Diversão e Arte

Alunos do curso de Artes da UnB mostram Brasília em 1.410 quadradinhos

Nahima Maciel
postado em 23/12/2010 07:30
Alunos do curso de artes da UnB decidiram juntar 10 mãos para mostrar a diversidade cultural de BrasíliaA história de Brasília cabe em um quadro. Na verdade, em 1.410 quadrinhos que, juntos, formam um rosto anônimo. Clarissa Paiva, Fernando Nisio, Lauro Gontijo, Wesley de Sousa e Netinho Maia acalentaram a ideia de contar a saga da capital por meio de imagens, quando descobriram que podiam fazer isso com tintas e pinceis. O desafio surgiu em sala de aula. Os alunos do curso de artes da Universidade de Brasília (UnB) decidiram juntar as 10 mãos para produzir um trabalho em homenagem a Brasília especialmente concebido para concorrer ao Prêmio Marcantonio Vilaça, realizado pela Funarte. O edital exigia que a obra fosse destinada a alguma instituição museológica e a Casa da Cultura da América Latina (CAL) aderiu à ideia. As caras de Brasília ganhou vida assim, com um pé no prêmio, outro na universidade e um terceiro bem ancorado na consistência da ideia dos artistas. Acabou por levar os R$ 90 mil do Marcantonio Vilaça e pode ser visto até janeiro na CAL.

Clarissa, Fernando, Lauro, Wesley e Netinho são gente de pincel. Curtem pintura e nem cogitaram outro suporte para a obra. Todos, com exceção do piauiense Wesley, nasceram em Brasília e queriam aproveitar a obra para explorar a história da cidade. A questão era como conciliar pintura e narrativa figurativa condensada em uma tela de 2,10X1,60 m. Para que as 10 mãos pudessem trabalhar em conjunto, os artistas dividiram a tela em pequeninos lotes, exatos 1.410. Cada um teria direito a uma quantia específica de centímetros. O segundo passo foi sair em busca de fotografias sobre Brasília. A ideia era reproduzir as imagens em cada um dos quadradinhos, mas o Google não deu conta do recado e o grupo foi obrigado a recorrer ao Arquivo Público. ;Eu nunca havia visitado o arquivo;, conta Netinho. ;É um local muito importante, mas pouco divulgado.;

Munidos de 600 imagens históricas e mais outras tantas pessoais e produzidas por outros artistas da cidade, o grupo começou o trabalho de reproduzir uma a uma as fotografias. Brasília, em versões histórica e atual, foi transposta para a tela e virou um grande mosaico de cenas e rostos. ;Tentamos misturar a pintura, dividimos o espaço dentro do mesmo quadro para não ficar com uma parte em que desse para ver que foi uma só pessoa que pintou;, explica Clarissa. O trabalho durou um mês e meio, com turnos de 10 horas de pintura em grupos alternados.

A repetição de algumas imagens ajudou a criar individualidade dentro da unidade do quadro. ;É na repetição que se pode ver as diferenças de cada um;, diz Lauro. ;A gente dividiu a tela em vários setores e no início foi fácil por causa do espaço. Mas quando o espaço foi reduzindo a gente teve dificuldade. Essa experiência de entrar no ateliê juntos aproximou o nosso fazer. Olhando o outro fazer e como ele resolvia certas questões acabamos aprendendo e hoje temos até dificuldade em saber quem pintou o quê.;

Visto de perto, o enorme mosaico traz rostos conhecidos como o de JK, Oscar Niemeyer e Bernardo Sayão, cenas da época da construção e paisagens contemporâneas, como pontes e edifícios, construídos na última década. ;Quisemos representar a diversidade cultural e regional da cidade. Até hoje se ouve falar que Brasília é uma cidade sem cara porque é formada por pessoas de todo o país, mas a gente quis mostrar que ela também tem sua cara sim e que é muito diversificada, mas também comum;, resume Netinho.

AS CARAS DE BRASÍLIA
Visitação até 28 de janeiro, de segunda a sexta, das 10h às 20h, na Casa da Cultura da América Latina (CAL, SCS Qd 4, Edifício Anápolis).

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