postado em 22/12/2010 08:00
São Paulo ; Se todos os maridos fossem como o professor John Brennan, qualquer guarda penitenciário teria motivos de sobra para viver em pânico. Em 72 horas, do diretor e roteirista Paul Haggis, ganhador do Oscar por Crash ; No limite (2004), Russell Crowe vive um anti-herói que não mede esforços para resgatar de uma penitenciária no meio de Pittsburgh, Pensilvânia, sua mulher, condenada por homicídio. Vale consultoria com um ex-preso que escapou sete vezes, vender a casa para conseguir dinheiro, comprar arma e documentos falsos e até destravar um carro com uma bola de tênis, técnica aprendida na internet. Mesmo com tantos exageros, o filme que estreia amanhã é um thriller policial repleto de boas surpresas.Depois de encarnar Robin Hood, Russell Crowe volta às telas como este pai de família que não se conforma em ver seu filho pequeno sofrer e em ter sua mulher encarcerada, condenada a 20 anos de prisão por matar a chefe. Para John, Lara (Elizabeth Banks) é inocente, mesmo que todas as evidências ; de testemunhas a impressões digitais na arma do crime (um extintor de incêndio) ; provem o contrário. Quando a esposa tenta se suicidar, e a última apelação na Justiça é negada, ele não vê outra escolha senão a fuga. E começa a estudar o dia a dia da prisão, em todos os seus detalhes, em busca de um plano. A situação piora quando descobre que ela será transferida em apenas três dias ; daí o nome do filme ; e tem que partir para o tudo ou nada.
O longa de Paul Haggis é uma refilmagem do francês Tudo por ela, do diretor Fred Cavayé, lançado em 2008 sem grande estardalhaço. Na versão europeia, Vincent Landon e Diane Kruger interpretam o casal principal em um filme mais lento do que na versão americana, temperada com muita ação, suspense e drama. Apesar dos acréscimos, Haggis fez questão de manter a maioria dos diálogos e buscou até mesmo uma fisionomia parecida entre todos os personagens nos dois filmes. E se exagerou nas cenas de luta, tiros e perseguições de automóvel (afinal, John era um pacato professor de literatura), o diretor canadense acertou em cheio na dose de tensão, deslocando revelações desconcertantes para a parte final do filme, algo que não acontece na versão francesa.
Produções sobre uma família em apuros e um homem que não mede esforços para manter a tranquilidade do lar e todos os integrantes juntos existem aos montes, mas em 72 horas o protagonista vai além. O desesperado John Brennan não mede consequências, relega o emprego, se afasta dos pais, põe a própria vida e a do filho em risco e se transforma em outra pessoa, um criminoso irreconhecível, bem ao estilo ;os fins justificam os meios;. Até onde um homem iria por amor? É essa a pergunta, tão cafona quanto difícil de responder e apresentada em circunstâncias extremas, que o diretor provoca no público.
Bilheteria
Único filme lançado nos Estados Unidos no mesmo dia em que o sétimo longa da franquia arrasa-quarteirão Harry Potter, 72 horas fracassou em bilheteria por lá. Apesar do currículo de sucesso do diretor Paul Haggis (diretor de Crash, roteirista de Casino Royale e Menina de ouro), e do protagonista Russell Crowe (eternizado em Gladiador e Uma mente brilhante), 72 horas não arrecadou metade do orçamento de US$ 30 milhões.