Ricardo Daehn
postado em 01/12/2010 07:15
Com o mesmo tom de ousadia que marcou os longas-metragens selecionados para o 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o júri oficial consagrou com cinco troféus Candango o mineiro O céu sobre os ombros, de Sérgio Borges. A produção do coletivo Teia, que mescla elementos de documentário e ficção, se sobressaiu sobre os concorrentes e foi eleita o melhor filme da mostra, além de ter acumulado prêmios de direção, roteiro (coescrito por Manuela Dias), montagem (de Ricardo Pretti) e menção especial do júri para os três ;atores-personagens; da obra, que também foram reconhecidos pelo Prêmio Saruê, entregue pela equipe de Cultura do Correio ao melhor momento do festival. Exibido na quarta noite de festival, o filme recebeu um total de R$ 150 mil em prêmios. Numa edição que privilegiou produções ousadas e inventivas, os jurados marcaram posição ao consagrar um trabalho de estreante. Com experiência em curtas-metragens e artes plásticas, o diretor apresentou na capital o primeiro longa da carreira. O filme recebeu elogios da crítica por um conceito arriscado: convidar três pessoas comuns, com trajetórias que beiram o extraordinário, para encenar situações que vivem no cotidiano. O resultado é uma comunhão íntima entre equipe de filmagem e elenco, que mergulha sem pudores na proposta de Borges.
Também transitando entre ficção e documentário, o carioca Amor?, de João Jardim, foi ignorado pelo júri oficial, mas escolhido pelo público de Brasília. Já Os residentes, um dos concorrentes mais controversos para a plateia, surpreendeu ao vencer quatro Candangos: atriz (Melissa Dullius), atriz coadjuvante (Simone Sales de Alcântara), fotografia (Aluízio Raulino) e trilha sonora. Entre os curtas, o preferido dos espectadores foi Braxília, retrato do poeta Nicolas Behr dirigido por Danyella Proença. A cineasta também recebeu o prêmio especial de júri e o Candango de roteiro.
Curtas
Correndo por fora, Transeunte e A alegria receberam dois troféus cada. O primeiro, dirigido por Eryk Rocha, foi lembrado pela performance do ator Fernando Bezerra (em cena durante quase toda a duração do longa) e pelo som. Paralelamente aos Candangos oficiais, faturou o prêmio da crítica. Já a fantasia adolescente assinada por Felipe Bragança e Marina Meliande ficou com os troféus de ator coadjuvante (Rikle Miranda) e direção de arte (Gustavo Bragança). Vigias, de Marcelo Lordello, saiu da premiação de mãos vazias.
Entre os curtas em 35mm, o grande vencedor foi o pernambucano Acercadacana, de Felipe Peres Calheiros, sobre a luta de uma agricultora contra usineiros. O Candango de direção foi para Contagem, de Gabriel e Maurílio Martins. Um dos favoritos do público, A mula teimosa e o controle remoto dividiu o troféu de melhor ator entre as crianças Vinny Azar e Ícaro Teixeira, e conquistou a crítica. O vencedor na categoria de curta digital foi o gaúcho Traz outro amigo também, de Frederico Cabral. Os prêmios da Câmara Legislativa para produções brasilienses foram para o longa O mar de Mário (o único em competição), os curtas Profana via sacra (Alisson Sbrana) e Ratão (Santiago Dellape), além do digital A menor distância entre dois pontos (Breno Nina e Elias Guerra).
TROFÉU SARUÊ
; O Prêmio Saruê, da equipe de Cultura do Correio Braziliense, destaca desde 1996 o melhor momento do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Este ano, o troféu ficou com o elenco do filme mineiro O céu sobre os ombros, de Sérgio Borges. No longa, exibido sábado à noite, os ;atores-personagens; Everlyn Barbin, Lwei Bakongo e Murari Krishna se entregam sem reservas à proposta de uma obra que, ao embaralhar realidade e encenação, cria situações fictícias a partir de experiências dos próprios intérpretes. Este ano, o artista plástico Francisco Galeno buscou na Praça dos Três Poderes a referência para conceber a escultura do 15; Saruê. A peça Os guerreiros, concebida por Bruno Giorgi, foi a principal inspiração. ;Estou muito emocionada. Com certeza, é um reconhecimento. Muito obrigada;, disse Everlyn Barbin, que vive um transexual na trama e recebeu o prêmio pela equipe.
