Diversão e Arte

Coral brasiliense embarca para festival internacional nos Estados Unidos

Regina Bandeira
postado em 03/11/2010 08:42
O brasiliense poderá assistir amanhã ao espetáculo que o coral de Brasília Cantus Firmus leva ao Festival de St. Louis, no Missouri (EUA), dentro de 13 dias. O concerto, que ocorre amanhã no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Iguatemi), às 20h, servirá como uma espécie de ensaio geral do recital que percorrerá outras duas cidades norte-americanas durante os 14 dias de turnê. "Essas apresentações são importantes para deixarem nosso espetáculo e repertório mais amadurecidos", afirma a maestrina Isabela Serkeff, 39 anos, idealizadora e regente do Cantus Firmus, e que nos últimos anos tem levado o coral a participar de festivais internacionais como forma de "autenticar" a qualidade do trabalho musical do grupo, que canta desde MPB até composições sacras dos séculos 16 e 17, além de músicas de câmara. Com regência de Isabela Serkeff, grupo Cantus Firmus canta amanhã na Livraria Cultura do IguatemiDos autores brasileiros, o grupo canta uma adaptação de Lata d'água, com arranjo de Marcos Leite, falecido diretor musical do grupo vocal Garganta Profunda); Lobo bobo, de Carlinhos Lyra e Ronaldo Bôscoli, também repaginada para coro; Eu vim da Bahia, de Gilberto Gil, em arranjo do compositor e regente de Brasília Nelson Mathias. Outro destaque do concerto é Aquarela do Brasil , de Ary Barroso, e Ave-Maria, de Villa-Lobos. Do repertório de músicas sacras e de câmara, Isabela trabalhou, entre outros, Locus iste, de Anton Bruckner, Hold on , de Moses Hogan, e Le chant dês oyseaux, do compositor renascentista Clément Janequin. Ao todo, 18 músicas farão parte da apresentação do grupo brasiliense no The American International Choral Festival St. Louis 2010 - USA, que ocorrerá de 17 a 21 de novembro, onde participará nas categorias música de câmara, sacra e folclórica. Segundo a maestrina, a participação em eventos internacionais também gera ganhos a longo prazo, uma vez que facilita a conquista de patrocínios no Brasil. Mesmo tendo completado 18 anos de exercício na capital, o coral não recebe apoio financeiro algum. Os integrantes bancam toda a despesa, apresentando-se em cerimônias de casamento e eventos culturais. A falta de interesse é creditada a uma característica da cultura brasileira. "Não temos a cultura de coros, que é muito fraca no país. Elegemos cantores, duplas, mas não há essa admiração por corais, pelo repertório dos coros", avalia. Nos EUA, o coral fará outras apresentações, sendo uma delas a convite da organização do próprio festival e somente com músicas nacionais. Nesse dia, o grupo dividirá o palco com outros três corais - um da China, um da Croácia e um americano. Cada um terá 25 minutos para apresentar músicas de seu país. Para a viagem, contará com 35 dos 40 integrantes de seu corpo fixo e, segundo Isabela, o grupo tentará fechar contratos para novas apresentações . O primeiro CD do Cantus Firmus, uma coletânea da primeira fase do grupo, foi lançado em Brasília, em 1999. Em outubro de 2004, o grupo gravou o segundo CD Nossa marca, cujo lançamento ocorreu em outubro de 2005. Este ano, o grupo gravou o terceiro CD, Cantus Firmus 18 anos, que será lançado em maio de 2011. Parceria Criado há 18 anos, pela maestrina Isabela Sekeff, o objetivo inicial dos12 integrantes era alegrar projetos sociais, numa espécie de trabalho voluntário. Aos poucos, o grupo foi se aperfeiçoando e mostrando vontade de tocar de forma mais profissional e regular. "Fui chamada para ajudar a ensaiar o coral da Serenata de Natal da UnB e nunca mais deixei de trabalhar com coros e como regente", lembra Isabela, 39 anos. Aos poucos, mais pessoas foram entrando no coral, que foi se tornando mais organizado e maior - atualmente, o corpo fixo tem 40 pessoas, que ensaiam há três anos na Escola Parque da 314 Sul. Com mais gente e mais shows, foi necessário chamar a especialista em técnica vocal Wilzy Carioca para trabalhar a qualidade dos cantores. A entrada de Wilzy, há 12 anos, permitiu que o trabalho de Isabela pudesse se aprofundar. "Com a professora, consigo que os cantores me forneçam o som que imagino. Digo a ela a sonoridade que busco - mais metálica ou mais aveludada, por exemplo - e ela fornece a técnica necessária ao grupo. É uma parceria fundamental", afirma. MÚSICA DE FUNDO O grupo de Brasília frequenta festivais desde 1996: o canadense Sharing the Voices, o equatoriano da Universidade de Guayaquil, e também na Espanha. No ano passado, esteve no 3º Festival Mundial Buenos Aires Coral, na Argentina. Do latim, cantus firmus (canto firme) é um termo musical da Idade Média, que se referia a uma técnica de composição, onde um canto, uma melodia, permeia toda a música ao fundo. CORAL CANTUS FIRMUS Quinta-feira, às 20h, no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, Lago Norte). Entrada franca. Distribuição de senhas meia hora antes. Classificação indicativa livre.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação