Passado o clima de eleição, em que se candidatou ao Senado, o maestro e compositor Jorge Antunes agora está focado no lançamento do seu mais recente trabalho: dois CDs que trazem uma seleção da produção camerística de sua obra. Lançados pela editora Sistrum e com apoio da Petrobras, os álbuns Música de câmara I e II fazem um apanhado da trajetória artística de Antunes e têm o objetivo de democratizar e divulgar o acervo de gravações do próprio maestro. ;Foi um projeto interessante e barato porque acabou que não precisou alugar estúdio, contratar músicos. Eu já tinha um vasto número de gravações prontas e autorizadas pelos estúdios, pelas rádios, e intérpretes, inclusive, de vários países como Alemanha, Holanda e Japão;, conta.
Jorge Antunes revela que não foi fácil selecionar as 11 faixas que integram os dois CDs, mas acredita que elas refletem diferentes e relevantes momentos de sua carreira. Enquanto no volume I, intitulado Música de câmara I, destacam-se algumas das obras escritas entre 1970 e 2005 para instrumentos solistas, trio, quartetos e conjunto camerístico, o segundo, Música de câmara II, traz peças escritas entre 1967 e 2005, em que instrumentos tradicionais se juntam a sons eletrônicos ao vivo, para um diálogo colorístico e expressivo entre dois mundos sonoros.
Capas potentes
As capas dos dois álbuns são um capítulo à parte. Por meio de uma intervenção gráfica, elas inserem Jorge Antunes em duas pinturas de séculos passados. No disco I, a tela que ilustra a capa é de 1893. Produzida pelo pintor Edgar Bundy, ela retrata o luthier italiano Antonio Stradivari, que construiu os mais mitológicos e cobiçados instrumentos de corda de sua época. Na cena, foi incluído Antunes segurando uma relíquia de infância: o violino que construiu quando menino, confeccionado a partir de palitos de fósforos.
Já a capa do segundo CD traz o maestro tocando um instrumento raro, um teremim, em uma obra de arte de 1736, do holandês Peter Jakob Horemans. ;Queria dar essa ideia de música de câmara e, por isso, utilizamos quadros antigos pintados a óleo e me inseriram neles. Vesti roupas de época e tudo mais, e o resultado ficou bem interessante, principalmente, a segunda capa, que conseguiu retratar bem essa mistura de instrumentos tradicionais e eletrônicos;, ressalta.
Ouça a música Miró Escuchó Miró, do maestro Jorge Antunes