Diversão e Arte

Groupies se enamoram pelo som e acabam se envolvendo com os seus ídolos

postado em 12/11/2010 07:31
;Comecei namorando um som/ Daí virei fã/ Grudada num braço de um violão/ Como se fosse um galã/ Ingrupindo corações;. Foi assim com Gal Costa. Pelo menos é o que ela canta em Groupie, música de 1983. O primeiro namoro da estudante Fabiana Closs, 23 anos, foi com o som da banda Social Distortion, aos 12 anos. Depois de algum tempo paquerando a voz rouquinha de Mike Ness, vocalista da banda de punk rock, o coração da menina foi abrindo espaço para outros amores: David Bowie, Joy Division, Rolling Stones.

Desde que se apaixonou pelo rock, a paulista tornou-se frequentadora assídua das primeiras fileiras de shows. Ela nem liga, por exemplo, para os 500 seguidores da comunidade Eu Odeio Groupies, do Orkut, e enumera os nomes e as bandas dos músicos com quem já se envolveu. Para ela, a palavra groupie, usada para definir mulheres que se relacionam com seus ídolos, não passa mesmo é de um termo machista. ;Se alguém tem preconceito, imagino que sejam as namoradas;, brinca.

Fabiana Closs e os integrantes da banda brasiliense Lafusa: fascínio pelos protagonistas do rock é uma história antiga que vem desde a primeira guitarra elétrica tocadaA expressão nasceu nos anos 1960, época de bandas como The Who, Beatles, Rolling Stones, que causavam gritos histéricos capazes de abafar até o som dos grupos que estavam tocando. O filme americano Quase famosos, escrito e dirigido por Cameron Crowe, retrata bem essa época. Nele, Penny Lane, interpretada por Kate Hudson, é líder da Band Aids (sociedade de groupies que seguem bandas em turnês). No filme, ela se envolve com Russell Hammond (Billy Crudup), líder da banda fictícia Stillwater.

Os seguranças dos shows também sofrem o assédio das tietes. ;Deixa eu entrar, moço!” é talvez uma das frases que eles mais escutam quando estão ali, plantados em frente ao palco. Fábio Ferreira, 36 anos, é segurança de shows há um ano. O currículo já inclui as apresentações do Iron Maiden e Scorpions. Ele conta que as propostas que recebe são variadas. ;No show do Scorpions, uma menina pediu que eu a colocasse para dentro do camarim, que depois a gente conversava;, conta rindo. Ele garante que a resposta foi negativa.

A gaúcha Mariana Martinez, 25 anos, é fã de rock desde que se entende por gente. Começou pelo rock nacional, influenciada pelos pais e tios. Com o passar do tempo, passou a escutar blues e rock clássico. O conhecimento a respeito das groupies foi inevitável. Afinal, as musas inspiraram músicas e até álbuns inteiros de alguns de seus ídolos.

Inspiração
O disco Layla, de Eric Clapton, por exemplo, foi todo escrito para a loiraça Pattie Bold, que, na época, era mulher do beatle George Harrison. ;Acho que as groupies são mulheres de coragem. Gosto da estética e das roupas que elas usavam nos anos 1960;, conta Mariana.

Mariana também não nega a atração que sente pelos rockstars. Tanto é que se casou com Lucas Hanke, baixista da banda Identidade (RS). Na noite em que o conheceu havia show da banda dele. Ela modera, com algumas amigas, o blog Namorada de Rockeiro (www.namoradaderockeiro.blogspot.com). ;Os músicos em geral são sonhadores, almas que intrigam. Os artistas têm um charme a mais. O tipo magrelo, calça justa e cabelo comprido também me agrada;, conta.

Ela também integra o grupo Lollypops, composto só por mulheres, e revela que quando sobe ao palco atrai muitos olhares do público masculino. ;Não são só as meninas que gostam de caras que tocam em banda. Os guris também curtem ;, diz.

Há quem diga que algumas bandas são formadas apenas como desculpa para conhecer pessoas. Não é o caso da banda brasiliense Lafusa. Em dia de show do quinteto, o que não faltam são olhares apaixonados e meninas na porta do camarim. Mas eles garantem que o foco é a música.

;Acho que a diferença da groupie de hoje em dia para a dos anos 1960, por exemplo, é a internet. As meninas conseguem manter contato direto com as bandas por meio das redes sociais;, conta Aloízio, vocalista da Lafusa. O glamour no cenário do rock também é outra coisa que mudou de lá para cá, segundo Mariana. ;Naquela época, tudo era mais utópico e a juventude era mais ousada. Hoje em dia, ninguém larga tudo para sair atrás de uma banda. As pessoas estavam fazendo parte de uma revolução cultural;, analisa.
Mas mesmo com algumas mudanças, Mariana, pelo menos, acredita que as groupies nunca deixarão de existir. ;Faz parte do show;, resume.


GROUPIES FAMOSAS E ALGUMAS HISTÓRIAS

Cynthia Plaster Caster
; Ficou famosa por ter criado vários moldes de gesso das partes íntimas de estrelas do rock. Jimmy Hendrix, Jello Biafra e John Langford foram alguns deles.

Bebe Buell
; A atriz americana Liv Tyler foi fruto de um relacionamento da groupie Bebe Buell com o vocalista do Aerosmith. Buell, que já foi capa da revista Playboy, também teve casos com George Harrison, Jimmy Page, Mick Jagger e Rod Stewart.

Pamela des Barres
; Entre a lista de celebridades com que des Barres já se envolveu estão Jim Morrison, Jimmy Hendrix e Mick Jagger. Ficou amiga de Frank Zappa, que a lançou como cantora em 1960.

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