;A gente ainda vai provocar muita polêmica;, avisa Geisy Arruda na entrevista que concedeu ao Correio por telefone direto de um restaurante ;muito chique; em Fortaleza, como ela mesmo definiu, com um certo quê de deslumbramento. A garota de 21 anos, que ficou notória por ter usado um vestido curto e rosa na faculdade onde estudava, e ter sido hostilizada pelos alunos, acredita que deixou de ser um factoide. A confusão na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) acabou rendendo ;frutos;. Ela participou do reality-show A fazenda 3, na Record, criou sua grife de roupas, a Rosa Divino, posou nua para uma revista masculina e acaba de lançar sua biografia, Geisy Arruda ; Vestida para causar.
;No começo eu dei risada, achei graça da ideia, mas depois, pensando bem, Fabiano (o jornalista Fabiano Rampazzo é o autor da publicação) acabou me convencendo de que a minha história merecia ser contada. Ficou bem legal, engraçado, como se fosse um diário mesmo;, comenta Geisy.
Fabiano Rampazzo trabalhava em um site e passou a cobrir o caso Geisy. Foi assim que se aproximou dela e cogitou escrever algo muito mais amplo do que uma mera reportagem. ;Desde o começo, tive a percepção de que aquilo que tinha acontecido era algo meio extraordinário, incomum, e merecia virar algo maior. O que aconteceu com ela é muito maior do que a própria Geisy. Aquele episódio trouxe à tona uma luta feminista de 40 anos. Como uma menina é quase linchada dentro de uma universidade porque usou um vestido curto? Se isso acontecesse no Irã, já seria um absurdo. Em uma cidade cosmopolita como São Paulo, mais ainda. Isso tinha que ser registrado;, opina o jornalista.
Destemida
A publicação, narrada pela personagem-título, tem como foco a noite de 22 de outubro de 2009, quando Geisy apareceu na faculdade com um microvestido e foi hostilizada pelos universitários, tendo que voltar para casa sob escolta policial. Mas aborda também a infância, a família, os relacionamentos amorosos e até a intimidade sexual. ;Geisy não é uma pessoa envergonhada; muito pelo contrário. Ela é verdadeira e fala mesmo, sem medo de se esconder. As coisas meio que se explicaram. Foi um pouco surpreendente a maneira como ela sempre se relacionou com feminilidade, sexualidade, e isso elucidou muita coisa do que aconteceu naquele dia;, conta Fabiano. Para ele, Geisy Arruda é o resultado de um machismo grande que existe no Brasil, mas, ao mesmo tempo, ela tem uma personalidade forte que questiona toda essa moral. ;Ela gosta de ser notada. O livro escancara isso;, afirma.
Geisy Arruda diz que não teve problemas em se expor no livro, apesar de revelar que boa parte de sua família não leu todos os capítulos, especialmente os mais indiscretos. ;Não tenho problema nenhum com exposição. Acho que sou uma das pessoas mais expostas do Brasil. Desde o começo, o episódio da Uniban, o reality-show, a revista masculina. Todo mundo já sabe de tudo da minha vida. Não tenho mais nada o que esconder. Mas a minha família não leu tudo. Eu li algumas partes pra minha mãe, mas aquela da minha vida sexual, a gente pula, né?;
TRÊS PERGUNTAS - GEISY ARRUDA
Você acaba de comprar um apartamento, participou de um programa de televisão. Aquele episódio da Uniban mudou a sua vida. Há males que vêm para o bem?
Eu acredito que tudo que acontece na sua vida tem um propósito. Às vezes, Deus quis que eu passasse por todos aqueles momentos para que hoje eu tivesse as alegrias que tenho. Acho que todo mundo tem o que merece e agora eu estou tendo o que eu mereço. Sempre fui muito focada, sempre tive os pés no chão. Agora tenho a minha vida de empresária, minha coleção de vestidos, meu livro.
Gostou do resultado das suas fotos nua na revista Sexy? Como está sendo a repercussão?
Nossa, a revista foi uma megapolêmica. Como o pessoal da revista esperava e eu também. Saiu em vários sites fora do país; teve repercussão até mundial; Foi um recorde de vendas; a mais vendida nos últimos três anos da revista. Há quem fale mal, há quem elogie, como sempre. Opiniões divididas. Mas é um grande sucesso! Um grande sucesso!
Qual o balanço que você faz de 2010 e o que espera para o próximo ano?
Este ano pra mim foi um ano de brilhar, de superação, foi o meu ano! Foi o ano que eu realmente mostrei quem sou, por que vim, por que estou aqui. Mostrei realmente todas as minhas cartas. Em 2011, vou fazer faculdade de teatro no Célia Helena. Estou firme nesse projeto.