Diversão e Arte

Siron Franco expõe pinturas e esculturas com referências autobiográficas

Nahima Maciel
postado em 29/10/2010 08:00
Segredo número 23: escultura em açoSiron Franco estava na Venezuela quando começou a produzir o primeiro dos trabalhos que mostra a partir de hoje em Segredos, na Caixa Cultural. O artista goiano ainda não sabia, mas a chave do quarto do hotel no qual se hospedava era um dos acasos que o conduziria à pintura intitulada O primeiro segredo, espécie de ponto de partida para o circuito de obras confeccionadas entre 2005 e este ano. Referências autobiográficas pontuam a produção recente do artista e impregnam a exposição em cartaz na Caixa, embora sejam necessárias algumas explicações de Siron para constatar sua presença nas pinturas e esculturas.

A chave venezuelana foi associada a uma mistura de pó de ouro para reproduzir a fechadura proposta em O primeiro segredo. O visitante é convidado a desvendar a pintura ; um conjunto de 17 CDs dispostos sobre a pintura negra ; para adentrar as obras seguintes. E há o que desvendar. Nada é explícito nesse conjunto de 15 obras. ;Sou um artista visual e tenho conceitos sobre o meu trabalho, mas ele é aberto. São pinturas em que você tem que estabelecer uma ordem na qual quer ver, não tem um espaço focal. Todo o espaço da obra é vibrante;, avisa. ;Você vai montando ao longo da contemplação.;

Siron Franco e suas esculturas: Siron vai além da figuração, que quase desaparece sob densas camadas de tinta. O gestual e os materiais escondem os segredos propostos, na verdade detalhes dispostos em pequeninos cantos dos quadros. A escultura Segredo número 21, uma fogueira em mármore sintético, carrega uma história materna. Durante as festas de são-joão, a mãe do artista costumava andar sobre a brasa da fogueira. ;Mas quando eu tocava o pé dela, ele estava frio. Isso me impressionava muito;, conta ele, que não realizava exposição em Brasília desde 2007.

Cada peça da fogueira encerra um segredo. São bonequinhos de plástico incrustados no material. A temperatura fria natural do mármore e a simbologia do branco combinam uma série de significados. ;Fiz uma homenagem a ela, que é uma fogueira com toda essa coisa do imaginário católico e popular.; Foi em uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, em 2007, que o artista começou a revelar os segredos ao público. Naquela época ainda não tinha noção de estar já debruçado sobre uma nova série. A novidade, aponta o amigo Charles Cosac em texto para o catálogo da mostra, são os ;olhares velados pelo excesso de terebentina diluída na tinta a óleo;.

; ILHAS DE LIXO
; No Átrio dos Vitrais da Caixa, os arquitetos do grupo BijaRi montaram a instalação Oceanos invadidos, uma tentativa de conscientizar os visitantes para o perigo da poluição no planeta. O trabalho recria o ambiente do oceano em degradação com um conjunto de objetos que inclui uma baleia jubarte construída com plásticos e garrafas pet, anêmonas em forma de pufe e um vídeo que apresenta o trajeto de um saco plástico entre um bueiro e o oceano. O projeto nasceu do espanto diante da notícia da existência de uma ilha de lixo formada principalmente por plástico no meio do Oceano Pacífico. ;Setenta por cento da poluição dos oceanos é plástico;, diz Gustavo Godoy, integrante do grupo. ;Acredito que a arte tem esse poder de tratar questões da realidade sob outra ótica e isso acaba por despertar as pessoas.;

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