Diversão e Arte

Sem pirotecnia ou exageros, show de Paul McCartney emociona 50 mil

Dias 21 e 22 é a vez de São Paulo

Guilherme Goulart
postado em 08/11/2010 23:49
Mesmo aos 68 anos, Paul McCartney manteve o pique nas três horas de show, com muita música e delírio dos fãsPorto Alegre ; São 21h09 no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Estamos a pouco metros da estrutura onde nesse momento Paul McCartney e banda avança sobre o palco erguido às margens do Rio Guaíba. A primeira reação do beatle é de surpresa. Arregala os olhos diante da multidão e se apresenta no melhor estilo rock n;roll. Elegante, o homem (ou o mito) vestido com um paletó azul marinho, calça escura, camisa branca e suspensórios rasga a noite primaveril da capital dos Pampas com Venus and Mars/Rock Show e Jet, essa última do mais clássico da carreira solo de Sir Paul McCartney, Band on the run (1974).

O grupo de amigos se entreolha e tem certeza de que a magia do rock estava ali. Paul aproveita a efervescência do local e, enfim, apresenta em um português recheado de sotaque britânico: ;Oi, tudo bem? Boa noite, Porto Alegre! Boa noite, Brasil;. Ajudado por algumas frases fixadas no chão do grande palco, ele explica que irá se aventurar pelo português em alguns pontos do espetáculo. Faz, assim, a alegria das mais de 50 mil pessoas que lotaram o estádio do Sport Club Internacional.

O show continua. São oito minutos à espera até a primeira canção dos Beatles entoada por Paul. All my loving faz enlouquecer a multidão, que ainda iria pular, cantar e se emocionar com Hey Jude, Yesterday, Blackbird e Eleanor Rigby e outras. Paul entoaria ainda The long and winding road, Highway, Let me roll It, 1985. Tudo sem pirotecnias exageradas e muito palco. Paul McCartney, aos 68 anos, faz um show próximo demais do público. Conversa a todo instante e faz o povo reagir às mais simples manifestações.

Paul guardaria ainda surpresas consideradas importantes para o gaúcho. Muito bem assessorada, grita: ;Ah, eu sou gaúcho;. Diz ;bah, tchê; e ;tri legal;. Para o Rio Grande, não precisa mais nada. São três horas de espetáculo, marcado por um artista multiinstrumentista e refinado. Paul toca com leveza. Parece fácil.

A suavidade do beatle faz crianças, adolescentes, marmanjos e madames se emocionar a todo instante. Ao piano, no baixo, tudo ao redor completa a festa de quem teve o privilégio de ficar diante de um homem que, ao lado de três amigos de Liverpool, na Inglaterra, revolucionaram a música. Faltando cinco minutos para a meia-noite, o eterno beatle se despede do povo gaúcho ; isso depois de duas voltas ao palco. Para quem esteve ali, Paul McCartney é o show de uma vida. Não há melhor maneira de definir o espetáculo. A turnê brasileira prossegue em São Paulo nos dias 21 e 22.

COADJUVANTES DE LUXO
; Da Zero Hora
Estava escrito, desde o início, que a noite teria apenas uma estrela. E os músicos da banda que acompanhou Paul McCartney sabiam disso. Estavam em sintonia não apenas do ponto de vista musical, naturalmente, mas sobretudo no que diz respeito à postura de palco. Nada de gestos extravagantes, nada de exibicionismo: a performance foi sóbria e elegante, mas bem-humorada, seguindo o estilo de Paul.

Competentes, o baterista Abe Laboriel Jr., o tecladista Paul Wickens e os guitarristas Rusty Anderson (solo) e Brian Ray (base) tiveram desempenhos precisos, com excelência técnica e dispensando corretamente demonstrações gratuitas de virtuosismo: nenhuma nota em excesso, nenhuma batida fora do lugar. Ganharam o público por pontos, como se diria no jargão do boxe. No figurino, nada de terninhos retrô. Assim, mantiveram de certa forma o espírito musical dos Beatles, tão homenageados durante a noite, mas sem fingir que o tempo não passou para o beatle que comandava o espetáculo. Passou, sim, mas ele se reinventou.

Anderson optou por um poderoso timbre valvulado para os solos de guitarra e brincou de se fingir de morto em meio à pirotecnia cenográfica de Live and let die. Ray ficou na retaguarda, trocando a guitarra base pelo baixo quando o titular do instrumento ; Paul, claro ; se ocupava do violão com cordas de aço, do piano, do ukulele, do bandolim ou do piano. Como esperado, o maestro McCartney foi, por sua vez, uma banda à parte.

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