Diversão e Arte

Trio de peso da música brasileira divide o palco do Teatro dos Bancários

postado em 16/12/2010 08:00
A cantora Rosa Passos faz participação especial no show dos instrumentistas Lula Galvão e Jorge Helder, amigos desde o início da carreiraDepois de um longo período sem a oportunidade de se reunir nos palcos, um trio de peso da música brasileira dividirá os holofotes do Teatro dos Bancários hoje à noite. O violonista Lula Galvão, o contrabaixista Jorge Helder e a cantora e instrumentista Rosa Passos não se encontram em shows ;há uns seis anos, uma década, talvez mais tempo;, nas palavras de Rosa, mas o convite de Lula foi o responsável pela quebra do jejum. Juntos no show Reencontros, além de celebrar a amizade que remonta o começo da carreira dos três, em Brasília, eles visitarão clássicos do cancioneiro brasileiro e mostrarão composições de Bossa da minha terra, disco que Lula Galvão lançou em 2009 pela gravadora Biscoito Fino.

O trio será acompanhado pelo baterista autodidata Rafael Barata, que já se destaca no cenário internacional. ;Ele é um menino talentosíssimo, já me acompanhou na gravação de songbooks;, conta Rosa, que fará uma participação especial na apresentação. O repertório será um passeio por ícones da tradição musical brasileira, como Pixinguinha, que ganhará uma homenagem com a execução de Carinhoso; Tom Jobim, com O grande amor e Dindi; e Dorival Caymmi, representado por Marina e Vatapá. Músicas menos conhecidas do público, como Waltzin, de Victor Assis Brasil, e Alegria de viver, composta por Luiz Eça, também ganharão versões.

Contrabaixista consagrado, Jorge Helder se apresenta ao lado de nomes como Marisa Monte, Maria Bethânia e Maria Rita, mas faz questão de pontuar que sua trajetória rumo à profissionalização começou aqui. A convite de um irmão que mora na cidade, o menino cearense, então com 17 anos, veio para Brasília no início dos anos 1980, se aperfeiçoar na Escola de Música de Brasília (EMB). Não tardou para ele começar a se aventurar na noite brasiliense. ;Naquela época, Zélia Duncan ainda era Zélia Cristina. Hamilton de Holanda tinha 8 anos e era quase do tamanho do bandolim, mas já tocava muito. Como não havia muitos baixistas na cidade, acabei conhecendo logo o Lula. Nessa fase, também acompanhei a Rosa numa banda chama Degraus;, relembra.

Os três amigos
Apesar da dificuldade de conciliar as agendas, a amizade não arrefeceu. Sempre que estão na mesma cidade, prestigiam as casas e as apresentações uns dos outros e conversam por telefone. ;Se não me engano, não gravamos os três juntos desde Morada de samba (CD de 1999);, conta Jorge Helder. ;Mas já gravei uns oito discos com Lula e pelo menos sete com Jorge;, completa Rosa Passos.

A noite entre amigos, por sinal, tem sabor de retomada para ela, que há dois anos deu um tempo na correria de compromissos profissionais. A cantora define o tempo em casa cuidando de seus gatos e cachorros como ;reciclagem, como assistente de São Francisco de Assis;, período entremeado por canjas em shows e gravações esporádicas. Gradualmente, ela pretende aumentar a carga de atribuições na carreira, que começou a se projetar ao lado dos parceiros de palco. ;Convidei os dois para fazerem um show comigo, em um projeto da Funarte, chamado Seis e meia. Todo mundo morava aqui e estava começando;, frisa.

Um divisor de águas na carreira dos três foi Curare, um dos álbuns mais famosos de Rosa. Segundo ela, depois da visibilidade alcançada pelo trabalho, as portas do mercado se abriram, e Jorge e Lula se mudaram para o Rio. Ela ficou em Brasília, dedicando-se aos filhos pequenos. Mas isso não impediu que seus discos e os shows de Jorge e Lula fossem badalados até mesmo em casas internacionais. ;Para nós, esta noite será uma surpresa, pelo tempo que não tocamos juntos. Mas temos uma afinidade musical muito grande;, destaca Jorge Helder. ;Será uma festa para nós;, resume Rosa.


RENOVAÇÃO
Apesar do recolhimento parcial, Rosa Passou não deixou de lado as participações em discos de amigos. Gravou a faixa Alma mía para uma homenagem à cantora cubana Omara Portuondo e está no ar na novela Passione, com a canção Cansei de ilusões, de Tito Madi. Em uma compilação que homenageia Wilson Batista, ela gravou Oh! Dona Inês e, atualmente, prepara-se para interpretar Carinhoso, de Pixinguinha, em duo com a violonista americana Sharon Isbin. No ano que vem, o plano é voltar aos estúdios para gravar um disco com composições de Djavan.


REENCONTROS
Show com Lula Galvão, Jorge Helder, Rosa Passos e Rafael Barata. Hoje, às 21h, no Teatro dos Bancários (314/315 Sul; 3262-9090). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

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