postado em 20/12/2010 08:00
Expressão cultural afro-brasileira, a capoeira viveu até uns anos à margem do esporte e da sociedade. Tida de forma preconceituosa como uma luta de arruaceiros, a capoeira hoje ocupa um espaço maior no cenário das grandes cidades e ganha o status de arte, luta, dança e filosofia. De acordo com os mestres Pastinha e Bimba, difusores da arte no Brasil, praticantes dessa arte se denominam ;capoeira;, pois, para eles, a capoeira é um estilo de vida ; ser, pensar, agir como um capoeira.Acerca desse pensamento e do valor cultural que envolve a mistura afro-brasileira, o fotógrafo André Cypriano fez um ensaio nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Brasília, Los Angeles e Nova Iorque e relata sob suas lentes, rodas de rua, grupos e apresentações. O resultado de sua pesquisa culminou no livro Capoeira ; Luta, dança e jogo de liberdade, lançado em 2009, homônimo à sua exposição em cartaz na Caixa Cultural.
Segundo a curadora Denise Carvalho, a expografia conta por meio de 40 imagens e 12 fotos iconográficas sobre a história da capoeira no Brasil desde o período colonial até o dias de hoje. ;Toda a exposição é um subproduto do livro do André. A gente quis reproduzir uma sala de capoeira, com a roda pintada no chão e dois altares para os mestres Bimba e Pastinha;, conta.
As imagens reveladas na mostra são acrescidas de textos dos pesquisadores Rodrigo de Almeida e Letícia Pimenta, o que para Denise contextualiza o visitante em relação à aparição da luta no país. ;As fotos são bem representativas, mostram as linhas, os grandes grupos e o que tem de mais importante nos bastidores da sua origem;.
A exposição estreou neste ano no Rio de Janeiro e em Brasília ocupa as Galerias Piccola 1 e 2, da Caixa Cultural, com direito a roda de capoeira. Após estada na cidade, a mostra parte para São Paulo e em seguida para um circuito na América Latina, incluindo as cidades de Quito, Lima e Buenos Aires.
Compromisso afro
Paulistano, André Cypriano nasceu em 1964. Após sua mudança para os Estados Unidos, em 1990, começou a estudar fotografia em São Francisco, na Califórnia. Desde então, realizou vários projetos que têm sido expostos em galerias e museus no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. O artista marca sua carreira pela identificação com a cultura afro. A maioria de seus ensaios é relacionada a manifestações populares. Como parte de um projeto de longo prazo, começou a documentar estilos de vida tradicionais e práticas de sociedades em lugares menos conhecidos nos remotos cantos do mundo. Atualmente, ele trabalha como fotógrafo freelancer em Nova York e Rio de Janeiro, dando continuidade a projetos sociais e culturais.
CAPOEIRA ; LUTA, DANÇA E JOGO DE LIBERDADE
Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h, nas Galerias Piccola 1 e 2 da Caixa Cultural (SBS, Q. 4, lote 3/4; 3206-9450). Até 16 de janeiro.