postado em 09/12/2010 08:00
Poemas populares, originalmente orais e depois impressos em folhetos rústicos pendurados em cordas. Assim se define a literatura de cordel, carro-chefe do trabalho do poeta Ruiter Lima e do músico Carlinhos Piauí. Sertão de cabo a rabo é o segundo CD com produção independente da dupla e também é dividido em duas partes; poesia matuta e músicas de raiz. Outro item importante do costume nordestino, além de pendurar livros em barbante, é a preocupação com a ilustração dessas publicações. Xilogravura é uma técnica chinesa em que imagens são entalhadas na madeira, com a ajuda de uma matriz e logo após é passado tinta em cima e colocado um papel, no qual só as partes elevadas da imagem saem impressas, como um carimbo. Na dupla, Ruiter Lima executa a ilustração dos livros, inspirado nos folhetos do artista brasileiro de fama internacional J. Borges.
Carlinhos Piauí carrega no apelido o nome do estado onde nasceu. Com 47 anos de idade, coleciona com esse disco o quinto CD de sua carreira. Três álbuns solos antecederam à parceria. Todos, sem exceção, falam sobre o folclore e ritmos nordestinos, mas sem esquecer, é claro, do romantismo. Carlinhos explica de onde vem sua composições: ;A nostalgia e o saudosismo são o ponto de partida para o surgimento da poesia em minha mente e coração;.
Nascido em Rialma (GO), Ruiter Lima, filho de maranhese com baiana desenvolveu a paixão pelo Nordeste dentro de casa. Figura marcada em Brasília pela realização de saraus, o poeta cultiva o amor pela cultura de rua desde que chegou à cidade, em 1960. ;Comecei minha peregrinação pela literatura de cordel no mercado livre, no Núcleo Bandeirante, memorizando textos. Ainda adolescente já sabia A chegada do lampião ao inferno, um livreto de José Pacheco, de cor;, conta o goiano, hoje com 60 anos.
Há cinco anos em um bar na cidade de Água Lindas, em Goiás, a voz do declamador Ruiter se uniu ao violão de Carlinhos. ;Ficamos até de manhã cantando músicas e poesias. Desde então o trabalho só evoluiu.; Inspirados por grandes mestres da poesia nordestina como José Pacheco e Zé da Luz ; eternizado pelo grupo Cordel do Fogo Encantado ; , o objetivo dos artistas é retratar a situação do povo sertanejo e resgatar a cultura popular.