Diversão e Arte

Coletânea de textos de Ruy Castro alia reflexão crítica a humor

postado em 27/10/2010 08:00
Do rato que virou herói aos chineses que andam de pijama nas ruas, sem se esquecer das lembranças de um jogo arrasador de Garrincha diante do Flamengo. Quem conhece Ruy Castro pelas biografias que escreveu (Garrincha: a estrela solitária, O anjo pornográfico e Carmem Miranda) ou pelas narrativas inspiradas na bossa nova e no Rio de Janeiro não vai se surpreender com os textos inteligentes e informativos de Ruy Castro: crônicas para ler na escola, lançamento da editora Objetiva. Quem não conhece vai correr atrás de outros livros, como um jovem leitor que acabou de descobrir um novo divertimento. Os textos escolhidos pela professora Sylvia Cyntrão, do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB, cobrem uma produção registrada em Amestrando orgasmos (2006), livro de crônicas publicadas na extinta revista Manchete, em Ungáua! (2007), e na coluna que o escritor e jornalista mantém no jornal Folha de S.Paulo. ;Sabia que ela faria uma seleção equilibrada, divertida e com um apelo universitário que eu não seria capaz de realizar;, comenta Ruy.

A despeito do título, o autor nunca pensou que suas crônicas serviriam de inspiração para um livro ou mesmo uma coletânea direcionada às salas de aula. ;Não, nem mesmo imaginei que um dia sairiam em livro. Mas não faço distinção entre o que é trabalho para jornal ou para livro. Acho que todo leitor deve ser respeitado e tento dar sempre o melhor;, acrescenta.

<b>RUY CASTRO: CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA</b><Br>De Ruy Castro. <Br>Editora Objetiva, 160 páginas. <Br>Preço médio: 29,90.Respeitado e instigado. Com a ironia a serviço da reflexão, Ruy escreve breves, mas perspicazes observações sobre ciência, comportamento, futebol, história e cultura popular. Nos tópicos políticos, a ironia é reforçada com um tom de crítica. ;Costumo dizer que a humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que fingem que se levam a sério, que são a grande maioria, e as que fingem que não se levam a sério, o que é o meu caso. O fato de escrever com certo humor sobre assuntos ditos sérios não impede que algumas ;reflexões; minhas também contenham seriedade. Quando descubro um assunto sobre o qual me decido a escrever, é porque ele me provocou alguma reação, contra ou a favor. Mas, como não consigo deixar de ver um certo ridículo em quase tudo que nos cerca, os textos acabam saindo meio engraçados;, constata.

Aos jovens leitores
Este Crônicas para ler na escola, dividido em quatro seções temáticas (sempre na ordem lugar/olhar), mobiliza uma leitura rápida de suas 160 páginas e exibe o que há de melhor no terreno da crônica: um texto informativo, como o do jornalismo, mas que se sente mais à vontade com os temas de que se utiliza, como o da literatura. ;Ela permite que se escreva engraçado sobre assuntos sérios e a sério sobre assuntos engraçados. E, cá entre nós: há outra maneira de abordar certos assuntos que aparecem na página de ciência dos jornais?;, acredita.

Para Ruy, apesar dos atrativos criados pelas imagens da televisão e do cinema, e da nova experiência social alimentada pela internet, os jovens estão lendo como nunca. ;Quem tem preguiça de ler não precisa de desculpas para não ler. E acho que a internet, por incrível que pareça, está despertando nos garotos a prática da leitura ; afinal, a tela do computador mostra muito mais texto do que figurinhas;, analisa.

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