bola Preta e os grupos Boi de Santa Fé, Boi de Morros, Companhia Barrica e Josias Sobrinho. Ontem, a festa começou às 2h com o tradicional enfeite do Mourão e a alvorada com tambor de crioula. À tarde, a programação continuou com teatro de bonecos, capoeira e a matança simbólica do boi com a distribuição de vinho tinto para os convidados. Patrimônio Seu Teodoro veio para Brasília em 1961, trazido pelo poeta Ferreira Gullar, então secretário de Cultura do Distrito Federal. No primeiro aniversário da cidade, lá estava ele brincando com o boi na Rodoviária do Plano Piloto. Decretado Patrimônio Cultural Imaterial do DF em 2004, o bumba-meu-boi de Seu Teodoro é conhecido pela expressiva e notável divulgação da cultura maranhense. A festa Considerada uma ópera popular, a morte do boi é comemorada em Brasília no mesmo local desde 1963. A história envolve um rico fazendeiro que, para satisfazer a vontade da esposa, decide matar o boi, que foge e conta com a ajuda do povo. Mas o boi é pego por um capataz, que o mata. A partir desse ponto, iniciam-se os festejos com cantos, danças e comidas típicas.

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