[FOTO1]
São Paulo ; No site do cantor Wando, há o número do telefone celular usado para contratar os seus shows. Todas as vezes que alguém liga, é o próprio cantor quem atende. É ele quem trata de tudo. Wanderlei Aires dos Reis, 65 anos, não é mais o mesmo cantor que na década de 1980 arrastava milhares de moças. Com 35 anos de carreira e mais de 10 milhões de discos vendidos no passado, não lança álbum de inéditas há 10 anos. Os shows também minguaram. Ele atribui a baixa na carreira à pirataria. Recentemente, foi obrigado a assumir dois filhos adolescentes que teve com fãs mesmo estando casado. ;Não exigi nem teste de DNA porque os moleques têm a minha cara. Não dava nem para negar;, brinca. No total, Wando gravou 33 discos. Ele garante que tem 17 mil calcinhas em casa e que vai usar em um cenário de futuro show. O cantor se casou com uma fã que atirou uma calcinha francesa no palco e com ela tem uma filha.
Energia sexual
Mais do que nunca. Só que agora estou mais comportado porque estou vivendo uma fase feliz do meu casamento. Muitas fãs me ligam, eu atendo e converso. Mas é só.
Carreira em baixa
Eu sempre vivi e vivo até hoje de música. Apesar de não obter tanto sucesso como antigamente, consigo fazer muitos shows por todo o país. Vou fechar 2010 com 120 shows no ano. Não tenho do que reclamar. Quanto às vendagens dos discos, nenhum artista vende mais como antigamente. Principalmente depois da era digital e da pirataria.
Vida garantida
Não posso parar de trabalhar, até porque tenho cinco filhos para criar. Mas confesso que não sei qual será o futuro da música com essa onda de internet, MP3 e pirataria. Atualmente, a gente grava um disco apenas para servir de cartão de visita. O que dá dinheiro são os shows que a gente faz após gravar o disco novo.
Sucesso em shows
Não lota mais como antes, claro. Mas tenho o meu público cativo. Sei interagir, tenho uma boa conversa com quem me assiste. Quem vai se agrada. Antes, meu público era quase todo formado por mulheres. Hoje tem um pessoal masculino que me acompanha e muita gente jovem bonita. Fico impressionado como os jovens cantam as minhas músicas comigo.
Medo da violência
Já tive bem mais medo da violência no Rio, hoje nem tanto. Com a operação do Bope e do Exército no morro do Alemão deu uma tranquilizada. Mas ainda dá medo. O grande desafio agora é combater o consumo de drogas, pois o tráfico naquela região parece que foi desmobilizado.
Dinheiro garantido
Não sou rico. Não posso parar de trabalhar. Preciso da remuneração. Antes eu ganhava muito dinheiro. No passado, eu vendia milhões e ainda ficava com apenas 7% do preço do CD na loja. Hoje, fico com 18%, mas vende bem menos. Tenho saudades da época áurea da minha carreira.
Tema de novela
Hoje em dia, nem sei como funciona emplacar uma música na novela. Acho que os autores escolhem. Mas posso garantir que a crise que atingiu as vendagens dos CDs se estende aos discos de novela também. Os folhetins não têm mais o poder de antigamente de fazer um clássico, como ocorria nos anos 1970 e 1980.
Cantor preferido
Gosto muito do Djavan, do Emílio Santiago, do José Augusto, do Benito de Paula e do Zeca Pagodinho. Mas todos eles também estão vendendo bem menos CDs do que no passado, que nem eu.
Namoro com fãs
A minha atual esposa é uma fã. Ela foi a um show em Belo Horizonte e jogou uma calcinha francesa da melhor qualidade no palco. Me apaixonei na hora. Já temos uma filha de 4 anos.
O lance das calcinhas
Tem de tudo um pouco. Antes, elas vestiam as melhores calcinhas e tiravam no momento mais excitante do show. Algumas senhoras compram novas e jogam. Outras levam de casa uma calcinha especial na bolsa. Algumas calcinhas vêm com bilhete. Virou tradição quando lancei o disco Tenda dos prazeres. Na capa, havia uma calcinha em forma de tenda. A partir daí choveram calcinhas no palco.
Horas de folga
Fico com as minhas filhas e adoro pescar e passear.
Gosto pela bebida
Somente água. Nunca pus uma gota de álcool na boca. Muita gente achava que eu enchia a cara. Nunca. Nem drogas eu experimentei. Sou o maior caretão. Tenho um irmão que enfrentou problemas sérios com dependência química e um filho que lutou para se libertar do vício. Foram experiências horríveis que me fizeram sentir muito medo. Na juventude, tive oportunidade de experimentar mas não o fiz com medo de gostar e não largar.
Os filhos
Até agora, que eu saiba, tenho cinco filhos. Tenho dois do meu primeiro casamento. Não tive filho no meu segundo casamento, mas mantive relacionamentos extraconjugais e tive dois filhos reconhecidos recentemente. Com a minha atual esposa tenho uma menina de 4 anos.
Exame de DNA
Nem foi preciso, até porque não tinha como negar. Eles já são jovens e têm a minha cara. Assumi todos os meus filhos e assumo se houver outros que eu não saiba. Acho que é isso que todo homem deve fazer. Comigo, apareceram duas mulheres acompanhadas desses jovens dizendo que eram meus filhos. Tomei todas as providências e assumi tudo.
As mães
Fãs que eu conhecia durante os shows.
Ditadura e censura
Minhas letras sempre foram censuradas. A dona Solange (Maria Chaves Teixeira, que chefiou a Divisão de Censura de Diversões Públicas) lia as minhas músicas e cortava tudo. Mas eu reescrevia tudo até eles aceitarem. Só parei de ter trabalho com a censura na metade da década de 1980. Meu sonho, hoje, é conhecer a dona Solange.
Recalque artístico?
Nem um pouco. Eu não gravo mais disco com música inéditas porque não quero alimentar a pirataria. O processo não é bem assim. Eu saio às ruas e sou reconhecido pelas pessoas. Isso não tem como ser transformado em recalque. Se você colocar o meu nome na internet, verá só coisas boas ao meu respeito. Não vendo mais milhões, assim como os artistas da minha época. Ninguém fica poderoso e no topo o tempo todo.
Medo da velhice
Não perco meu tempo tendo medo da velhice porque ela vem do mesmo jeito. Passei a dar atenção à alimentação para me cuidar. Também vou muito ao médico para fazer checape e ver se as coisas ainda estão no lugar.
Estimulantes sexuais
Nunca usei. Transo muito, todos os dias. Nunca tomei Viagra ou similares. Tomo algumas vitaminas receitadas pelos médicos. Para mim, sexo é tudo. Sem ele, prefiro morrer.