Diversão e Arte

Novo disco da banda Quebraqueixo vem acompanhado de história em quadrinhos

postado em 30/11/2010 07:40
A música e o desenho são solitários. Um chega aos ouvidos, o outro apresenta-se aos olhos. Quem ousa promover um encontro entre os dois é o grupo hardcore brasiliense Quebraqueixo. As guitarras contundentes e carregadas encontram as texturas saltitantes de ilustrações que mal cabem em quadrinhos emoldurados no livro-CD Quebraqueixo ; A banda desenhada, um encarte de luxo que transformou o cancioneiro do segundo álbum do quarteto em um musical ilustrado. Apresentado na Rio Comicon, álbum e HQ serão lançados hoje, no Teatro Sesc Garagem (913 Sul), às 20h, com show e participação de Galinha Preta e The Squintz.

Letras se transformaram em temas para as histórias em quadrinhosO vocalista e letrista da banda, criada em 2001, é enfático ao apresentar um projeto ambicioso, que incluiu a gravação do segundo e novo disco, a elaboração de um livro de história em quadrinhos, além de uma iniciativa artística que envolvesse música e desenho em escolas públicas do Distrito Federal. ;É melhor tocar às 10h pra uma molecada cheia de energia do que às 22h, pra gente querendo ser animada, pra bebum;, diz Evandro ;Esfolando; Vieira. Ao fim de 2010, as etapas pensadas em 2008 ao lado de Berma ;is a monster; (bateria), Herman Antunes (baixo) e Paulo Mattos (guitarra) foram finalizadas: livro saído do prelo, disco masterizado, e catorze shows e catorze oficinas de quadrinhos realizadas em instituições de ensino. ;O público da escola tem muito contato com rap, pagode. Às vezes, o nosso show de rock é o primeiro deles. Quando a gente vai, os professores ficam doidos, querem que a gente volte. No recreio, os meninos pedem pra gente continuar tocando;, conta Evandro.

Transposição
A banda fez questão de que o time de ilustradores fosse de nascidos ou residentes em Brasília. Eles receberam as letras por e-mail, que ainda não haviam sido gravadas em estúdio. Mas Evandro conta que, mesmo assim, a transposição para o papel ocorreu em perfeita sintonia com as faixas. ;A gente deixou bem aberto para interpretar da maneira que quisessem. Teve uma história, a Obstáculos, em que a música tem uma passagem instrumental. No quadrinho, preenchido de zumbis, a página referente a esse trecho casa perfeitamente com a música;, descreve.

As 15 letras, vertidas em imagens por 14 artistas, traduzem de maneira metafórica e às vezes explícita as mensagens do Quebraqueixo. Em Mordida, de Felipe Sobreiro, ;puxar o tapete vale o ouro; e outros versos de Evandro sobre corrupção política ganharam uma representação repleta de seres antropomórficos grotescos. Speed side jab, uma exposição da violência mobilizada pelas diferenças humanas, foi levada ao livro pelas mãos de Amelia Woo, numa narrativa gráfica de ritmo cinematográfico, em tons de cinza. ;Os jovens de hoje estão o tempo inteiro em funcionamento, com computadores, televisores, celular. No caso do livro, é algo analógico. Procuramos criar uma experiência sensorial, visual e audiovisual;, conta. Fãs de quadrinhos e de hardcore nunca estiveram tão próximos.


U2 NO BRASIL
Bono Vox e sua turma já têm data marcada para apresentar a turnê 360 Graus no Brasil: 9 de abril de 2011. O U2 se apresentará no Estádio do Morumbi, em São Paulo, com abertura da banda inglesa Muse. Os ingressos para a pista vão custar R$ 180 e não haverá pista vip. Os ingressos para outros setores vão custar de R$ 70 (cadeira superior amarela com visão parcial) a R$ 380 (cadeira superior azul 1, 2 e premium, cadeira superior vermelha e cadeira superior laranja).A pré-venda de ingressos para clientes dos cartões Citibank (incluindo os cartões Credicard e Diners) será realizada 4 e 5 de dezembro. A venda para o público geral terá início em 7 de dezembro.


