Diversão e Arte

Marco Rodrigues questiona a vida mecanizada e o imediatismo em exposição

postado em 26/10/2010 09:38
Obra Cabeça, uma das peças de Marco RodriguesDepois de oito anos sem realizar mostras individuais, Marco Rodrigues exibe até esta sexta-feira, no Garvey Park Hotel, 30 telas em um conjunto intitulado EntreMeios. Definido pelo próprio pintor como intimista e construtivista, o trabalho é feito com técnicas antigas. ;Ainda pinto a óleo, tinta usada há pelo menos 500 anos. Hoje em dia, por conta da praticidade, os artistas preferem acrílico. Eu executo a velha e boa pintura, um modernismo tardio. ;

Rodrigues retrata uma mistura de emoções a serem identificadas e interpretadas pelo observador. ;Minha produção está entre o formal e o informal, já que, além de pensada, ela carrega intuição e ocasionalidade. Creio não existir abstração que não represente algo e que nenhuma representação em algum momento não se abstraia;, descreve.

O artista plástico afirma que seus quadros têm por objetivo demonstrar a consequência do excesso de informação à sociedade atual. ;Por conta da veiculação exagerada de notícias e imagens, o espectador absorve apenas o superficial das coisas. A vida hoje é mecanizada e artificial. Meu trabalho é uma vã tentativa de que as pessoas repensem isso.;

Composição é uma das 30 pinturas que ficam expostas até a próxima sexta-feira no Garvey Park HotelPara ele, hoje em dia é raro encontrar a verdadeira pintura, aquela que não sofre influência do mercado. ;O comércio acaba prejudicando o trabalho do artista. Ele tem de executar a obra em um dia e, no outro, o quadro deve estar na galeria. Esse imediatismo faz com que a arte seja desvalorizada, principalmente se tratada como objeto decorativo.;

A tela O sentimento contido ao amanhecer ; óleo sobre tela em 110cm x 150cm ; é um exemplo de sua maneira de trabalhar. A obra foi iniciada em 1996 e finalizada recentemente. ;Em anos de trabalho, ele conseguiu consolidar uma identidade. Quem vê sua obra, reconhece o autor;, comenta Railda Costa, 46 anos, proprietária da galeria onde Marco Rodrigues expõe esta semana.

Gregório Soares Rodrigues de Oliveira, 22 anos, segue os passos do pai. Estudante de artes plásticas, conta que a convivência com Marco foi fundamental na escolha do curso: ;A arte dele me influenciou. Mas venho aprendendo o que é ser artista na universidade;. Ele desenha desde pequeno e teve a adolescência marcada pelo grafite. ;A arte de rua envolve, também, questões sociais;, ressalta.


ENTREMEIOS

Exposição de Marco Rodrigues, aberta ao público até sexta-feira, das 9h às 18h, no Edifício Garvey Park Hotel (SHN Q. 2, Cj. J Lj. 130). Entrada franca. Informações: 9933-7980.

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