Regina Bandeira
postado em 03/12/2010 07:40
Inspirado na linguagem das histórias em quadrinhos, o grupo de teatro baiano Dimenti usou uma onomatopeia para dar nome à releitura do clássico do balé O lago dos cisnes. A peça infanto-juvenil Chuá, em cartaz amanhã e domingo, às 17h, na Caixa Cultural, é uma moderna encenação da trágica história de amor entre príncipe e bela mulher transformada em ave por um feitiço. A classificação indicativa é livre e os ingressos custam R$ 10. Na livre adaptação feita pelo grupo em sua primeira turnê em Brasília, a história de amor e de aprisionamento serve como oportunidade para que temas como preconceito, consumo na infância e a obcecada busca pelos rígidos padrões estéticos atuais sejam abordados de forma lúdica. Misturando linguagens variadas ; dança, música, quadrinhos e desenho animado ;, o grupo conquistou o Prêmio Estímulo da Fundação Cultural da Bahia, em 2004, e o Prêmio Braskem, de melhor espetáculo pelo júri popular.
;Criamos um espetáculo para estimular a capacidade de interpretação e criatividade do público infantil;, afirma o diretor artístico Jorge Alencar, que garante que a peça é bem recebida pelo público jovem, mas costuma causar estranhamento entre os adultos. ;Eles estão mais acostumados com peças lineares; aqui não tem uma moral da história; são várias;, aponta .
Chuá é a primeira peça infantil do grupo, cuja proposta teatral é modernizar autores clássicos como Shakespeare (Hamlet) e Machado de Assis (Dom Casmurro). No caso de O lago dos cisnes, os criadores optaram por deixar de lado o pessimismo da versão original. No lugar da tragédia, venceu uma versão mais light, no qual os amantes conseguem, por fim, ser felizes. ;Lutamos contra o chamado perfil ou corpo ideal; a peça trata disso de forma concreta, com atores negros e dançarinos acima do peso em cena;, explica o ator e produtor Fábio Osório Monteiro.
Os oito atores que trabalham no espetáculo levaram nove meses ensaiando e estreiaram em novembro 2004, em Salvador. A peça já percorreu outras cidades, sempre readaptando o ;lago; onde é passada a história. Em Brasília, por exemplo, o mergulho se dará no Lago Paranoá, representado por uma grande piscina de bolinhas.
;Revisitar O lago dos cisnes não é algo tão incomum; até o desenho Barbie já o fez. Mas a nossa versão é bem diferente e visa aproximá-la das crianças;, diz Fábio. ;Em vez de princesas e príncipes, os protagonistas são jovens normais. Não há príncipe nem cisne. Tem papagaio, avestruz, galinha;, completa.
CHUÁ
Peça do grupo Dimenti. Amanhã e domingo, às 17h, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4). Classificação indicativa livre. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia).