Diversão e Arte

Alegria e pé na estrada com o grupo Circo Teatro Artetude

postado em 02/11/2010 08:00
"Vamos nessa, que vai ser bom à beça", anuncia com regozijo o palhaço Mandioca Frita. Ele, junto com os companheiros de guerra e sobretudo, de alegria, Chaubraubrau, Raquaquá, Tapioca e Espiga de Milho, integrantes do grupo Circo Teatro Artetude, estão na estrada desde ontem mambembando Brasil afora. O quinteto deixou Brasília e segue rumo ao Recife, onde vai participar do Festival de Circo do Brasil. É a primeira parada de uma saga de 45 dias e quase 10 mil km que percorrerá Pernambuco, Ceará, Tocantins e Rio de Janeiro. Vão levar arte, cidadania e encantamento para os eventos que estão na agenda da trupe, como o Festival do Cariri, no sertão cearense, e o Festival Anjos do Picadeiro, um grande encontro de palhaços do mundo todo, na Cidade Maravilhosa. O Correio acompanhará a caravana do Artetude e publicará no jornal e no site (www.correiobraziliense.com.br) um diário de bordo com os principais momentos dos artistas pelo país. "É uma maneira de divulgar a arte de Brasília, mostrar o movimento cultural que tem no Distrito Federal. Ao mesmo tempo, as pessoas daqui vão conferir o que os artistas da cidade andam aprontando por aí. Isso é importante pra todos", comenta o palhaço Raquaquá, personagem de Ruiberdan Saúde, que, além de um dos fundadores, é o motorista e o tesoureiro da turma. Irmão de Ruiberdan, Ankomárcio é o coordenador da trupe e também vive Chaubraubrau no picadeiro. Para ele, a caravana do Circo Teatro Artetude é a oportunidade que acalentavam há anos. Mesmo já tendo percorrido vários recantos do país, agora o grupo está mais amadurecido, não só artisticamente, como em termos de estrutura. "É a viagem que a gente está treinando há um tempão. Será a concretização de um sonho. É a primeira vez que vamos ter a oportunidade de fazer tudo que a gente sempre quis. Estamos com uma estrutura melhor de luz, som, cenário, figurino e vamos chegar a lugares onde não chega nada", comemora. Um dos mais entusiastas da viagem é Marco Aurélio Feresin, o Tapioca. Antes mesmo de entrar para o grupo, ele ansiava aliar viagens com trabalho. Para o palhaço e acrobata, não há emoção maior do que sair desbravando os brasis levando na bagagem arte, cidadania e sonhos. "É uma grande realização mostrar o meu trabalho e ainda conhecer o país. Sempre quis isso desde menino porque o circo faz parte da minha vida há tempos", comenta ele, que também é o faz-tudo no Artetude, o responsável pela parte técnica, como montar palco, iluminação e outros equipamentos. Já para Júlio César Macedo, ou melhor, Mandioca Frita, tido como o mestre deles, a experiência de sair rodando por várias cidades brasileiras é sempre marcante. No entanto, deixa o coração bem apertado. "É mais uma emoção na nossa vida. Na vida viva de um palhaço. Porém, estou deixando os meus cinco filhos e 10 enteados pra trás. A saudade já está batendo. Mas ele entendem que isso aqui é, antes de tudo, o meu trabalho e a minha vida", destaca. Espiga de Milho, Pablo Ravi, o responsável pela parte musical do quinteto, também conhece o diassabor de ficar longe da família e dos amigos, principalmente, durante tanto tempo. Entretanto, faz questão de destacar o outro lado da moeda. "É meio complicado, mas faz parte. Eles acabam entendendo. Para a gente é um grande aprendizado, porque conhecemos outros artistas, é uma troca profissional e isso engrandece os nossos espetáculos. Vale a pena", comenta. Lindinha Só marmanjos fazem parte do Circo Teatro Artetude, mas há cinco anos a trupe ganhou um "ser feminino", como lembra Raquaquá. Lindinha é ao mesmo tempo palco, cenário, camarim e até já serviu de quarto de hotel. Mas é antes de tudo uma jardineira muito charmosa que leva os artistas para todo canto. Recentemente, o veículo, um modelo de transporte escolas norte-americano, ganhou motor novo e só deixou os palhaços na mão uma vez. "A gente estava indo para o Rio, e ela começou a dar problemas na subida das serras fluminenses. Aos trancos e barrancos, acabou chegando. O mais interessante é que ela quebrou mesmo na porta do evento. Lá na Fundição Progresso. Fundiu na fundição", recorda, Ankomárcio, entre risos. Quem batizou a jardineira amarela foi Mandioca Frita. Ele conta que, hoje em dia, Lindinha acaba chamando mais a atenção do que os próprios palhaços. "Tem vezes que passamos nas barreiras da Polícia Rodoviária e os agentes nos param. Mas é pra tirar fotos. É um barato", observa. E é nela que boa parte dos 10 mil km do trajeto vai ser cumprido (só o trecho entre Fortaleza e Palmas será de avião). "Lindinha dá conta do tranco. Pelo circo, vale tudo, porque ele é o símbolo do sonho real", resume Ankomárcio, o palhaço Chaubraubrau. Teatro de rua Criado há 10 anos, o grupo é formado por Ankomárcio Saúde (Chaubraubrau), Ruiberdan Saúde (Raquaquá), Marco Aurélio Feresin (Tapioca), Pablo Ravi (Espiga de Milho) e Júlio César Macedo (Mandioca Fita). Voltado para o resgate e a reintrodução da linguagem do teatro de rua, do circo e do brincar popular, desenvolve oficinas e espetáculos com elementos tradicionais como palhaços, pernas de pau, malabares e canções populares. Possui sua sede em uma lona de circo montada no Clube da Imprensa de Brasília. Diário de bordo Até 12 de dezembro, data do retorno do Circo Teatro Artetude para Brasília, o Correio vai acompanhar todos os passos dos palhaços. Numa espécie de diário de bordo da trupe, todas as vezes em que eles chegarem a uma localidade diferente, o jornal e o site vão publicar fotos e um resumo com os destaques do dia enviados pelos próprios artistas. O grupo também transmitirá toda essa experiência pela internet e registrará a viagem por meio de filmagens que serão exibidas posteriormente no Canal Futura.

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