Diversão e Arte

Em entrevista, Michel Melamed fala do seu envolvimento com a televisão

postado em 23/11/2010 11:32

A relação de Michel Melamed com a teledramaturgia se estreita cada vez mais. Acostumado a apresentar programas desde 1998, quando estreou na Band com Profissão talento, o intérprete do atrapalhado André da série Afinal, o que querem as mulheres? ; exibida pela Globo às quintas-feiras ; se mostra entusiasmado com as portas que tem aberto na televisão. Só neste trabalho, por exemplo, Michel é um dos quatro escritores, interpreta o personagem principal e também compôs a música da abertura, Nome à pessoa. ;Estou inteiro nesta série. Todo dia acordo e tento descobrir quem sou ao me olhar no espelho. Só sei que desde fevereiro, quando começamos a escrever, sou outro;, afirma ele, que dividiu a autoria do texto com João Paulo Cuenca, Cecília Giannetti e o diretor Luiz Fernando Carvalho. Sem novos compromissos na tevê, o ator não descarta se aventurar em uma novela. ;Por que não faria? Tento pautar meus trabalhos de maneira esquizofrênica, procurando o que ainda não fiz;, explica.



Você já escreveu e atuou no teatro, mas é a primeira vez que az isso na tevê. O que esse domínio sobre o texto trouxe para sua interpretação?

Essa ;estreia; foi muito curiosa. A maioria dos trabalhos que faço, seja em teatro ou como apresentador na televisão, tem texto meu. E isso cria uma relação direta. Mas em Afinal, o que querem as mulheres? foi meio maluco. Apesar de saber que faria o André, não deixei isso em perspectiva ao escrever. Não achei correto me beneficiar. Ou até, involuntariamente, me prejudicar, já que poderia ter deixado de fazer algo legal por receio ou medo. Usar esse ;poder; não seria justo com a obra, com meus colegas autores e nem comigo. Isolei o autor do ator a tal ponto que, na primeira leitura com o elenco, parecia que estava lendo tudo pela primeira vez.

De quem partiu a ideia de tê-lo atuando e escrevendo
no seriado?

A ideia original é do Luiz Fernando. Quando terminamos Capitu, ficamos amigos, passamos a nos frequentar e sair para jantar. Um dia, ele me disse que pretendia escrever sobre um cara que iria responder o querem as mulheres, partindo da pergunta do Freud. Eu adorei e ele falou que escreveríamos juntos. E também que eu seria o protagonista. Aí a gente começou a trabalhar em cima de tudo.

Como conheceu o Luiz Fernando Carvalho?
Eu tinha um programa de entrevistas na TV Brasil, o Re[corte] cultural, e o Luiz ia lançar A pedra do reino. Pedi para a produção convidá-lo, mas ele não pôde aceitar e pediu meu telefone. Dois dias depois, me ligou para agradecer e me convidou para tomar um café, contou que queria conversar comigo. Fui à casa dele e fui recebido na porta por aquele homem imenso, de 2m de altura. Nos abraçamos com muito afeto e, nesse abraço, ele mantinha uma mão escondida. Depois de uma conversa coloquial de uns cinco minutos, ali, na porta mesmo, vi que o que estava escondido era um exemplar de Dom Casmurro. Ele me deu e falou: ;Vamos?;. Eu respondi: ;Vamos;. E conversamos 10 horas sem parar.

Este é seu segundo trabalho como ator na televisão. Tem vontade de seguir carreira na teledramaturgia?
Sou encantado pela televisão. Acho um veículo potente e com um alcance extremo, mas muitas vezes subutilizado. Faço tevê há 12 anos e tenho muito interesse em continuar. Mas ainda não estou fechando nada para o futuro. Tenho conversado com algumas pessoas e oportunidades surgem. Não sei o que pode acontecer.

Faria uma novela? Algumas dessas oportunidades são
nessa linha?

Faço tudo, desde que me sinta seduzido. Se desejar e for desejado também, é claro que topo. Só é preciso ter a mesma coisa que é fundamental em qualquer tipo de atividade na vida: paixão. E dos dois lados. Se eu me apaixonar, se um autor ou diretor se apaixonar pelo meu trabalho e a gente estiver numa viagem juntos, vou me amarrar. Tento pautar meus trabalhos de uma maneira bem esquizofrênica, procurando coisas que não fiz e que me coloquem em situação de desafio. Como não fiz novela, seria ótimo. Torço para que aconteça um dia.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação