postado em 22/10/2010 08:00
O condomínio Porto Rico, uma das áreas de Santa Maria, foi regularizado durante o governo de José Roberto Arruda, em 2009. Apesar do nome com que foi batizado, o estado das ruas não asfaltadas, cheias de buracos e com iluminação pública deficiente é a parte visível do descaso governamental que impera na região. Outra medida da ausência estatal dentro da cidade, bem menos explícita e talvez tão danosa quanto a urbanização incipiente, é a falta de um espaço cultural de qualidade dentro do condomínio. O cinema mais próximo fica no Shopping Sul, na cidade goiana de Valparaíso. Por lá, os ingressos custam R$ 12 e R$ 6 (meia).Por essa razão, a cidade foi selecionada para receber, por pelo menos uma noite, uma sessão de cinema da Mostra Brasil Candango. ;Nós nos preocupamos em atender as áreas mais carentes, onde não existe nenhum equipamento cultural;, explica o coordenador da Mostra Atanagildo Brandolt. Há cinco anos, durante os meses de março e novembro (período em que chove menos), o projeto de cinema ao ar livre percorre as regiões mais pobres do Distrito Federal e Entorno. Mas já esteve até na cidade de Melo, no Uruguai.
Com o patrocínio da Petrobras, um caminhão que se transforma em ponto de projeção carrega a tela inflável, as 600 cadeiras de metal e todo o material necessário para as sessões. Em mais ou menos uma hora, tudo fica pronto para receber a plateia. Dentro da cabine com ar-condicionado, um projetor digital e outro de película (o Strong importado dos Estados Unidos recentemente) ajudam a espalhar a magia do cinema pelas cidades por onde o projeto passa.
O projecionista Hélio Jorge, 33 anos, tem 16 de experiência na profissão, mas nunca havia usado um equipamento tão novinho. Com orgulho, Jorge vai mostrando uma por uma as partes da máquina. ;Aqui tem a lente plana, semiplana e scope;, explica sobre os formatos de exibição em 35mm. Sentada nas cadeiras armadas para a exibição do longa-metragem de animação Brichos (2007), de Paulo Munhoz, na noite da última sexta-feira, na Escola de Ensino N;1 Porto Rico, a adolescente Aline Moreira, 15 anos, não faz ideia de que existem tais termos técnicos no jargão cinematográfico, mas sabe opinar sobre o que assiste e ouve. ;Parece que no cinema fechado o som fica mais alto, mais emocionante, sabe? Mas é muito bom estar aqui;, opina a estudante.
O açougueiro Denildo Wilson Mendes, 42 anos, nunca levou os três filhos à uma sessão em salas convencionais. ;Eles assistem filmes pela televisão ou nessas sessões aqui em Santa Maria;, admite o pai. A família Mendes e Aline engrossaram o número dos cerca de 2 milhões de espectadores de filmes nacionais que já foram atendidos pelo projeto. ;Nosso objetivo maior é a formação de plateia para o cinema nacional;, reconhece Brandolt. O projeto também oferece oficinas de introdução ao audiovisual para as comunidades.
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De hoje a domingo, às 19h, no Campo de Futebol da Praça Central da cidade de Céu Azul-GO. Hoje, exibição do curta-metragem Vida Maria, de Márcio Ramos, e do longa-metragem Brichos (classificação indicativa livre), de Paulo Munhoz. Amanhã, Mauro Shampoo, jogador, cabeleireiro e homem, de Leonardo Cunha e Paulo Henrique Fontenelle, e Tapete vermelho (não recomendado para menores de 10 anos), de Luiz Alberto Pereira. No domingo, exibição de A onda, festa na pororoca, de Cássio Tavernard, e Garoto cósmico (classificação indicativa livre), de Alê Abreu.