QUEBRAQUEIXO ; A BANDA DESENHADA
Lançamento de disco e livro de história em quadrinhos Quebraqueixo - A banda desenhada. Hoje, às 20h, no Teatro Sesc Garagem (913 Sul), com show e participação de Galinha Preta e The Squintz. Preços promocionais de lançamento: CD (R$ 10), livro (R$ 25), e CD com livro e pôster (R$ 30). Entrada franca. Classificação indicativa livre. Informações: www.myspace.com/quebraqueixo.


A Samba está nas ruas

A tríade formada por Gabriel Mesquita, Lucas Gehre e Gabriel Góes agradou aos aficionados por quadrinhos no último ano com a primeira edição da revista Samba. Depois de visto o sucesso, o grupo resolveu investir, e agora, conclui 2010 com o lançamento do segundo volume da produção.

Apesar da paixão pelos quadrinhos, os três artistas atuam em uma variada gama de atividades artístico-visuais. A lista de qualidades inclui pintura de painéis, participação em oficinas de produção e performances de desenho ao vivo.

Eles explicam que a decisão para concretizar tais demonstrações públicas de criação tem o objetivo de apresentar aos interessados como é o processo de nascimento do material que produzem. ;Primeiro, estabelecemos um tema. Depois, desenhamos juntos sobre uma superfície que pode ser papel ou parede;, explicam.

Os quadrinistas declaram que com a chegada desta nova publicação, pretendem seguir a proposta de tornar a Samba um periódico. Para o trio, nada mais os empolga nesta tarefa do que o interesse comum por novos trabalhos que agreguem experimentação. Segundo eles, tudo com a intenção de causar uma reflexão sobre os quadrinhos e sua ligação com as artes plásticas. ;Temos interesse por coisas diferentes e estranhas. Assumimos a responsabilidade de mostrar coisas incomuns;, revela Gabriel Góes.

Para fazer jus ao termo ;experimentar;, a nova edição traz 21 páginas integralmente em 3D estereoscópico. ;E vem com os óculos de brinde;, alertam. Além dos três, outros 22 artistas colaboraram com a produção, entre eles Clarice Gonçalves, Marceleza (Maskavo) e Pedro Ivo Verçosa.


SAMBA 2
De Gabriel Mesquita, Lucas Gehre e Gabriel Góes. Edição dos autores. Número de páginas: 132. Preço médio: R$ 20.


Duas perguntas - Gabriel Góes

Se você pudesse definir uma meta para atingir com a publicação, qual seria?
Que ela tenha o maior alcance possível e que possamos representar bem o novo quadrinho nacional, até porque a Samba não é só o nosso trabalho. Somos muitos artistas, somos 25 no total. Nós estamos dando continuidade a uma história que sempre existiu no Brasil e que vem da publicação de quadrinhos dos anos 1980 e 1990. Agora, por enquanto, nós vivemos para fazer a Samba, mas nos gostaríamos mesmo de poder viver de fazer revista Samba. Isso será muito bom.

Que tipo de trabalho em quadrinhos vocês apreciam?
Gostamos muito de super-heróis, mas também de quadrinhos adultos, de pornografia e de séries de televisão. Nós reconhecemos uma infinidade de influências no nosso trabalho. Para mencionar uma meia dúzia de artistas queridos que admiramos totalmente, temos que citar os americanos Jack Kirby e John Buscema, ambos autores de super-heróis; Moebios, Jodorowsky e Crepax, europeus Cult; Tex, o caubói italiano da camisa amarela, da dupla Nizzi e Sommer; Daniel Cloes, Cris Ware e Charles Burns, norte americanos contemporâneos; Charles M. Schulz, Quino e Bill Waterson, no universo das tirinhas; os grandes mestres da HQ nacional Fabio Zimbres, Angeli, Laerte e Glauco; enfim, a gente gosta de tudo. E os nossos amigos da Beleléu, da Golden Shower, da Tarja Preta, revistas lindas que estão sendo feitas agora.

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