Quatro cineastas, uma atriz, uma escritora e um pesquisador. Com essa formação, o júri da mostra 35mm do 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro assume a responsabilidade de, a partir de hoje, selecionar os destaques de uma competição atípica, sob o domínio dos estreantes. Na contracorrente de uma tradição do evento, que costuma valorizar autores veteranos, todos os seis longas-metragens que brigam por Candangos são assinados por diretores que concorrem pela primeira vez na principal disputa do Cine Brasília. O vencedor entrará num time de premiados que conta com nomes como Eduardo Coutinho, Luiz Fernando Carvalho e Júlio Bressane.
A roteirista e diretora Anna Muylaert, consagrada no festival do ano passado com É proibido fumar, retorna a Brasília como jurada. Com formação em cinema na Escola de Comunicações e Artes da USP, a paulista estreou com o longa Durval discos (2002) e participou da equipe de programas televisivos como Castelo Rá-tim-bum (da TV Cultura) e Filhos do Carnaval (HBO). O desejo de dialogar com um público amplo também marca os filmes de outros dois integrantes do júri: o brasiliense Erik de Castro, que lançou recentemente o thriller Federal, com Selton Mello, e do paulista Antonio Carlos da Fontoura, de Copacabana me engana (1968) e Gatão de meia idade (2006).
Tanto Erik quanto Fontoura disputaram prêmios no Festival de Brasília. O primeiro exibiu o média-metragem Razão para crer (1996), codirigido por Heber Trigueiro, e o documentário Senta a Pua! (2001). Já A rainha diaba (1975), debute de Fontoura, garantiu o Candango de ator a Milton Gonçalves. O quarto cineasta no júri, Kléber Mendonça Filho, ainda finaliza o primeiro longa (O som ao redor), mas já é reconhecido por uma elogiada trajetória de curtas-metragens ; entre eles, a comédia Recife frio, que venceu no ano passado o Candango de direção, roteiro e júri popular, além do Troféu Saruê, concedido pela equipe de Cultura do Correio Braziliense ao melhor momento do festival.
Ao quarteto, juntam-se a escritora Ana Miranda, o pesquisador de comunicação e cinema André Brasil e a atriz Bidô Galvão. Autora de romances como Boca do inferno, a cearense morou em Brasília entre 1959 e 1969, trabalhou com cinema na juventude (chegando a atuar como assistente de direção de Nelson Pereira dos Santos), escreve crônicas para o Correio e participou duas vezes do júri do festival. Estreante no júri de Brasília, André é doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável pela curadoria de mostras como a Videobrasil ; Festival de Arte Eletrônica e o Festival de Tiradentes.
Com participação no longa Louco por cinema, o grande vencedor da edição de 1994, Bidô Galvão é atriz em Brasília desde 1980. Neste ano, está no elenco do curta A obscena senhora D., de Catarina Accioly, que será exibido na Mostra Brasília. Ao lado dos outros seis jurados, Bidô decide sobre a distribuição de prêmios oficiais que somam R$ 220 mil. Na mostra digital, o júri é composto por apenas três nomes: o cineasta brasiliense André Miranda (do curta El cine no muerto, ganhador do prêmio da Câmara Legislativa no ano passado), a diretora Anna Azevedo (O homem-livro) e a jornalista e curadora Suzy Capó.