postado em 05/12/2010 08:00
Uma maratona de peças de autores estrangeiros e nacionais, dirigidas por nomes importantes do cenário local, começa hoje e promete fechar o ano reafirmando a importância da Faculdade Dulcina de Moraes como embrião criativo do teatro em Brasília. De hoje a 15 de dezembro, a 12; Mostra Dulcina, levará ao Conic e ao teatro do Brasília Shopping espetáculos gratuitos, encenados por alunos e dirigidos por professores e diretores experientes, como Hugo Rodas e os irmãos Adriano e Fernando Guimarães. A comédia de humor negro Chá e cianureto, adaptação do texto do dramaturgo norte-americano Joseph Kesselring, abre o festival, hoje, às 21h, e poderá ser vista até o dia 7, no mesmo horário. Escrita em 1941, a obra foi montada pela primeira vez no Brasil pelo grupo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), com Cacilda Becker no elenco e Adolfo Celi na direção. ;O texto de Kesselring é brilhante: ao mesmo tempo sofisticado e debochado. Quis encená-lo, pois é um trabalho perfeito para atores; não quis reinventar teatro;, diz o diretor Fernando Guimarães.
Ganhador do prêmio Shell em 2009 pelo projeto Resta pouco a dizer, sobre a biografia de Samuel Beckett, Fernando readaptou o texto para montá-lo com seus alunos e não descarta a possibilidade de lançar a montagem no mercado no ano que vem. Para se ter uma ideia, das últimas 20 peças encenadas na faculdade, oito tornaram-se profissionais.
;Isso é algo comum. Costumo trabalhar com atores que foram meus alunos; pinço aqueles que têm mais a ver com meu trabalho, que têm a mesma sintonia artística. Sem contar que é uma maneira boa de inserir o pessoal no mercado;, diz o diretor e professor do Dulcina.
A estudante Natália Tolentino, de 21 anos, bacharelanda em artes cênicas, acredita que ter sido dirigida por nomes consagrados ajudou bastante: ;Saio da faculdade mais segura. Trabalhei muito a linguagem realista ao longo do curso e, agora, estou em um espetáculo, onde exercito a caricatura e a farsa. É muito bom ter essas experiências tão variadas; experimentar estilos. É um privilégio;, avalia a atriz, que, na mostra, é dirigida por Hugo Rodas, professor da instituição desde agosto. Na mostra, ele dirige O inspetor geral, de Nicolai Gogol, em cartaz de 11 a 14 de dezembro, às 21h.
Para a diretora da faculdade, Lúcia Andrade, 39 anos, ter trazido para o meio acadêmico diretores e dramaturgos acostumados aos critérios e desafios do mercado agrega valores fundamentais à escola, que necessita dessa experiência para se renovar: ;Este ano trouxemos o Hugo Rodas. Sua criatividade e vivência fortaleceu o semestre. Essa troca entre mercado e academia é muito importante para todos ; curadores, professores, alunos e diretores;, analisa.
No Conic, os espetáculos serão apresentados no Teatro Dulcina, na sala Conchita e na Galeria Dulcina, onde também serão exibidos os trabalhos dos formandos em artes visuais. Além de Kesselring e Gogol, outros autores estão no roteiro da mostra, como Federico Garcia Lorca, Artur Azevedo, Chico Buarque e Naum Alves de Souza. No Conchita, será encenado Gota D;água, de Chico Buarque, dirigido pelo coordenador do curso de artes cênicas, Jonathan Andrade. Em 1978, o espetáculo inaugurou o Teatro Dulcina, com Bibi Ferreira na direção e no palco.
Criada em 2005 e realizada no fim de cada semestre letivo, a mostra já produziu cerca de 50 espetáculos teatrais e 12 exposições de arte contemporânea.
12; MOSTRA DULCINA
Teatro, oficinas, artes visuais e performances feitas pelos alunos da Faculdade Dulcina de Moraes. Até o dia 15, no Teatro Dulcina (Conic, SDS Bl. C, Edifício FBT) e no Teatro do Brasília Shopping. Não recomendado para menores de 12 anos. Entrada gratuita. Senhas serão distribuídas uma hora antes. A programação completa está no blog .
Pronto para as galerias
; Além de teatro, a mostra apresenta o que há de mais significativo em termos de artes visuais, feito por alunos da Faculdade Dulcina de Moraes. Para a exposição de arte contemporânea, o crítico e curador Marcus de Lontra Costa avaliou mais de 50 trabalhos e selecionou instalações, vídeos, pinturas, desenhos, esculturas, objetos, fotografias e performances de 23 artistas, todos estudantes da instituição. Em um feedback raro no mercado profissional, o processo de seleção foi transmitido aos alunos pelo especialista em história da arte da Universidade de São Paulo (USP) Renato Salumbo. Os trabalhos escolhidos estão expostos na Galeria Dulcina.