postado em 27/11/2010 08:00
Alternativa à Mostra Competitiva ao 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a Mostra Brasília 35mm apresenta ao público, hoje e amanhã, às 16h30, oito produções da cidade, concorrentes ao Troféu Câmara Legislativa. Único longa-metragem do fim de semana, o documentário O mar de Mário (1h12) exibe hoje o encontro dos dois diretores do filme, Reginando Gontijo e Luiz F. Suffiati, com um dos grandes mestres do cinema nacional Mário Peixoto. Gontijo revela que o registro das conversas com o realizador do clássico Limite (1931) presta homenagem às diferentes texturas da própria imagem cinematográfica.Os cineastas encontraram Peixoto nos anos 1980, recluso e abandonado em Angra dos Reis (RJ). Avesso a entrevistas, ele só aceitou ser filmado depois de ler um trecho do roteiro de Eudoro de Souza ; O filósofo de Brasília, documentário ainda em finalização por Gontijo e Suffiati. Rodado majoritariamente em VHS, o documentário foi excluído da competição oficial pois feriu o critério de ineditismo do festival, já que participou da 34; Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Mesmo assim, nada de aborrecimento. ;Ao meu ver, é o evento cultural mais importante, um dos patrimônios da cidade. Aprendemos a fazer cinema assistindo ao festival;, compartilha.
Antes do longa, três curtas no programa. Na animação I Juca Pirama (15min), adaptada do poema de Gonçalves Dias, Ítalo Cajueiro e Elvis Kleber contam a história do último remanescente da nação indígena Tupi. Aprisionado pelos Timbiras, o guerreiro, numa festividade antropofágica, é obrigado a cantar as bravas realizações. A ficção Procura-se (15min), de Iberê Carvalho, narra em múltiplos pontos de vista a busca de Camile por seu cãozinho perdido, Bolinha. A seguir, no documentário Profana Via Sacra (25min), Alisson Sbrana desvenda a obra do poeta Reynaldo Jardim. O tom documental é equilibrado com uma animação do poema que dá título à estreia de Sbrana. ;Espero que as pessoas saiam buscando conhecer Reynaldo e ver nele um artista, que a gente diz que é genial;, diz.
Domingueira
Domingo é o terceiro e derradeiro dia da Mostra Brasília 35mm. O documentário em longa-metragem Hollywood no cerrado (1h25), de Armando Bulcão e Tânia Montoro, previsto para amanhã, mais uma vez não ficou pronto a tempo (ano passado aconteceu a mesma coisa) e foi retirado pela dupla de cineastas. Bulcão ainda não sabe quando poderá exibi-lo ; ;não depende de mim; ;, mas anuncia que algumas cópias em DVD serão distribuídas ;para algumas pessoas que participaram do filme e queriam vê-lo, e para a imprensa;, avisa.
No primeiro dos quatro curtas do dia, A obscena Senhora D (15min), Catarina Accioly discute questões existenciais por meio da personagem Hillé, que se tranca no porão à procura de silêncio e de respostas. O golpe no mestre (11min30), de Claudio Moraes, expõe a confusão de dois operários sonhadores, que almejam com os milhões de reais da Mega-Sena. No documentário Zé[s] (15min), de Piu Gomes, a narrativa se concentra em duas pessoas de nomes e paixões iguais. Zé Celso, diretor do Teatro Oficina, em São Paulo, e Zé Perdiz, mecânico da capital federal e dono de uma oficina que servia de tablado. ;São pessoas de iniciativa, que tomam a frente e fazem as coisas acontecerem;, observa Gomes.
Ratão (20min), ;inspirado nos filmes da sessão da tarde;, como brinca o diretor Santiago Dellape, mescla ação, aventura e comédia. O tio do garoto Goma, 10 anos, vende jogos eletrônicos piratas na Feira do Paraguai e não percebe que o sobrinho se meteu numa baita enrascada com poderosos da máfia japonesa. ;Criar nesses gêneros foi um desafio. Foram 14 dias de filmagem, o dobro do que se costuma para um curta, equipe grande, vários atores, dublês. E a gente deu sorte de encontrar um belo protagonista, Mateus Palmieri, garoto que não era ator e foi descoberto por acaso, andando na rua;, revela.
QUADRO A QUADRO
A visita de Carlos Gregório
O ator Carlos Gregório, presença constante em produções de televisão e em clássicos de cinema, chegou ontem a Brasília para conferir a 43; edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Gregório já perdeu as contas de quantas vezes prestigiou a mostra e já ganhou o Candango de Ator pelo filme Baixo Gávea, em 1986. Ele assistiu às três produções da noite, Angeli 24 horas, Contagem e Transeuntes, mas ainda não sentiu o clima da seleção feita para este ano. ;Dizem que a tônica desse ano são produções inovadoras, mas acho que essa é uma das características do festival. Ainda é cedo para falar de filmes. Daqui a uns três dias, já posso dizer alguma coisa;, afirmou.
Atriz fará Ficção em Ceilândia
A atriz brasiliense Simonia Queiroz (foto), do curta 50 anos em 5, exibido na noite de abertura do 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, já tem outro projeto com o diretor José Eduardo Belmonte. É Perpétua, ficção científica ambientada em Ceilândia e baseada na peça de mesmo nome, do dramaturgo Dionísio Neto. Com produção da Film Noise, o longa deve ser rodado em agosto de 2011.
Painel de memórias de filmes
Um gigantesco painel na entrada do Cine Brasília chama a atenção de quem chega ao local para prestigiar a programação. O painel é formado por cartazes de filmes que venceram (ou se destacaram) em mostras anteriores. Alguns deles: Tudo bem (Arnaldo Jabor), Tabu (Júlio Bressane), Iracema (Jorge Bodanzky e Orlando Senna), A cor do seu destino (Jorge Duran), Louco por cinema (André Luiz Oliveira), Amarelo manga (Cláudio Assis) e A hora da estrela (Suzana Amaral).
Brasília cinematográfica
O livro 2; etapa de preparação destino referência em turismo cinematográfico no Brasil, que será lançado amanhã, às 19h, no Colorbar (Cine Brasília), revisita o histórico do projeto surgido quando Brasília foi eleita Cidade Referência do Turismo Cinematográfico. ;Entre as propostas, está a revitalização do Polo de Cinema;, diz Ana Cristina Costa e Silva, coautora ao lado de Marcus Ligocki, Rita Paludetto e Steve Solot.