Diversão e Arte

Baiano Nelson Rufino lança hoje, em Brasília, o álbum Tempo e vida

Irlam Rocha Lima
postado em 04/12/2010 08:00
Desde 2006, em meio ao desfile de blocos de axé music, afros e afoxés, o coletivo de sambistas Alerta Geral tem se destacado na diversificada programação do carnaval de Salvador. O trio elétrico de bambas arrasta multidão pelo tradicional circuito entre o Campo Grande e a Praça Castro Alves, com passagem pela Avenida Sete de Setembro.

Um dos coordenadores do Alerta Geral é Nelson Rufino ; compositor e cantor com mais de 45 anos de música, autor de sambas antológicos, gravados por Roberto Ribeiro, João Nogueira, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Emílio Santiago, Jorge Aragão, Clara Nunes, Nara Leão, Alcione, Beth Carvalho, Elza Soares e Mart;nália. Com cinco títulos em sua discografia, ele lança Tempo e vida, o terceiro CD, de produção independente.

Rufino, que já esteve em Brasília apresentando-se no Feitiço Mineiro, está de volta como atração principal no retorno da roda de samba do Bar Brahma (201 Sul), hoje, às 15h. No repertório, há clássicos como Tempo ê, Todo menino é um rei, Está faltando uma coisa em mim, Verdade e Uma prova de amor, samba que deu nome a um dos mais recentes discos de Zeca Pagodinho.

Nascido em 12 de setembro de 1942, no bairro do Garcia, em Salvador, o sambista baiano se encaminhou para a música, com 19 anos, ao ser convocado para compor um samba para o bloco Filhos do Tororó. ;Mas tudo começou mesmo no Rio de Janeiro, onde eu estava tentando ser jogador de futebol. Cheguei a treinar com o time juvenil do Fluminense, mas bateu saudade de Dona Chiquinha, minha mãe, e eu voltei para a Bahia.;

Na Bahia, Rufino se aproximou de contemporâneos como Ederaldo Gentil, Edil Pacheco, Walmir Lima e, juntos, criaram uma forte cena de samba. ;Os padrinhos eram Riachão e o saudoso Batatinha. O movimento deu origem aos blocos de samba e, posteriormente, às escolas de samba, que desfilavam no carnaval de Salvador até a década de 1970;, recorda-se.

O primeiro contato de Rufino com o samba carioca foi em 1974. ;Eliana Pittman veio fazer um show em Salvador e fui apresentado a ela. Ela foi simpática comigo e eu a apresentei uma música chamada Alerta mocidade, que viria a ser meu primeiro samba gravado. Um ano depois, numa ida ao Rio, fui assistir a um show do Roberto Ribeiro, no clube Sírio Libanês, e fiquei impressionado com a voz dele;, lembra.

Em 1976, Rufino e Roberto Ribeiro se conheceram em estúdio da gravadora Odeon (atual EMI Music). O baiano mostrou alguns sambas. Roberto gostou muito de Tempo ê (parceria com Zé Luiz do Império) e gravou. ;A partir daí, passei a ter músicas em todos os discos deste que considero o maior cantor de sua geração. Depois de Roberto Ribeiro, vários outros cantores e cantoras passaram a gravar minhas composições, o que me tornou conhecido nacionalmente;, comenta.

Zeca Pagodinho, um dos intérpretes que mais gravam Nelson Rufino, veio a conhecê-lo em 1982, numa feijoada na casa de um amigo em comum, no subúrbio carioca de Cascadura. ;Zeca, à época com 22 anos, ainda não era famoso. A primeira música de minha autoria que ele gravou foi Gota de esperança. O estouro, porém, veio com Verdade, que fiz com meu parceiro Toninho Geraes. Caetano (Veloso), depois, a regravaria;, comemora.

NELSON RUFINO
Show do cantor e compositor baiano, no retorno da roda de samba do Bar Brahma (201 Sul), hoje, às 15h. Couvert artístico: R$ 15. Classificação indicativa livre.

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