PRÊMIOS
LONGAS-METRAGENS EM 35MM
Melhor filme ; Júri oficial (R$ 80 mil): O céu sobre os ombros, de Sérgio Borges
Melhor filme ; Júri popular (R$ 30 mil Prêmio Exibição TV Brasil, de R$ 30 mil e inserção na programação da emissora): Amor?, de João Jardim
Prêmio especial do júri (R$ 30 mil): Personagens/atores de O céu sobre os ombros
Direção (R$ 20 mil) : Sérgio Borges, por O céu sobre os ombros
Ator (R$ 10 mil): Fernando Bezerra, de Transeunte
Atriz (R$ 10 Mil): Melissa Dullius, de Os residentes
Ator coadjuvante (R$ 5 mil): Rikle Miranda, de A alegria
Atriz coadjuvante (R$ 5 mil): Simone Sales de Alcântara, de Os residentes
Roteiro (R$ 10 mil): Manuela Dias e Sérgio Borges, por O céu sobre os ombros
Fotografia (R$ 10 mil): Aluizio Raulino, por Os residentes
Direção de arte (R$ 10 mil): Gustavo Bragança, de A alegria
Trilha sonora (R$ 10 mil): Andre Wakko, Juan Rojo, David Lanskylansky e Vanessa Michellis, por Os residentes
Som (R$ 10 mil Prêmio Dolby): Som direto, edição de som e mixagem de Transeunte
Montagem (R$ 10 mil): Ricardo Pretti, de O céu sobre os ombros
CURTAS-METRAGENS EM 35MM
Filme ; Júri oficial (R$ 20 mil): Acercadacana, de Felipe Peres Calheiros
Prêmio especial do júri ; Braxília, de Danyella Proença
Filme ; Júri popular (R$ 20mil): Braxília, de Danyella Proença
Direção (R$ 10 mil): Gabriel Martins e Maurílio Martins, de Contagem
Ator (R$ 5 mil): Vinny Azar e Ícaro Teixeira, por A mula teimosa e o controle remoto
Atriz (R$ 5 mil): Dira Paes, por Matinta
Roteiro (R$ 5 mil): Danyella Proença, de Braxília
Fotografia (R$ 5 mil): Yuri Cesar, de Cachoeira
Direção de arte (R$ 5 mil): Maíra Mesquita, de Fábula das três avós
Trilha sonora (R$ 5 mil): Puriki e índios do Alto Rio Negro, de Cachoeira
Som (R$ 5 mil): Som direto, edição de som e mixagem de Matinta
Montagem (R$ 5 mil): Paulo Sano, de Acercadacana
CURTAS-METRAGENS EM DIGITAL
Filme ; Júri oficial (R$ 15 mil): Traz outro amigo também, de Frederico Cabral
Direção (R$ 10 mil): Pablo Lobato, de Queda
Ator (R$ 5 mil): Emanuel Aragão, por Só mais um filme de amor
Atriz (R$ 5 mil): Ketellen Coutinho, por Tempo de criança
Roteiro (R$ 5 mil): Samir Machado de Machado, por Traz outro amigo também
Fotografia (R$ 5 mil): Carol Matias e Elias Guera, por Entrevãos
Direção de arte (R$ 5 mil): Daniel Banda, por O filho do vizinho
Trilha sonora (R$ 5 mil): Lucas Marcier, por Tempo de criança
Som (R$ 5 mil): O Grivo, por Queda
Montagem (R$ 5 mil): Alberto Feoli, por Traz outro amigo também
TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
Melhor longa em 35mm (R$ 75 mil para o melhor longa em 35mm Prêmio Quanta, de R$ 10 mil em equipamentos de iluminação e maquinaria): O mar de Mário, de Reginaldo Gontijo e Luiz F. Suffiati
2; lugar (R$ 35mil): sem concorrente
Melhor curta em 35mm classificado em 1; lugar (R$ 20 mil e ainda Prêmio Quanta ; R$ 8 mil em equipamentos de iluminação e maquinaria): Profana via sacra, de Alisson Sbrana
Melhor curta em 35mm 2; lugar: (R$ 10 mil): Ratão, de Santiago Dellape
Melhor curta digital (R$ 10 mil Prêmio Quanta, de R$ 4 mil): A menor distância entre dois pontos, de Breno Nina e Elias Guerra
PRÊMIO SARUÊ
Conferido pela equipe de Cultura do Correio Braziliense: elenco de O céu sobre os ombros ( Everlyn Barbin, Lwei Bakongo e Murari Krishna)
OUTROS PRÊMIOS
Prêmio Aquisição Canal Brasil(R$ 15 mil ao melhor curta em 35mm segundo o júri do Canal Brasil): A mula teimosa e o controle remoto, de Hélio Villela Nunes
Prêmio Marco Antônio Guimarães/Troféu Candango, do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, para o filme que melhor utilizar material de pesquisa: De bem com a vida ; Carlos Elias e o samba em Brasília, de Leandro Borges
Prêmio ABCV DF 2010 (Troféu conferido pela Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo do DF à melhor produção do DF): Andrade Júnior, ator
Prêmio Conterrâneos (Troféu oferecido pela Fundação Cinememória ao melhor documentário do festival): ZÉ[S], de Piu Gomes
Prêmio da crítica/Troféu Candango
Melhor longa 35mm ;Transeunte, de Eryk Rocha
Melhor curta em 35mm: A mula teimosa e o controle remoto, de Hélio Villena Nunes
Prêmio Vagalume (conferido por integrantes do projeto Cinema para Cegos, da Diretoria de Inclusão Sociocultural, da Secretaria de Cultura do DF) Melhor longa em 35mm: Amor?, de João Jardim
Melhor curta em 35mm: Café Aurora, de Pablo Pólo