postado em 24/11/2010 07:17
O neto de família italiana, Eugênio Giovenardi, lança, hoje, às 19h, no Carpe Diem (104 Sul), o seu décimo livro. O escritor apresentará aos brasilienses o romance Heliodora, distribuído pela editora Francis. Para o autor, cada página da obra pode ser vista como uma homenagem aos que vieram povoar o Distrito Federal após sua construção. ;Ouvi dezenas de histórias emocionantes de camponeses que lembravam com saudade a roça. Juntei todas essas angústias e esperanças e transformei em palavras;, explica.Eugênio, nascido em 1934, povoou ao lado de seus familiares a Serra Gaúcha, mais especificamente o município de Casca. Lá, aprendeu a ler ao redor do fogão a lenha e, aos 15 anos, adquiriu o hábito de escrever em um diário, exercício que mantém até hoje. ;Acumulo dezenas de cadernos cheios de segredos;, confessa. Quando completou 38 anos, conheceu Brasília durante uma viagem e se apaixonou pelo ;silêncio do cerrado e pelos horizontes largos do planalto;. Fascinado pelo cenário, o escritor mudou-se para a cidade, acompanhado de mulher e filha. ;Prometi a mim mesmo que Brasília seria meu lugar e viemos na última viagem do trem que ligava a capital federal a São Paulo;, relembra.
Quando o assunto é literatura, a lista de influências é extensa. Segundo ele, os nomes variam entre Dostoievski, Stendhal, Machado e Oscar Wilde. ;Gosto de escritor que pensa. Leio alguns pelo conteúdo e outros pela forma;, explica o gaúcho, que adjetiva o último trabalho como ;uma história simples, de um Brasil profundo, que não é captado por estatísticas oficiais;.
Entre as outras nove publicações do autor, três são romances: As pedras de Roma (2009), Em nome do sangue (2002) e O homem proibido (2009), esta última uma autobiografia em que Eugênio narra a própria trajetória como seminarista para, logo em seguida, tornar-se sacerdote. Para ele, cada escritor conta histórias à sua maneira, mas o que mantém seus textos imperdíveis são ironia afiada somada à crítica aos discursos dos donos do poder. ;Tenho profunda simpatia pela liberdade de pôr vírgulas sem me impressionar com a autoridade arbitrária de gramáticos e sintáticos;, especifica.
Filósofo e sociólogo, quando perguntado se havia deixado a profissão para se manter como escritor, Eugênio responde: ;Esse livro só prova que não! É preciso ser um sociólogo persistente e um filósofo atento para entender os economistas de plantão, arquitetos, engenheiros e, especialmente, os políticos de Brasília.;
HELIODORA
Livro de Eugênio Giovenardi. Editora Francis, 148 páginas. Preço médio: R$ 26. Lançamento hoje, às 19h, norestaurante Carpe Diem (104 Sul, Bl. D; 3325-5300)